sábado, 17 de novembro de 2007

VAMOS SABER SE CONTARAM NOSSA HISTÓRIA CERTO - “Não corram! Vão pensar que estamos fugindo!”



POR SHARON RATIS

Maria assumiu o trono de Portugal, governando de 1777 a 1792, sucedendo ao seu pai, o rei D. José, e a trinta anos da atuação do Marquês de Pombal, a quem ela demitiu e exilou por conta das reformas que este fez em Portugal, nas quais a Igreja e a nobreza eram seus alvos favoritos.Esse seu ato quebrou o controle estatal de muitas áreas econômicas, permitindo que a Igreja e a alta nobreza retomassem seu poder sobre o Estado. Presos políticos foram perdoados, muitos nobres, reabilitado e muitos aristocratas fugidos da Revolução Francesa ganharam asilo político. Este período ficou conhecido como A Viradeira.

Antes de ser conhecida como Maria, a Louca, ela foi conhecida como Maria, a Piedosa, por causa de sua devoção religiosa e suas obras sociais.

Sua instabilidade mental começou a ser notada em 1792, obcecada que era pelos sofrimentos que seu pai estaria padecendo no Inferno por ter permitido que Pombal perseguisse os jesuítas. Maria tinha visões de seu pai, que ela descrevia como ‘um monte de carvão calcinado’. Para tratá-la, veio de Londres o médico e psiquiatra real que havia tratado Jorge III, enlouquecido em 1788.

Quando ocorreu a Independência dos Estados Unidos, em 1796, Dona Maria era dependente da economia inglesa. A situação de guerra favoreceu os cofres de Portugal, pois este era um dos poucos países envolvidos com o comércio em larga distância que não havia entrado em guerra. Foi nesta época que Dona Maria acabou com várias companhias estabelecidas pelo Marquês de Pombal, preocupada que estava em recuperar as rédeas da economia colonial e com a idéia de desenvolver o mercantilismo no Brasil.

De nada adiantou para Dona Maria os “remédios evacuantes” receitados pelo dr. Willis. A morte de seu marido, Pedro III, e do príncipe herdeiro, José, Duque de Bragança, mais a Revolução Francesa e a morte de Luís XVI, rei da França, na guilhotina, fez seu estado mental se agravar ainda mais. Seu filho, João, o príncipe regente, assumiu o trono em 1799, como D. João VI. E, dependentes que eram da economia inglesa, D. João achou melhor não entrar na briga entre a Inglaterra e a França, recusando-se a cumprir o Bloqueio Naval às Ilhas Britânicas.

Com medo de retaliação, a família real resolveu abandonar o país, fugindo vergonhosamente. Os nobres corriam desesperados pelas ruas de Portugal enquanto o povo português reclamava o abandono e, Dona Maria, agora, “a Louca”, pedia que todos caminhassem mais devagar, pois os franceses podiam pensar que estavam fugindo. Vieram para o Brasil em navios protegidos pela Inglaterra, em 13 de novembro de 1807, antes de sofrerem a invasão da coligação franco-espanhola do Marechal Junot que, logo depois, seria nomeado governador de Portugal.

Na viagem, D. João acabou assinando alguns tratados comerciais que favoreciam a Inglaterra e, logo depois de se instalarem em Salvador, D. João abriu os portos às nações amigas, pondo fim ao Pacto Colonial e dando ao Brasil o direito de comercializar com outros países – amigos da Inglaterra, claro. Isso fez que Portugal perdesse o domínio sobre o comércio brasileiro. Em 1810, assinaram o Tratado de Comércio e Navegação, estabelecendo os impostos que os produtos ingleses pagariam para entrar no Brasil, os mais baixos de todos, mais até que os impostos portugueses.
Em agosto de 1808, teve início a Guerra Peninsular. Nos dois anos seguintes, as forças luso-britânicas lutaram contra Napoleão, que só seria derrotado em 1815. No Brasil, para dar moradia a alta nobreza, D. João os mandava escolher as casas que quisessem, marcava-as com as iniciais P.R. (Príncipe Regente) e dava aos moradores um período mínimo para saírem. Os moradores diziam que P.R., na verdade, eram as iniciais de “Ponha-se na Rua”. Resolvido o problema habitacional, D. João tratou de pôr os nobres para trabalhar. Criou vários ministérios, o Banco do Brasil, a Casa da Moeda, a Imprensa Real, as Escolas de Medicina, a Academia Real de Belas Artes, promovendo, enfim, um desenvolvimento cultural no país.

Em 1815, Napoleão foi derrotado. No ano seguinte, já vivendo internada no Convento das Carmelitas, no Rio de Janeiro, Dona Maria, a Louca, morre. Seu corpo foi levado para Lisboa e jaz numa igreja que ela mesma mandou construir, em agradecimento a uma promessa para ter um filho homem que lhe herdasse o trono. Seu filho, José, morreu de varíola dois anos antes de A Basílica da Estrela ficar pronta.

Está, pois, explicado, porque o Brasil é assim.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

VIRGENS E OUTROS HERÓIS


OU ESTE ?

A colonização do Brasil tinha os seus desenredos, degredados, cristãos novos e prostitutas, vinham em levas para compor o que se convencionou chamar de ocupação do litoral. É interessante acompanhar a saga das "alminhas órfãs" trazidas ao Brasil. Na verdade, levas de jovens prostitutas foram entregues a própria sorte no Brasil. Essa história é magistralmente contada em "Desmundo" (Cia das Letras) de autoria de Ana Miranda. Através da narrativa de Oribela, o leitor ingressa em formas de ação e de pensamento da época, deparando-se com aspectos tais como existência feminina, religiosidade, nova terra, amor e sexualidade através do pensamento da personagem que é pontilhado de crenças, medos e questionamentos diante do mundo/desmundo que a ela se apresenta.

Outros de nossos heróis foram de tal forma cristianizados que seu aspecto, nas mãos de nossos ilustradores e pintores foi se alterando. Em Tiradentes temos o melhor exemplo. A começar que o historiador inglês Kenneth Maxwell, em "A devassa da devassa" (Terra e Paz) diz que "a conspiração dos mineiros era, basicamente, um movimento de oligarquias, no interesse da oligarquia, sendo o nome do povo invocado apenas como justificativa", e que objetivava, não a independência do Brasil, mas a de Minas Gerais." Os estudos apresentam um Tiradentes sem barba e nunca o líder que foi apresentado e segundo o autor Joaquim José da Silva Xavier seria apenas e tão somente um possível "bode expiatório" da conspiração. Botando mais "lenha na fogueira" encontramos um artigo do historiador Marcos Antonio Correa (publicado no Jornal Folha de São Paulo) onde defende que Tiradentes não morreu enforcado em 21 de abril de 1792, como conta a Historia Oficial.

Fundamenta sua suspeita com uma lista de presença da Assembléia Nacional francesa em 1793, onde consta a assinatura de um tal de Joaquim José da Silva Xavier. Um estudo grafotécnico permitiu-lhe concluir que se tratava da assinatura de Tiradentes. Ainda segundo ele um ladrão morreu no lugar de Tiradentes, em troca de ajuda financeira à sua família, oferecida pela maçonaria. E mais, que testemunhas da morte de Tiradentes surpreenderam-se porque o executado aparentava ter menos de 45 anos. Segundo o historiador Tiradentes teria sido salvo pelo poeta Cruz e Souza, maçom, amigo dos inconfidentes e um dos juízes da Devassa. Salvo da forca foi embarcado incógnito para Lisboa em agosto de 1792.

Mas ainda vale a lavra da SENTENÇA DE CONDENAÇÃO de 18 de abril de 1792.- "...Mostra-se que entre os chefes, e cabeças da Conjuração o primeiro que suscitou as idéias de república foi o Réu Joaquim José da Silva Xavier por alcunha o Tiradentes, Alferes que foi da Cavallaria paga da Capitania de Minas, o qual a muito tempo, que tinha concebido o abominável intento de conduzir os povos daquella Capitania a uma rebelião; (...)Portanto condenam ao Réu Joaquim José da Silva Xavier por alcunha o Tiradentes Alferes que foi da tropa paga da Capitania de Minas a que com baraço e pregão seja conduzido pelas ruas publicas ao lugar da forca e nella morra morte natural para sempre, e que depois de morto lhe seja cortada a cabeça e levada a Villa Rica aonde em lugar mais publico della será pregada, em um poste alto até que o tempo a consuma, e o seu corpo será dividido em quatro quartos, e pregados em postes pelo caminho de Minas no sitio da Varginha e das Sebolas aonde o Réu teve as suas infames práticas e os mais nos sitios (sic) de maiores povoações até que o tempo também os consuma; declaram o Réu infame, e seus filhos e netos tendo-os, e os seus bens applicam para o Fisco e Câmara Real, e a casa em que vivia em Villa Rica será arrasada e salgada, para que nunca mais no chão se edifique..."

Em tempo, na mesma sentença lê-se que -"... Mostra-se mais que este abominável Réu ideo a forma da bandeira que ia ter a república que devia constar de três triângulos com allusão as três pessoas da Santíssima Trindade o que confessa a folhas 12 verso do appenso n. 1 ainda que contra este voto prevaleceu o do Réu Alvarenga que se lembrou de outra mais allusiva a liberdade que foi geralmente approvada pelos conjurados;" Na primeira edição de sua revista "Nossa História" da Biblioteca Nacional encontramos na sessão Almanaque a nota "Erro de Tradução" - "...na verdade a tradução do lema libertas quae sera tamem, famoso por figurar na bandeira dos inconfidentes,e hoje na bandeira Minas Gerais, está errada. A expressão foi tirada de um poema de Virgílio, que diz: ' a liberdade, ainda que tarde,apoderou-se, porém, do inerte'. Fora desse contexto, não faz muito sentido. "Liberdade ainda que tardia", em latim, seria apenas libertas quae sera,enquanto que libertas quae sera tamen, numa tradução literal, significa 'a liberdade que tardia, porém'".

UM TAL DE JOÃO FERNANDES VIEIRA



João Fernandes Vieira, personagem controversa por suas posturas políticas, , merece mais um verso de nossa canção - "Quem foi o herói que era fidalgo e nobre?/ foi o varão de uma rameira pobre". Escrevem os livros que "João Fernandes Vieira, herói brasileiro e um dos chefes da Insurreição Pernambucana, que nasceu em Funchal, ilha da Madeira no ano de 1613 e falecido em Recife no ano de 1681, era filho do fidalgo Francisco d'Ornelas Muniz e de uma mulher de condição humilde". Essa mulher não era outra que "Maria Bem Feitinha" sabidamente ex-cortesã na Madeira. Se por um lado era essa a sua origem, por outro era o "herói" e não apenas um comerciante português, que terminaria como líder da luta contra os holandeses (1645) em Pernambuco. Voluntário nos primeiros dias da invasão holandesa participou da defesa do forte de São Jorge, porém com o estabelecimento de um governo holandês na região (1635), entrou em "entendimentos" com os novos governantes e tornou-se um dos homens mais ricos e poderosos da capitania. Mais tarde juntando-se a insatisfação popular contra os invasores, comandou a primeira fase da insurreição pernambucana (1645-1648), revelando-se chefe militar dos mais valorosos, primeiro em Tabocas e depois, reunido a Vidal de Negreiros, na Casa Forte. Destacou-se nas duas batalhas de Guararapes (1648/1649) e terminada a guerra, foi nomeado governador da Paraíba (1655-1657), e capitão-general de Angola (1658-1661). Nomeado responsável pelas fortificações do Nordeste (1672), não mais saiu de Olinda.

CONHECENDO OS HERÓIS DE PERTO



Além dos tabus relacionados é interessante darmos um mergulho nessa nossa história, a do Brasil. Vitimada por falta de verbas para pesquisas, arquivos devastados, e depois pasteurizada em dois períodos recentes (primeiramente, por Getulio Vargas, seu DIP e a reforma curricular e depois com a Ditadura Militar, criadora da cadeira de Educação, Moral e Cívica - mais tarde emblematicamente transformada em estudos da Organização Social e Política Brasileira e que ganhava estofo nas faculdades como Estudo dos Problemas Brasileiros) com métodos de mitificação e nacionalismo verdadeiramente deploráveis. Se por um lado mitificamos posturas heróicas que se transformam em ícones para idólatras acabamos por evitar tocar em tabus da história, e como Maria Luiza Tucci Carneiro escreve "deixar cair no esquecimento ou postergar para o futuro são também práticas conhecidas dos brasileiros anestesiados pelas versões oficiais da história". Felizmente isso está mudando e as prateleiras das livrarias se enchem de livros que nos ajudam a repensar nosso passado.



Nossa história começa confusa com a presença de Vicente Pinzón. A cidade de Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco, e a cidade de Fortaleza, no Ceará, disputam o "privilégio" de ter sido o primeiro lugar onde desembarcou um europeu, e portanto, um lugar de descobrimento. Seriam ali os lugares onde o Brasil teria sido descoberto. Mais de dois meses antes de Pedro Álvares Cabral, o navegador espanhol Vicente Pinzón teria aportado suas caravelas em uma dessas cidades. E para complicar ainda um pouco mais no livro A construção do Brasil (1998, Edições Cosmos), o historiador português Jorge Couto relata que o navegador português Duarte Pacheco aqui esteve entre novembro e dezembro de 1498, portanto, mais de dois anos antes de Cabral, mais de um ano antes de Vicente Pinzón, fortalecendo assim a idéia, de que a viagem de Cabral foi intencional e a descoberta não um acaso, e sim uma premeditação. Outra confusão que surgiu na época das comemorações dos 500 anos foi a da primeira cidade brasileira. Neste suplemento publicamos a história da cidade de São Vicente que "da capitania hereditária de São Vicente, hoje, no estado de São Paulo, é uma das cidades que reivindicam para si o título de primeira cidade do Brasil, contrariando os humores de Porto Seguro, Bahia, por exemplo. Picuinhas históricas à parte, esta cidade que tem como dístico o de Céllula Mater da Nacionalidade e, segundo o historiador Francisco Martins dos Santos, já tinha seu nome assinalado em mapas como ilha, porto e povoado desde 1502, onde Eugênio de Castro ao referir-se à expedição de Martim Afonso dizia que "o litoral atlântico que se desenvolve no quadrante sudoeste, entre as ilhas de Santo Amaro e do Bom Abrigo - ou o "Portus de São Vicenzo" e o "Rio de Cananor" é o mais remoto cenário geográfico da civilização européia na terra paulista " e constando ainda nas cartas de 1503, 1506 e 1508 ."

Mas é lá que nos deparamos com as dificuldades dos historiadores, pois a "maioria dos documentos que existem sobre o passado da vila de São Vicente e depois cidade de São Vicente datam de um período após 1796. Após a fundação da vila, criou-se um arquivo, que durou pouco, pois em 1536 um pirata chamado Mosquera atacou e saqueou a vila e assim levou o Livro do Tombo, onde todos os acontecimentos do povoado eram registrados. Em 1542, pasmem, um maremoto, destruiu por completo os cartórios paroquial e civil. O marco e o pelourinho, foram tragados pelas águas. Existem registro dos custos de suas recuperações e construções. Recomeçou-se a organizar o arquivo resgatando o que havia escapado ou ficado na memória depois dos dois desastres. Mas isso também durou pouco e, se não falha a memória de uns e outros, foi em 1591 (ou seria 1593) , o corsário Cavendish saqueou São Vicente e é claro ...queimou a documentação existente.
A população já saturada de tanta chateação resolveu então fortificar a cidade. Tudo ia bem até 1667, quando o juiz ordinário da vila, Manoel Vieira Colaça, enlouquecido por conta das toleimas da doidivanas sua amada, segundo uns ou com medo de uma CPI segundo os modernos, queimou todos os livros restaurados, incluindo aí todo e qualquer papel antigo em que pode colocar as mãos. Só escaparam os que estavam no prédio da Câmara. Um secretário da Câmara também deu sua contribuição e sem que saibamos o motivo, tocou fogo em tudo (segundo cronistas o papelório ardeu por três dias).
Mas, o brasileiro é antes de tudo um teimoso e toca a se recuperar o que dava para recuperar e "pimba", surge um trêfego ascendente do talvez real Pirotécnico Zacarias, de Murilo Rubião. Um Secretário da Casa do qual infelizmente não se sabe o nome e que era fogueteiro de profissão, na falta de algo melhor a fazer utilizou documentos para fabricar bombas e foguetes. A história então foi literalmente pelos ares..."

OUTRA VERSÃO DOS FATOS?



Vamos saber se contaram nossa história certo

Vamos rever o que existe do nosso passado

Devemos conhecer nossos heróis de perto

Tentando consertar o que aprendeu-se errado

Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro in Guararapes



Ensaio de E.Cruz e M. Ratis

Nas edições do Suplemento Cultural, procuramos além de resenhar, comentar, aprofundar discussões sobre cultura e arte, desnudarmos esse ou outro fato ou ainda um personagem que ficou esquecido ou teve sua história contada de uma outra forma. Nossa obrigação como jornalistas sempre foi mostrar os dois lados da questão, apurar os fatos, checar as fontes. È interessante aplicar essas regras à história, e por isso mesmo, temos mergulhado em nosso passado (próximo ou distantes) com a avidez de quem procura, digamos, "um furo de reportagem". Se no jornalismo escrevemos a história futura, nos sentimos também à vontade para "escarafunchar" nosso passado. Muitos historiadores mais sisudos torcem o nariz para tais incursões que resultam em ensaios, que não pretendem ser definitivos, mas sim pontos de discussão para novas pesquisas e outras, como dizem, versões dos fatos. Como na canção de Caymmi e Pinheiro, "o rei, o herói, o santo, o assassino e o mártir/foram também como nós em decadência ou glória..." e por isso mesmo não são intocáveis e não podem se transformar em tabu.
Nos deparamos com o livro "Os Tabus da História", escrito por Marc Ferro. O autor é considerado um dos grandes historiadores da atualidade, nascido em 1924, é diretor de estudos na École des Hautes Études em Sciences Sociales (EHESS), especialista em História da Rússia e pioneiro nas relações do cinema com a História. Também é co-diretor da revista "Les Annales" e foi animador do programa "História Paralela" durante 12 anos. Publicou mais de vinte obras traduzidas em dezenas de idiomas, entre elas "A História Vigiada", "Cinema e História", "História da Colonização - das Conquistas à Independência", "Nicolau II: o Último Czar", "O Filme: uma Contra-análise da Sociedade?" e "O Ocidente diante da Revolução Russa". A mais recente foi "Histoire de France".
No livro Marc Ferro convida o leitor a revirar esses tabus. Provocativamente nos incita a desvendar o que existe por trás dos fatos. Por isso mesmo é um livro diferente de outros historiadores. Editado a partir de transcrições de gravações de conferências, flui sem academicismo. O livro que chegou ao Brasil em momento tão oportuno nos faz relembrar que, assim como em todas as partes do mundo, no nosso país ainda é tabu falar de tabus. "Isto porque tal postura perturba a ordem das coisas, causando mal-estar".
Segundo Ferro, "distingue-se da auto-censura ou da censura, constantemente invocadas como explicação de todos os silêncios da História". Explica ainda que as instituições que mais escondem os segredos de seu poder, que são a Igreja, a República e o Partido."Elas também escondem algumas das marcas de suas origens, tornando-se as principais fontes de segredos e tabus.
No prefácio da edição brasileira Maria Luiza Tucci Carneiro (Universidade de São Paulo) explica que "'Tabu' tem a ver com algo perigoso de ser dito, interdito; algo que estorva, vedando o acesso a certos bens, espaços e informações. Enfim, a sustentação dos tabus expressa algo que foi 'mal-apurado'. Tanto assim que em algumas regiões brasileiras, a expressão 'tabu' é empregada para qualificar o açúcar que, por se haver queimado ao apurar ou não ser bem limpo, não coalha bem na forma, nem entesta para se lhe pôr barro e purgá-lo." E vamos nós derrocando os tabus de lá e cá , como nos versos na mesma canção "Os ídolos de barro para os insensatos/ e, aos verdadeiros homens, homens de verdade".
É ainda interessante observar o que escreve Helenice Rodrigues da Silva (Universidade Federal do Paraná) em seu ensaio "Rememoração"/comemoração: as utilizações sociais da memória. Explica que 'objeto de manipulações freqüentes (de ordem política e ideológica), a memória (individual e coletiva) passa, assim, a integrar o "território do historiador'. Inspirando-se em análises psicanalíticas (sobre o "recalque", o "luto") e filosóficas (sobre o tempo, o silêncio, etc.), o historiador do presente desempenha, nesse trabalho de resgate da memória, uma função de mediador, à imagem de um analista. Procurando adequar os relatos de memórias individuais à veracidade histórica, ele elabora uma reflexão sobre a própria temporalidade. Em outras palavras, cabe-lhe a tarefa da apreensão da relação do presente da memória (de um acontecimento) e do passado histórico (desse acontecimento), em função da concepção de um futuro desse passado. "O trabalho da história se entende como uma projeção, do nível da economia das pulsões ao nível do trabalho intelectual dessa dupla tarefa que consiste na lembrança e no esquecimento", afirma Paul Ricoeur."

VAMOS SABER SE CONTARAM NOSSA HISTÓRIA CERTO



Liberdade! Liberdade!
Abre as asas sobre nós!
Das lutas na tempestade
Dá que ouçamos tua voz!

Neste 15 de Novembro o Suplemento Cultural publica um preview de sua segunda edição e alguns ensaios adicionais que têm como tema uma reflexão sobre a forma com que contaram a nossa história. Nesta epígrafe uma lembrança do Hino adotado pela esquerda brasileira durante os anos de chumbo. Talvez fosse o momento de refletir um pouco em nome do que lutamos tanto e o pouco que conseguimos. Sem "ismos" mas com uma certa irreverência, boa leitura!
Eduardo Cruz

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

O QUE VEM POR AÍ - POETAS CHINESES CONTEMPORANEOS


UM BARCO REMENDA O MAR - DEZ POETAS CHINESES CONTEMPORANEOS
POESIA
PARA QUEM PENSA QUE POESIA CHINESA É ALGO COMO VASO DA DINASTIA MING (MESMO SENDO BELO, RARO E CARO), TEMOS AQUI A PROVA DO LÊDO ENGANO. SURPREENDA-SE COM ESSE LANÇAMENTO DA MARTINS.
"Um barco remenda o mar reúne versos de originalidade própria e também de originalidade única para olhos brasileiros, pois esta é a primeira vez que são traduzidos para nosso idioma. Mesmo que hoje dialoguem com o Ocidente por meio de 100 milhões de computadores e 350 milhões de telefones celulares, os poetas selecionados para esta mostra preservam em suas feições contemporâneas a cultura milenar chinesa. No entanto, combinam uma nova linguagem poética com a reflexão e a denúncia social numa China pós-revolucionária e de crescimento acelerado. Esta edição bilíngüe apresenta ao leitor brasileiro nomes importantes da poesia chinesa, como Bei Dao, candidato mais do que natural ao Nobel, que teve seus versos carregados em cartazes no protesto da praça da Paz Celestial em 1989: “Para não me ajoelhar na Terra/ contrastando assim com a elevação do carrasco/ que impede os ventos de liberdade”. Sobre os organizadores: Yao Feng. Pseudônimo de Yao Jingming, nascido em Pequim, 1958. Professor auxiliar do Departamento de Português da Universidade de Macau. Além de ter traduzido para o chinês dezenas de poetas portugueses, já publicou cinco obras de poesia, em chinês e em português: Nas asas do vento cego (1990), Confluência (1997), Viagem por momentos (1999), A noite deita-se comigo (2001) e Canção para longe (2006). Régis Bonvicino. Paulistano, nascido em 1955, formou-se em Direito pela Universidade de São Paulo. Foi articulista do jornal Folha de S. Paulo e de outros veículos até ingressar na magistratura em 1990. Seus três primeiros livros, Bicho papel (1975), Régis Hotel (1978) e Sósia da cópia (1983) foram por ele mesmo editados. Hoje, estão reunidos no volume Primeiro tempo (Perspectiva, 1995). Destacam-se entre suas coletâneas: Ossos de borboleta (1996), Céu-eclipse (1999), Remorso do cosmos (de ter vindo ao sol) (2003) e Página órfã (2007), esta publicada pela Martins."
Confira! ( M.R.)

O QUE VEM POR AÍ - “Essa não é uma época para amar.”



ACABAMOS DE RECEBER DA ROCCO

ABRIL EM PARIS
Autor: Michael Wallner
Páginas:192

"Escritor de renome, o austríaco Michael Wallner chega pela primeira vez às livrarias brasileiras com Abril em Paris. Aclamado pela imprensa alemã, por entrelaçar – com maestria, sobriedade, fluidez e elegância – os fios do microcosmos do amor que arrebata com o macrocosmos de um conflito de proporções globais, o romance prende o leitor às suas páginas contando a história de um relacionamento amoroso impossível e improvável, que desafia tudo aquilo que se poderia chamar de bom senso – como uma atualização do clássico Romeu e Julieta em plena Segunda Guerra Mundial, um tempo de inimizades e de lados claramente marcados.
Ambientada em 1943, na Paris ocupada pelos nazistas, a narrativa traz como protagonista Roth, um jovem cabo alemão que se alistara no exército por ser uma das poucas alternativas que tinha em tempos de guerra em seu país natal. Apolítico, ele tenta manter-se afastado o máximo possível da guerra, uma missão difícil para alguém que tem como rotina de trabalho passar os dias em salas de torturas, traduzindo para a polícia secreta as confissões dos suspeitos de participarem da Resistência parisiense.
Em suas folgas, vestindo um terno de xadrez miúdo e um chapéu de feltro, e levando um grosso livro com as fábulas de La Fontaine embaixo do braço, Roth arrisca-se, com seu completo domínio do francês, a flanar pelas ruas da “Cidade Luz” como civil – Monsieur Antoine, assistente de livreiro. Suas andanças, porém, não são fruto do mero acaso e contemplação, há um objetivo específico: encontrar Chantal, uma intrigante francesa de tantos encantos quanto mistérios. No fim da tarde, quando ele passeia pelos arrondissements, ela é tão-somente a filha do livreiro que trabalha numa barbearia varrendo o recinto; contudo, à noite, quando Roth está de uniforme e acompanhado de seus superiores, Chantal é mais uma das sedutoras dançarinas da casa noturna Turachevsky.
As evidências são cristalinas, mas, quando o jovem tradutor consegue, afinal, juntar as peças desse quebra-cabeça, já é tarde demais: ele está irremediavelmente apaixonado por ninguém menos que uma militante da Resistência, que lança mão de todo o seu charme para conseguir informações sigilosas da polícia secreta que freqüenta o Turachevsky. Por sua vez, Chantal também demora a perceber e admitir que, na verdade, Roth significava mais do que ela gostaria.
A conflituosa situação do cabo alemão, dividido entre a obediência e o furor de uma paixão, acaba levando-o para a sala de torturas na posição de torturado. As práticas mais cruéis e as piores atrocidades lhe são infligidas e narradas pelo autor, sob o fio da navalha, com a frieza de um soco na boca do estômago. Dolorosas cicatrizes de uma experiência que ficariam marcadas para sempre no corpo e no coração de Roth.
Michael Wallner conduz, com grande destreza e estilo, uma história de amor cuja qualidade dramática iguala-se ao suspense, por vezes aflitivo, que não vai deixar o leitor abandonar o livro antes de chegar, enfim, à última página. Com diálogos envolventes e descrições sem exageros, Wallner recria, em Abril em Paris, de maneira excepcional, o clima tenso de uma guerra cujas conseqüências influenciaram todo o mundo – reservando um desfecho forte e surpreendente."

O QUE VEM POR AÍ - A HISTÓRIA DE OLGA



ACABAMOS DE RECEBER DA ROCCO

Livro: A HISTÓRIA DE OLGA

Autor: Stephanie Williams

Páginas: 360

"Em A história de Olga – Três continentes, duas guerras mundiais e uma revolução: a saga de uma mulher pela história do século XX, a jornalista Stephanie Williams remonta a história da avó materna que viveu alguns dos fatos históricos mais marcantes do século XX. Baseada em uma pesquisa que se estendeu por mais de uma década, a autora reproduz, episódio por episódio, o curso da vida de Olga Edney.
Nascida Olga Yunter, no ano 1900, em um remoto povoado ao sul da Sibéria, Olgusha, como era chamada pelo pai, teve uma infância feliz. Ela passava seus dias no encalço dos quatro irmãos mais velhos, acompanhava as grandes festas da família, era envolvida nas crendices da ama Filipovna e via o pai ir e vir em excursões pelos confins da Rússia. Enquanto isso, seguia estudando, planejando inscrever-se na Universidade de São Petersburgo, como fez a irmã Lydia.
Os sonhos de Olga começaram a ser ameaçados na adolescência, por volta de 1917, com a Revolução de Outubro. Ainda estudante, ela ajudou os irmãos a defender a região onde moravam e, sem perceber, virou também uma contraventora diante do partido bolchevique de Lenin. Com a cabeça a prêmio, ela foi orientada pelo pai a mudar-se para Vladivostok, onde poderia ingressar na universidade e estaria mais protegida. Fugiu com apenas algumas poucas roupas e pedras preciosas.
O tempo de fartura havia ficado definitivamente para trás e a situação piorou ainda mais quando Vladivostok virou o próximo destino dos vermelhos, como eram chamados os comunistas. Quando isso aconteceu, Olga, junto com a ama Filipovna, já tinha fugido novamente para o norte da China. Nunca mais veria sua família. Depois de um longo período de dificuldades em Tientsin, Olga conheceu Fred Edney. Britânico, bonito e bem-humorado, ele era funcionário de uma empresa de tabaco. Casaram-se em 1923.
Nesse mesmo período, enquanto seguiam os confrontos na Rússia e Olga não tinha notícias da família, na Alemanha, Hitler ganhava cada vez mais força. Apesar do prenúncio de uma nova guerra mundial e da desavença entre chineses e japoneses, por alguns anos, Olga teve tranqüilidade. Fred estava bem colocado, ganhava bem e eles haviam tido a primeira filha, Irina. Olga organizava festas, tinha conforto e fazia o trabalho comunitário que tanto gostava.
A vida ordenada em Tientsin, porém, estava prestes a passar por mais uma transformação. E Olga, por novas provações. Com base em documentos, relatos de parentes e conhecidos, a autora reconstitui também os eventos que balançaram a vida de Olga durante a Segunda Guerra Mundial e anos seguintes. Ao longo da pesquisa, Stephanie conhece descendentes dos amigos da avó e até mesmo primos de segundo e terceiro graus.
A curiosidade sobre a vida da avó russa foi despertada por frases soltas, histórias que não faziam muito sentido. A avó, a quem visitava de tempos em tempos na Inglaterra, não revelava tudo facilmente, mas deixava escapar algumas pistas e mostrava fotos intrigantes. Stephanie gastou 10 anos reunindo cartas, diários, fotografias e documentos oficiais para escrever a impressionante história da avó, que permeou acontecimentos marcantes do século XX. "

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Preparando-se para as férias


Em lançamento da Bertrand Brasil, chega às livrarias o novo livro de Eileen Goudge -
HONRA ACIMA DE TUDO

Gênero : Ficção Estrangeira - Romance Páginas : 546

Honra Acima de Tudo, apresenta duas mulheres extraordinárias, ligadas pelo passado, cada uma vivendo sua própria encruzilhada: a luta entre o peso da consciência e um segundo amor que ronda suas vidas. Grace é uma escritora que faz parte de uma tradicional família do sul dos EUA, filha de um poderoso senador pelo Estado de Nova York. Nola, por outro lado, tem origem humilde: nasceu em uma família afro-descendente e se criou em bairros pobres de Washington, determinada a alcançar sucesso em sua carreira de arquitetura. Mas um terrível segredo une essa relação e domina suas vidas. Elas descobrem que a confiança é uma aposta perigosa, que o amor é um risco desesperado e que a teia do destino é implacável e inevitável.

domingo, 11 de novembro de 2007

O QUE VEM POR AÍ - SOBRE A BELEZA



SOBRE A BELEZA
Zadie Smith

Howard Belsey é inglês, branco, professor de história da arte, e vive há anos em Wellington, cidade universitária da costa leste dos Estados Unidos. É um liberal radical, especialista em defender as cotas universitárias e desmascarar os mitos de beleza e gênio artístico que nos enganam e oprimem. É casado com Kiki, uma enfermeira negra americana, e tem três filhos: Jerome, Zora e Levi.A vida dos Belseys se complica quando Jerome vai para a Inglaterra fazer um estágio com Monty Kipps, negro, professor ultraconservador e maior inimigo de Howard. Jerome se apaixona pela filha de Monty, Victoria. O caso é dissolvido, mas pouco tempo depois toda a família Kipps se muda para Wellington. Quando as vidas dessas duas famílias se entrelaçam, uma série de embates acadêmicos, relações extraconjugais e choques entre identidades culturais forçam os Belseys e os Kipps a reverem suas convicções teóricas e o lugar da beleza e do amor em sua vida.Com um olhar que penetra fundo nas sutilezas da vida familiar e com um talento narrativo extraordinário, Zadie Smith leva cada um de seus personagens a confrontar suas escolhas, crenças e identidades, mostrando a facilidade com que as certezas podem se tornar ilusões.

"Maravilhosamente divertido. Uma romancista extraordinária que compreende a fundo tanto as coisas do intelecto quanto as do amor." - Observer
"Magnífico. Admiravelmente cativante e meticuloso. Uma daquelas raridades: um romance tão tocante quanto engraçado." - New York Times
"De um encanto e espirituosidade excepcionais. Faz com que a vida contemporânea pareça estranha e poética." - Sunday Telegraph
"Uma reformulação deliciosamente divertida do Howard's End, de E. M. Forster, transposta para um campus da Nova Inglaterra e preenchida com humor, generosidade e brilho contemporâneo." - Daily Telegraph
Lançamento da Cia das Letras

A história de uma mulher que desafiou o islã



ACABA DE SER LANÇADO PELA CIA DAS LETRAS E GARANTO QUE É QUASE IMPOSSÍVEL PARAR DE LER ESTA HISTÓRIA REAL. Myrtha Ratis


INFIEL- A história de uma mulher que desafiou o islãAyaan

de Hirsi Ali
Tradução Luiz Antônio de Araújo
Capa Raul Loureiro
Páginas - 512


"Em novembro de 2004, o cineasta Theo van Gogh foi morto a tiros em Amsterdã por um marroquino, que em seguida o degolou e lhe cravou no peito uma carta em que anunciava sua próxima vítima: Ayaan Hirsi Ali, que fizera ao lado de Theo o filme Submissão, sobre a situação da mulher muçulmana. E assim essa jovem exilada somali, eleita deputada do parlamento holandês e conhecida na Holanda por sua luta pelos direitos da mulher muçulmana e por suas críticas ao fundamentalismo islâmico, tornou-se famosa mundialmente. No ano seguinte, a revista Time a incluiu entre as cem pessoas mais influentes do mundo. Como foi possível para uma mulher nascida em um dos países mais miseráveis e dilacerados da África chegar a essa notoriedade no Ocidente? Em Infiel, sua autobiografia precoce, Ayaan, aos 37 anos, narra a impressionante trajetória de sua vida, desde a infância tradicional muçulmana na Somália, até o despertar intelectual na Holanda e a existência cercada de guarda-costas no Ocidente. É uma vida de horrores, marcada pela circuncisão feminina aos cinco anos de idade, surras freqüentes e brutais da mãe, e um espancamento por um pregador do Alcorão que lhe causou uma fratura do crânio. É também uma vida de exílios, pois seu pai, quase sempre ausente, era um importante opositor da ditadura de Siad Barré: a família fugiu para a Arábia Saudita, depois Etiópia, e fixou-se finalmente no Quênia. Obrigada a freqüentar escolas em muitas línguas diferentes e a conviver com costumes que iam do rigor muçulmano da Arábia (onde as mulheres não saíam à rua sem a companhia de um homem) à mistura cultural do Quênia, a adolescente Ayaan chegou a aderir ao fundamentalismo islâmico como forma de manter sua identidade. Mas a guerra fratricida entre os clãs da Somália e a perspectiva de ser obrigada a casar com um desconhecido escolhido por seu pai, conforme uma tradição que ela questionava, mudaram sua vida e ela acabou fugindo e se exilando na Holanda. Ayaan descobre então os valores ocidentais iluministas da liberdade, igualdade e democracia liberal, e passa a adotar uma visão cada vez mais crítica do islamismo ortodoxo, concentrando-se especialmente na situação de opressão e violência contra a mulher na sociedade muçulmana.


"Infiel mostra que uma mulher decidida pode mudar muito mais do que sua própria história." - Christopher Hitchens, Sunday Times
"Este livro é mais do que uma autobiografia comum: descreve uma jornada intelectual incomparável, que parte dos costumes tribais de uma infância na Somália, passa pelo fundamentalismo severo da Arábia Saudita e desemboca no Ocidente contemporâneo. Ao longo do caminho, Hirsi Ali exibe o seu maior dom: o talento de relembrar, descrever e analisar com honestidade o estado preciso de seus sentimentos em cada estágio da jornada." - Anna Applebaum, Washington Post

CIDADE DE DEUS - EDIÇÃO COMEMORATIVA - 10 ANOS (1997-2007)



O morro, a favela, a criminalidade presente, volta a ser fenômeno pop, acima do caráter de renflexão que possa ter qualquer produtor. Se é assim com Tropa de Elite, assim foi com Rio 40 Graus, e também com Cidade de Deus. Nesta comemoração de dez anos de lançamento do livro, é mais que oportuno ler ou reler esta edição revista e ampliada que a Cia das Letras está lançando.
"Romance de estréia de Paulo Lins, Cidade de Deus foi publicado em 1997. Saudado pela crítica como uma das maiores obras da literatura brasileira contemporânea, o livro acompanha as transformações sociais por que passou o bairro carioca de Cidade de Deus - modelo do que aconteceu em todo o país. Quando, nos anos 90, o tráfico de drogas substitui a pequena criminalidade da década de 60, a violência se impõe e a guerra começa. Para redefinir a situação do lugar onde cresceu, Lins usa o termo "neofavela", em oposição à favela tradicional, aquela das rodas de samba e da malandragem romântica.Cidade de Deus é baseado em fatos reais. Grande parte do material utilizado para escrevê-lo foi coletado durante os oito anos (entre 1986 e 1993) em que o autor trabalhou como assessor de pesquisas antropológicas desenvolvidas para os projetos "Crime e criminalidade no Rio de Janeiro" e "Justiça e classes populares", sob a coordenação de Alba Zaluar. Para comemorar os dez anos de publicação do livro, a Companhia das Letras preparou esta edição com o texto original de Cidade de Deus e incluiu uma fortuna crítica com ensaios de Roberto Schwarz, Vilma Arêas e Eduardo de Assis Duarte.Cidade de Deus teve os direitos de publicação vendidos para quinze países. Em 2002 foi adaptado para o cinema por Fernando Meirelles e imediatamente tornou-se um marco na cinematografia brasileira e internacional (o filme foi incluído na seleção oficial do Festival de Cannes)."
"O interesse explosivo do assunto, o tamanho da empresa, a sua dificuldade, o ponto de vista interno e diferente, tudo contribuiu para a aventura artística fora do comum." - Roberto Schwarz
"Vinte anos de vida numa favela narrados por dentro. Um verdadeiro fenômeno." - El País, Espanha