Quilombolas é designação comum aos escravos refugiados em quilombos, ou descendentes de escravos negros cujos antepassados no período da escravidão fugiram dos engenhos de cana-de-açúcar, fazendas e pequenas propriedades onde executavam diversos trabalhos braçais para formar pequenos vilarejos chamados de quilombos. Mais de duas mil comunidades quilombolas espalhadas pelo território brasileiro mantêm-se vivas e atuantes, lutando pelo direito de propriedade de suas terras consagrado pela Constituição Federal desde 1988."Local isolado, formado por escravos negros fugidos... Esta talvez seja a primeira idéia que vem à mente quando se pensa em quilombo. Se pedirem um exemplo, o Quilombo de Palmares, com seu herói Zumbi será certamente a referência mais imediata.
Essa noção remete-nos a um passado remoto de nossa História, ligado exclusivamente ao período no qual houve escravidão no País. Quilombo seria, pois, uma forma de se rebelar contra esse sistema, seria onde os negros iriam se esconder e se isolar do restante da população.
Consagrada pela “História oficial”, essa visão ainda permanece arraigada no senso comum. Por isso o espanto quando se fala sobre comunidades quilombolas presentes e atuantes nos dias de hoje, passados mais de cem anos do fim do sistema escravocrata.
Foi principalmente com a Constituição Federal de 1988 que a questão quilombola entrou na agenda das políticas públicas. Fruto da mobilização do movimento negro, o Artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) diz que:
“Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os respectivos títulos.”
A concretização desse direito suscitou logo de início um acalorado debate sobre o conceito de quilombo e de remanescente de quilombo. Trabalhar com uma conceituação adequada fazia-se fundamental, já que era isso o que definiria quem teria ou não o direito à propriedade da terra.
No texto constitucional, utiliza-se o termo “remanescente de quilombo”, que remete à noção de resíduo, de algo que já se foi e do qual sobraram apenas algumas lembranças. Esse termo não corresponde à maneira que os próprios grupos utilizavam para se autodenominar nem tampouco ao conceito empregado pela antropologia e pela História.
A Associação Brasileira de Antropologia (ABA), na tentativa de orientar e auxiliar a aplicação do Artigo 68 do ADCT, divulgou, em 1994, um documento elaborado pelo Grupo de Trabalho sobre Comunidades Negras Rurais em que se define o termo “remanescente de quilombo”:
“Contemporaneamente, portanto, o termo não se refere a resíduos ou resquícios arqueológicos de ocupação temporal ou de comprovação biológica. Também não se trata de grupos isolados ou de uma população estritamente homogênea. Da mesma forma nem sempre foram constituídos a partir de movimentos insurrecionais ou rebelados, mas, sobretudo, consistem em grupos que desenvolveram práticas de resistência na manutenção e reprodução de seus modos de vida característicos num determinado lugar.”
Deste modo, comunidades remanescentes de quilombo são grupos sociais cuja identidade étnica os distingue do restante da sociedade.
É importante deixar claro que, quando se fala em identidade étnica, trata-se de um processo de auto-identificação bastante dinâmico, e que não se reduz a elementos materiais ou traços biológicos distintivos, como cor da pele, por exemplo.
A identidade étnica de um grupo é a base para sua forma de organização, de sua relação com os demais grupos e de sua ação política. A maneira pela qual os grupos sociais definem a própria identidade é resultado de uma confluência de fatores, escolhidos por eles mesmos: de uma ancestralidade comum, formas de organização política e social a elementos lingüísticos e religiosos.
Esta discussão fundamentou-se também nos novos estudos históricos que reviram o período escravocrata brasileiro, constatando que os quilombos existentes nessa época não eram frutos apenas de negros rebeldes fugidos. Eram inúmeros e não necessariamente se encontravam isolados e distantes de grandes centros urbanos ou de fazendas.
Esses estudos mostraram que as comunidades de quilombo se constituíram a partir de uma grande diversidade de processos, que incluem as fugas com ocupação de terras livres e geralmente isoladas, mas também as heranças, doações, recebimentos de terras como pagamento de serviços prestados ao Estado, simples permanência nas terras que ocupavam e cultivavam no interior de grandes propriedades, bem como a compra de terras, tanto durante a vigência do sistema escravocrata quanto após sua abolição.
O que caracterizava o quilombo, portanto, não era o isolamento e a fuga e sim a resistência e a autonomia. O que define o quilombo é o movimento de transição da condição de escravo para a de camponês livre." Saiba mais em
http://www.cpisp.org.br/comunidades/O LIVROQuilombolas - tradição e cultura da Resistência
de Rafael Sanzio e André Cypriano
Genero Biografias, Diarios, Memorias & Correspondencias
Assunto Fotografia
Capa Dura
Numero de Páginas 240
A Historia do Brasil contada nos livros escolares retratada os quilombos como realidade distante e apartada do dia-a-dia dos demais brasileiros...com fotos
O livro documenta 10 comunidades quilombolas remanescentes de quilombos, divulgando amplamente suas questões sociais e culturais.
Tiragem: 10 mil exemplares.
Patrocínio: Petrobras.
A EXPOSIÇÃOExposição Quilombolas - Tradições e Cultura da Resistência
Após visitar mais de 15 cidades brasileiras, chega a São Paulo a exposição Quilombolas - Tradições e Cultura da Resistência. Na capital, a mostra itinerante de fotografia inaugurada em 10 de outubro, na estação Sé do Metrô, podendo ser visitada até dia 30 do mesmo mês. Ainda na cidade, a partir de 10 de novembro, o público que circula pela estação Paraíso do Metrô também poderá acompanhar as imagens do fotógrafo documentarista André Cypriano, até o final do mês.
O registro fotográfico inédito realizado por André Cypriano em negativo convencional preto-e-branco, é resultado da pesquisa de campo em 11 comunidades negras remanescentes dos quilombos no Brasil, entre elas o Quilombo Cafundó, em Sorocaba, no interior de São Paulo
A mostra pretende divulgar a realidade das comunidades quilombolas brasileiras e incentivar o diálogo entre as comunidades afro-descendentes de cada região do país por onde passa, dando-lhes visibilidade e enfatizando as questões sociais, culturais, reconhecimento e participação social.
A exposição, que em São Paulo tem o patrocínio da DANA (Metrô Sé e Paraíso) e ArcelorMittal Brasil (Metrô Sé), com recursos do ProAC – Programa de Ação Cultural – Secretaria de Estado da Cultura, é composta por 27 fotografias em preto-e-branco, no formato 50 cm x 75 cm; sete fotografias panorâmicas, no formato 40 cm x 110 cm, seis fotografias em preto-e-branco 30 x 40 cm, dois mapas, cinco painéis de textos e legendas.
A mostra que se iniciou em 2006, foi concebida inicialmente para poucas cidades. No entanto, devido ao interesse de público e órgãos institucionais de cultura, a mostra já circulou por 15 cidades brasileiras e seis cidades da América Latina - Assunção, Buenos Aires, Montevidéu, La Paz, Lima e Bogotá. Nesta nova fase, estão programadas 15 exposições em todo o País, entre elas Campo Grande (01/12), e Porto Alegre (05/12).
A curadoria da exposição é de Denise Carvalho, produtora cultural e diretora da Aori Produções Culturais, empresa realizadora do projeto. O material original faz parte do livro Quilombolas - Tradições e cultura da resistência, com fotografias de André Cypriano e pesquisa de Rafael Sanzio Araújo dos Anjos.
SERVIÇO: Exposição Quilombolas - Tradições e Cultura da Resistência Local: Estação Sé do Metrô Praça da Sé S/N - Centro São Paulo - SP Visitação: 10 a 30 de outubro de 2009 Diariamente, no horário de funcionamento do Metrô
Exposição Estação Paraíso do Metrô 10 a 30 de novembro de 2009 Diariamente, no horário de funcionamento do Metrô Realização: Aori Produções Culturais www.aori.com.br Patrocínio: ArcelorMittal Dana Apoio Institucional: Secretaria de Estado da Cultura - PROAC Companhia do Metropolitano de São Paulo - Metrô Apoio Cultural: Mina CulturalUM LANÇAMENTO E REALIZAÇÃO