Casais Monteiro
Uma antologia
de Rui Moreira Leite (Organizador)
Formato: 16 x 23
Páginas: 346
Edição: 1ª
Ano: 2012
Conhecido dos brasileiros em especial por seus ensaios dedicados a Fernando Pessoa e por sua extensa colaboração com o Suplemento Literário do jornal O Estado de S. Paulo, o português Adolfo Casais Monteiro (1908-1972) deixou larga obra crítica e ensaística, cujos vários aspectos esta antologia procura contemplar.
Cinema, teatro, literatura e sociologia são alguns dos temas que ele abordou em seus artigos, cartas, palestras e intervenções em eventos culturais em Portugal e no Brasil, onde ele se estabeleceu em 1954, quando já era reconhecido em seu país natal, inclusive como editor.
O núcleo deste volume, aliás, compõe-se de participações do intelectual em congressos realizados no Brasil entre 1954 e 1961. Mas a antologia registra ainda o intercâmbio do ensaísta com escritores brasileiros, por meio de uma seleção de sua correspondência, apresenta sua trajetória desde a formação na Faculdade de Letras do Porto, inclui um conjunto de poemas e reproduz um trecho do romance Adolescentes, o mesmo que ele publicou na revista literária Presença, de Coimbra, que dirigiu nos anos 1930.
Adolfo Vítor Casais Monteiro (Porto, 4 de Julho de 1908 - São Paulo, 23 de Julho/24 de Julho de 1972) foi um poeta, crítico e novelista português.
Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas na Universidade do Porto (Faculdade de Letras), onde foi colega de Agostinho da Silva e Delfim Santos, tendo-se formado em 1933. Foi também nessa cidade que iniciou como professor na Liceu Rodrigues de Freitas, até ao momento em que foi afastado da carreira docente, por motivos políticos, em 1937. Viria a exilar-se no Brasil em 1954, pelas mesmas razões.
Após o afastamento de Miguel Torga, Branquinho da Fonseca e Edmundo de Bettencourt, em 1930, Adolfo Casais Monteiro foi director da revista literária coimbrã Presença, juntamente com José Régio e João Gaspar Simões. A revista viria a extinguir-se em 1940, tendo provavelmente contribuído para o seu encerramento as opções políticas de Casais Monteiro. Foi preso diversas vezes, devido às suas opiniões políticas, adversas à ditadura de Salazar e dirigiu, sob anonimato, o semanário Mundo Literário em 1936 e 1937. Expulso do ensino pelo regime, Casais Monteiro fixa-se em Lisboa, vivendo da literatura como autor, tradutor e editor. Tal como Agostinho da Silva ou Jorge de Sena, acabaria por partir para o exílio no Brasil, dado o seu estatuto de opositor ao regime de Salazar, o qual não se adequavam à sua maneira de ser.[1]
Tendo participado nas comemorações do 4º centenário de Cidade de São Paulo, em 1954, Adolfo Casais Monteiro fixou-se no Brasil, leccionado desde então Literatura Portuguesa em diversas universidades brasileiras, designadamente na Universidade da Bahia (Salvador), até se fixar em 1962 na Universidade Estadual Paulista (UNESP), Campus de Araraquara-SP. Escreveu por essa altura vários ensaios, ao mesmo tempo que escrevia, como crítico, para vários jornais brasileiros, tendo deixado contributos para o estudo de Fernando Pessoa e do grupo da "Presença".
Entre os seus trabalhos de tradução conta-se A Germânia, de Tácito, publicado em 1941. O seu único romance, Adolescentes, foi publicado em 1945.
A sua obra poética, iniciada em 1929 com "Confusão", foi influenciada pelo primeiro modernismo português, aproximando-se estilisticamente do esteticismo de André Gide.[2] As suas críticas ao concretismo baseavam-se na ideia de que esta corrente estética promovia a impessoalidade, partindo da "mais pura das abstracções" na construção de uma "uma linguagem nova ao serviço de nada, uma pura linguagem, uma invenção de objectos - em resumo: um lindo brinquedo". Enquanto alguns autores o descrevem como independente do Surrealismo outros acentuam a influência que esta corrente estética teve no autor, como se pode verificar nos seus ensaios sobre autores como Jules Supervielle, Henri Michaux e Antonin Artaud (designando o último como "presença insustentável). Muita da sua obra poética dedica-se ao período histórico específico por ele vivido, como acontece no poema "Europa", de 1945, que foi lido pelo seu amigo e comanheiro no Mundo Literário António Pedro aos microfones da BBC de Londres. Casou com Maria Alice Pereira Gomes, também Escritora, e irmã de Soeiro Pereira Gomes, de quem teve um filho.
BIBLIOGRAFIA
Poesia
Confusão - 1929
Correspondência de Família (coletânea poética em colaboração com Ribeiro Couto) - 1933
Poemas do Tempo Incerto - 1934
Sempre e Sem Fim - 1937
Versos (reúne os 3 livros anteriores) - 1944
Canto da Nossa Agonia - 1942
Noite Aberta aos Quatro Ventos - 1943
Europa - 1946
Simples Canções da Terra - 1949
Voo sem Pássaro Dentro - 1954
Poesias Escolhidas - 1960
Poesias Completas - 1969
Novela
Adolescentes - 1945
Ensaio
Considerações Pessoais - 1935
A Poesia de Ribeiro Couto - 1935
A Poesia de Jules Supervielle - 1938
Sobre o Romance Contemporâneo - 1940
De Pés Fincados na Terra - 1941
Manuel Bandeira - 1944
O Romance e os seus Problemas - 1950
Fernando Pessoa e a Crítica - 1952
Fernando Pessoa, o Insincero Verídico - 1954
Problemas da Crítica de Arte (A Crítica e a Arte Moderna) - 1956
Estudos sobre a Poesia de Fernando Pessoa - 1958
A Poesia da Presença (com uma antologia) - 1959
Clareza e Mistério da Crítica - 1961
O Romance (Teoria e Crítica) - 1964
A Palavra Essencial - 1965
A Literatura Popular em Verso no Brasil - 1965
Estrutura e Autenticidade como Problemas da Teoria e da Crítica Literárias - 1968
O País do Absurdo - 1974
O que foi e o que não foi o Movimento da «Presença» - 1995
Melancolia do Progresso - 2003
Epistolografia
Cartas Inéditas de António Nobre (com introd. e notas de ACM) - 1933
Cartas em Família - 2008
Cartas a Sua Mãe - 2008
UM LANÇAMENTO