Quatro exposições fotográficas da Bienal de Curitiba 2015 ocupam a partir do próximo domingo (4) o Museu da Fotografia Cidade de Curitiba, no Solar do Barão. As exposições “Ablepsia”, do núcleo fotográfico da APAP-PR, “Segunda Infância”, de Nicole Lima, e os trabalhos dos fotógrafos Romie Pocztaruk e Jules Spinatsch estão relacionados ao tema da atual edição da bienal, “Luz do Mundo”.
Reflexões sobre a cegueira – Com base nessa temática, os trabalhos dos fotógrafos integrantes do núcleo de fotografia da Associação Profissional dos Artistas Plásticos do Paraná (APAP-PR), fazem uma reflexão sobre a cegueira. Ablepsia é a falta ou perda de visão, “cegueira mental ou espiritual”. Considerando que a luz é condição para a existência da fotografia, os fotógrafos buscaram expressar em suas imagens um contraponto, mostrando que o excesso de luz pode gerar a cegueira.
O conjunto de imagens busca algo que normalmente não se vê e passa despercebido, busca uma realidade sensível, evidenciando contextos e visões de uma “cegueira visível” que a maioria das pessoas no seu dia-a-dia não enxerga. A exposição faz uma reflexão para aquilo que estamos olhando e o que estamos deixando de olhar.
O grupo é formado pelos artistas Aurélio Peluso, Christian Schönhofen, Daniel Rebello, Francisco Santos, Ian Lara, Lucia Biscaia, Luiz Guilherme Todeschi, Luiz Gustavo Vidal, Mathieu Bertrand, Mauricio Vieira, Regina Oleski, Sandra Carrillo e Vanessa Múrio. Para a mostra, o Núcleo de Fotografia da APAP contou com o apoio daBienal Internacional de Curitiba 2015, da Caixa dos Advogados do Paraná e da OAB Cultural.
Controle da natureza – Um dos artistas estrangeiros da Bienal, o suíço Jules Spinatsch apresenta em Curitiba imagens do seu projeto ”Snow Management”, um estudo de caso do atual turismo de inverno nos Alpes da Europa. Suas obras colocam em evidência questões sobre a obsessão humana por controle, principalmente sobre a natureza, a política, o outro e a percepção pública. As fotos têm uma abordagem documental, que oferece uma vista para o drama e poesia do real, mantendo uma distância analítica, deixando assim sua interpretação aberta ao espectador. Jules Spinatsch vive e trabalha em Zurique, e leciona na Universidade de Arte e Design de Genebra. Fotógrafo premiado, Spinatsch expôs recentemente no Museu de Arte Moderna de Nova York.
Exercício de olhar – A exposição de Romie Pocztaruk traz à tona uma constante no seu percurso: a viagem como trabalho. Amazonas, Islândia, Uruguai, Alemanha, Nova York, Bósnia, China são algum dos lugares para os quais a artista apontou sua câmara. E agora, propõe aos espectadores o exercício de olhar, olhar, olhar e de novo olhar essas e outras dezenas de imagens. No entanto, ao ver as imagens, salvo poucas exceções, não é possível dizer precisamente em qual país cada uma delas foi feita. Os trailers estacionados estão na Islândia ou no Uruguai? Os restos de concreto tomados por vegetação são sobras de obras em Manaus ou em Sarajevo? O carro funerário está ao lado de um prédio administrativo ou do muro de Gaza ou de uma igreja em Reykjavík?
A indefinição geográfica das imagens conduz a outras reflexões. Quando se sabe em que lugar cada fotografia foi feita, contextualizam-se as imagens, atribui-se a elas uma história, um clima, uma identidade. No entanto, tudo isso logo se perde novamente, fazendo emergir do conjunto de trabalhos uma tônica dominante que revela não o específico de cada lugar, mas o comum de todos eles. Essa imprecisão dos locais nos leva à compreensão de um mundo não delimitado por fronteiras políticas, aquelas que acabam sempre, em algum momento, gerando guerras, mortes e destruição.
Romie Pocztaruk é formada em Artes Visuais e mestre em Poéticas Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Em Porto Alegre, trabalha com fotografia, video e performance. Em 2012 entrou para o programa de residência artística da Sunhoo Industrial Design Innovation Park, na China; em 2011 recebeu a Bolsa Iberê Camargo de residência no Bronx Museum, de Nova York. Participou de diversas exposições nacionais e internacionais, entre elas a 31ª Bienal Internacional de São Paulo, em 2014.
Segunda infância - A instalação proposta pela artista Nicole Lima - “Segunda infância: eu sei dizer sem pudor que o escuro me ilumina” – é composta de imaginários vivos e mortos: restos de fotografias descartadas das quais a artista se apropria para reapresentá-las destruídas ou reconstituídas conforme as instruções de seus doadores. No mesmo espaço, a artista fará uso de dispositivos sonoros: depoimentos de cegos tardios em resposta a uma única pergunta: de que imagens se lembra?
Nicole Lima é fotógrafa, artista visual, professora e pesquisadora em Artes e Linguagens Visuais. Graduada em Arquitetura e Urbanismo, pela UFPR, especialista em Design de Interiores pela Universidade Positivo e História da Arte Moderna e Contemporânea pela EMBAP, mestre em Processos Artísticos Contemporâneos pela UFSC. A artista participou do programa Bolsa Produção para Artes Visuais da Fundação Cultural de Curitiba (2008-2010). É professora de Cultura Visual, Fotografia Autoral e Pesquisa em Fotografia do Curso Superior de Fotografia no Centro Tecnológico Positivo.
Serviço:
Exposições que participam do circuito de museus da Bienal de Curitiba 2015 “Luz do Mundo”.
- “Ablepsia”, artistas do Núcleo de Fotografia da APAP.
- “Segunda infância: eu sei dizer sem pudor que o escuro me ilumina”, artista Nicole Lima.
- Exposição de fotografias de Jules Spinatch
- Exposição de fotografias de Romie Pocztaruk
Local: Museu da Fotografia Cidade de Curitiba – Solar do Barão (R. Carlos Cavalcanti, 533)
Data e horários: De 4 de outubro a 10 de dezembro de 2015. De terça a sexta-feira, das 9h às 12h e das 14h às 18h, sábados e domingos das 12h às 18h.
Entrada franca
Informações: (41) 3321-3275