Abre nos Estados Unidos Primeira Fábrica
de Laticínios Certificada como Livre de Abate
Madhava Smullen
Conheça
mais sobre esse projeto sem fins lucrativos que tem por meta
concretizar a idealização de Srila Prabhupada em relação à procedência
do leite em todos os centros Hare Krishna.
4
de janeiro de 2014. No encontro de líderes europeus no final do ano
passado, líderes da ISKCON (Sociedade Internacional para a Consciência
de Krishna) de toda a Europa discutiram um dilema comum entre os devotos
de hoje: Bebemos leite, um importante ingrediente na dieta da ISKCON,
ou o evitamos, uma vez que o leite hoje comprado apoia a indústria do
abate?
A
resposta, é claro, é bebermos leite de nossas próprias vacas
protegidas. Infelizmente, há poucas fazendas de produção de leite na
ISKCON mundial atualmente – mas há algumas. Os líderes citaram a fábrica
de manteiga e queijo de Gita Nagari, em Port Royal, Pensilvânia, por
exemplo, como um exemplo ideal para as outras comunidades da ISKCON.
Gita
Nagari, uma fazenda de 140 hectares, foi comprada pela ISKCON Nova
Iorque em 1975, seguindo a instrução de Srila Prabhupada de que todo
templo urbano deveria ter um projeto rural vinculado a ele.
Em
seu auge, cuidou e fez a ordenha de um grande rebanho de vacas pardas
suíças, mas, ao longo dos anos, os esforços decresceram. Então, em 2008,
Dhruva Dasa mudou da Cidade do Cabo, na África do Sul, para Gita Nagari
de modo a servir como presidente de templo, junto de sua esposa,
Parijata Dasi.
Eles
eram duas pessoas com as formações mais improváveis para coordenadores
de uma comunidade rural. Dhruva atuara como especialista técnico para
uma central nuclear, ao passo que Parijata fora vice-presidente de uma
organização estratégica para um negócio tecnológico.
Contudo,
desde o princípio, aderiram ao estilo de vida rural. Seu programa de
Agricultura Apoiada pela Comunidade produz pelo menos vinte diferentes
tipos de legumes e verduras e fornece quatro templos urbanos próximos e
115 famílias com produção orgânica. Ao mesmo tempo, estão revivendo as
atividades da fazenda Gita Nagari em relação aos laticínios com a nova
fábrica de manteigas e queijos da Gita Nagari.
Como
a primeira fábrica de laticínios certificada como livre de abate nos
Estados Unidos, a fábrica tem certificação B pela FDA, o órgão americano
de controle de alimentos e remédios, e tem permissão para a venda e
transporte de leite puro por parte do departamento federal de
agricultura. Isso significa que têm permissão legal para distribuir
leite para consumo público.
“Quando
chegamos aqui, começamos a ordenhar apenas duas vacas”, disse Parijata.
“Então, em março de 2013, recebemos todo fundo necessário da Krishna
Protects Cows Incorporated Trust, um grupo de devotos investidores, para
comprar um rebanho de 28 vacas leiteiras pardas suíças. Também temos 19
vacas e bois aposentados, e 14 bezerros, incluindo dez novilhos e
quatro touros”.
A
fábrica de laticínios Gita Nagari é, atualmente, única no mundo. Ela
evita práticas cruéis usadas por produtores convencionais, como corte do
chifre e do rabo, ajustando todas as suas práticas pensando no conforto
dos animais.
No
inverno, as vacas se refugiam em um celeiro aquecido estratificado com
palha dos próprios campos da Gita Nagari. Ao longo do ano, pastam em
pastos orgânicos certificados e seguem um plano nutricional baseado em
pastagem rotativa para o máximo de energia e saúde. E todos os dias
Dhruva e Parijata as observam de perto a fim de se certificarem de que
tudo está bem.
“Verificamos
se seus cascos estão saudáveis, se seus olhos estão brilhantes e
límpidos, seus narizes úmidos o bastante e se nenhum animal está
mancando ou foi ferido”, diz Parijata. “Há constante interação com as
vacas. Elas são cuidadas e amadas, e sentimos muitíssima reciprocação e
troca de afeto quando lidamos com elas”.
Ademais,
a Krishna Protects Cows Trust reservou fundos o bastante para cuidar do
rebanho existente e de quaisquer necessidades se algo der errado com o
projeto.
As vacas são ordenhadas duas vezes ao dia, às 5 horas da manhã e às 5 horas da tarde, ao pacífico som de mantras
acompanhados de instrumentos musicais. Inicialmente, quando tinham
apenas um pequeno número de vacas, Dhruva e Parijata as ordenhavam à
mão. Agora que há dezenas, eles usam o tipo mais brando de máquina de
sucção e compensam a redução de interação pessoal passando bastante
tempo de qualidade com as vacas.
As
vacas, em reciprocidade, produzem entre dois mil e duzentos e dois mil e
seiscentos litros por semana. Alguns são usados para as Deidades que
presidem Gita Nagari, Sri Sri Radha Damodara, e seus devotos. Alguns se
tornam iogurte, panir [um tipo de ricota] e queijo – um fazendeiro menonita local usa o coalho vegetariano para fazer cheddar, queijo tipo suíço, Pepper Jack e Colby.
O
restante é comprado pelos templos urbanos vizinhos exatamente dentro do
sistema concebido por Srila Prabhupada. Comunidades da ISKCON em
Washington D.C., Filadélfia, Newburgh, Towaco, Nova Jersey e Central New
Jersey compram, cada uma, quase 200 litros de leite por semana para
seus templos e membros individuais.
Esses
templos pagam $2,70 por livro pelo leite da fazenda Gita Nagari, um
preço assombroso para alguns devotos. Conduto, consideremos que o leite
orgânico de vacas de abatedouro frequentemente custa $2,15 nas lojas.
Consideremos os custos excepcionais de cuidar de dezenas de vacas por
toda a vida. E consideremos a absoluta qualidade do leite produzido por
tais vacas. Diante de tudo isso, $2,70 se revela um preço bastante
justo.
“Para
fazerem o leite que é vendido em supermercados, um caminhão-tanque vai
de fazenda em fazenda, coleta o leite e coloca tudo em um imenso
reservatório em uma fábrica de leite”, Parijata diz. “Eles, então,
esterilizam completamente o leite, pasteurizam-no, tiram todas as
gorduras e começam a colocar tudo de volta para fazer leite com um por
cento de gordura, dois por cento de gordura e ‘integral’”.
Além
disso, há a questão da vida de tortura em que vivem as vacas nas
fazendas fábricas antes de serem abatidas pelo menos quinze anos antes
de sua expectativa de vida normal, e há também os hormônios e
antibióticos que são injetados nelas e terminam no leite. Vacas de
fazendas fábricas também são submetidas a dietas horrendas de grãos
excessivos, além de receberem até mesmo fezes e partes de animais para
seu consumo.
“Nós
não forçamos nossas vacas a produzirem, e sua dieta é cuidadosamente
estabelecida e acompanhada”, diz Parijata. “Porque são bem cuidadas,
felizes e contentes, a qualidade de seu leite é mais nutritiva. Há até
casos de pessoas supostamente intolerantes a lactose que bebem nosso
leite e não têm nenhum tipo de reação com ele”.
Ela
adiciona: “A intolerância a lactose que é tão prevalente atualmente
entre as alergias não se deve ao leite em sua forma pura, integral e
original como alimento – se deve a como é manipulado e a como as vacas
são tratadas. Tentamos compartilhar com as pessoas, portanto, como nosso
leite é diferente”.
Ao
mesmo tempo, a Gita Nagari segue cuidadosamente suas leis locais em
relação ao leite, o alimento mais regulado nos Estados Unidos. A
comunidade em si usa atualmente leite integral e puro dentro da
Pensilvânia, onde semelhante leite é legal. De acordo com a lei,
entretanto, a fábrica não pode enviar leite puro para fora do estado. Os
devotos dos estados vizinhos, então, têm que ir até lá e levar o leite
consigo, de acordo com seus direitos individuais.
De
modo a poderem enviar leite a comunidades da ISKCON ao longo da Costa
Leste dos Estados Unidos no futuro, todavia, a Gita Nagari comprou um
pasteurizador, que será inspecionado pela FDA em breve e, esperam todos,
receberá certificação A.
“Também
gostaríamos de investir em um “separador de nata” a fim de que possamos
fazer nossa própria manteiga, bem como leitelho, ghi e sorvete”,
Parijata diz. Porém, ela deixa claro que ela e Dhruva planejam manter
seu rebanho manejável e pequeno em um negócio sustentável: “Não queremos
ligação com os grandes centros comerciais – tudo o que queremos é ter
um bom programa disponível para os projetos da ISKCON em estados
vizinhos poderem oferecer leite de vacas protegidas às suas Deidades e
devotos”.
Embora
vá permanecer pequena, a influência da fábrica de laticínios Gita
Nagari Creamery pode ser grande. Através dela, Dhruva e Parijata esperam
poder mostrar a outros produtores na Pensilvânia e em outros estados
que é economicamente viável produzir leite livre de abate.
Dentro
da ISKCON, aconselham que quaisquer comunidades rurais que queiram
seguir seu exemplo comecem pequenos e sistematicamente através do
investimento em um microssistema de produção de leite e ordenhando
apenas duas vacas à mão.
Para
os devotos em geral, Parijata oferece esta importante sugestão final:
“Se vocês podem obter leite de vacas protegidas, obtenham. Apoiem esses
projetos, pois a medida do sucesso das comunidades rurais está em quanto
de apoio elas recebem”.
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