Instalação  da artista plástica Gabriele Gomes consiste num caminho de renda que será  esticado sobre o lago do parque. 
  
 A  artista plástica Gabriele Gomes inaugura nesta quinta-feira (26), no Parque São  Lourenço, a instalação “O outro aquele que não eu e eu tanto”, que consiste na  elaboração de um caminho de renda sobre o lago. O caminho tem  60  metros de comprimento e foi tecido pelas rendeiras de  bilro da ilha de Florianópolis. 
 O  projeto foi aprovado no Edital de Ocupação de Espaços Expositivos da Fundação  Cultural de Curitiba, com curadoria de Daniela Vicentini e produção de Mònica  Borra. “Idealizar um  caminho de renda é uma impressionante imagem poética. Vê-lo na paisagem, com  60  metros de comprimento, uma considerável realização”, diz a  artista. Ao criar o projeto, Gabriele teve que escolher a trama da renda que  mais se adequaria ao caminho: sua qualidade plástica – com preocupações de  transparência e continuidade da trama – e a possibilidade de ser exequível a  tempo para a exposição. 
 No sul da ilha de  Florianópolis, no Ribeirão da Ilha, uma família com três rendeiras, D. Zenir e  suas filhas Rosiane e Zenilda, ofereceram a trama tramoia da renda de bilro.  Elas organizaram a confecção junto a outras mulheres:  Bela, Dorvalina, Flor, Maria, Graça, Belinha, Mariza, Dete, Mariquinha, Nair,  Pretinha, Mazinha, Daia e Terezinha. Para garantir o  prazo de entrega, outras rendeiras, do Pântano do Sul, foram solicitadas ao  trabalho. Participaram: Natalícia,  Lada, D. Maria, Pedra, Nita, D. Altiva, D.Olga e Quinha.
 As rendeiras  trabalharam de  abril a setembro na confecção das rendas de bilro, com o quadro de rosas do  ponto tramoia. Tais rendas são feitas  em almofadas.  Elas fazem quadrados de uns vinte centímetros, o quadro, a  partir de um desenho feito num papelão, o pique. Depois emendam os quadros para  fazer colchas ou outras peças. Foram feitas vinte colchas, com cento e oito  quadros cada uma.
  O projeto agiu como um fomento inédito às  rendeiras, que viram seu trabalho especialmente valorizado. Hoje em dia, poucas  mulheres podem escolher a renda como forma de sobrevivência. É uma herança  portuguesa, da Ilha dos Açores, que poucas meninas se dispõem a aprender, dado o  pouco reconhecimento. 
 A  delicada trama exige uma equipe técnica qualificada de montagem: especialidade  de Luís Octávio  Paula de Andrade, Paulo Henrique Schmidlin e Juliano Dulcio, equipe  que  trabalha também na montagem do Cirque du  Soleil. Junto com a intervenção feita na paisagem, o projeto de Gabriele  Gomes inclui um livro-obra, com fotografias que mostram intervenções feitas na  paisagem; um livro de escritos e um cartaz, que traz uma fotografia inédita de  uma ação feita em dunas, que será distribuído para divulgação e que funciona  também como um múltiplo, uma fotografia que as pessoas podem  levar.
 O  caminho de renda ficará sobre o lago até 6 de dezembro. Os livros serão expostos  em vitrines, no Centro de Criatividade do Parque São Lourenço, até fevereiro de  2010.
  
 Sobre  a artista  - Gabriele Gomes (Curitiba, 1971) expõe desde meados dos anos 1990 e tem  participado de exposições importantes como o projeto Antárctica Artes com a  Folha, Bienal do Mercosul e o Programa Rumos do Itaú Cultural. Realiza trabalhos  em meios os mais variados: pinturas, instalações, fotografias e vídeos,  geralmente registros de gestos que realiza em paisagens e em espaços urbanos.  Seu trabalho transborda sensualidade plástica, sugere imagens e sentimentos por  meio de materiais como a lã, a renda, conchas, brilhos e volumes de tinta com  cores fortes. 
  
 Serviço:
 Instalação  “O  outro aquele que não eu e eu tanto”, de  Gabriele Gomes 
 Local:  Centro de Criatividade de Curitiba – Parque São Lourenço (Rua Mateus Leme,  4.700)
 Data:  de 26 de novembro (inauguração às 17h) a 6 de dezembro de  2009
 Entrada  franca.