“O Púcaro Búlgaro” chega à capital paranaense no Teatro da CAIXA
A CAIXA Cultural Curitiba apresenta, de 10 a 12 de setembro, o consagrado diretor Aderbal Freire-Filho com a premiada peça “O Púcaro Búlgaro”. O diretor retorna ao gênero romance-em-cena com o texto de Campos de Carvalho e elenco premiado.
“O Púcaro Búlgaro” é a encenação do texto homônimo de Campos de Carvalho. A peça conta a história de Hilário, o personagem central do romance, que descobre um púcaro búlgaro numa pequena sala do Museu Histórico de Filadélfia. A partir daí, obcecado por esse fato, move mundos e fundos a fim de organizar uma expedição que pudesse comprovar ou não a existência da Bulgária (já que da existência dos púcaros ele não duvida). “O Púcaro Búlgaro intercala um humor popular e escrachado com outro sofisticado, cheio de referências cultas, mais sutil. Campos de Carvalho é mestre nisso. É um extrato de humor especialíssimo, herdeiro do humor extremado de Rabelais”, explica Aderbal.
O retorno do romance-em-cena tem uma explicação: é a preservação do texto original, principal característica do gênero. “O que faço é explorar ao máximo as possibilidades teatrais desse material literário. A razão é querer manter o sabor que as palavras e as descrições de personagens e lugares têm no original. Mas como não há um narrador em cena, cabe aos personagens fazer as narrações, inclusive sobre si próprios. Sem adaptação, obviamente o que eles dizem fica na terceira pessoa, assim como faz o Pelé”, diverte-se Aderbal. “Dessa forma, tento levar às últimas conseqüências a natureza ilusória da cena, brincando o tempo inteiro com a verdade e a mentira, com a farsa da representação”, conclui. “A literatura que eu gosto, as coisas que me atraem são levadas pela força do riso e a nobreza do humor, do riso é fundamental. Todos os romances-em-cena são muito divertidos”.
Um elenco afinado, afinado e já familiarizado com o gênero, é responsável por meia centena de personagens. Gillray Coutinho e Candido Damm já participaram de montagens anteriores. Os estreantes no gênero José Mauro Brant, Ana Barroso e Isio Ghelman, já haviam trabalhado com Aderbal em outros momentos. Todos interpretam um personagem fixo, presente ao longo da trama, além de cerca de outros dez. Os cinco atores se revezam ainda na interpretação do protagonista, o que reforça o caráter nonsense do texto. Nonsense presente também nas referências dadaístas dos cenários, figurinos e nos quase cem adereços em cena.
“O Púcaro Búlgaro” ficou conhecido como uma bem-sucedida e deliciosa viagem teatral. Obteve excelentes críticas da imprensa especializada, além de diversas indicações e prêmios tais como: Prêmio Eletrobrás/Rio/2006 e Prêmio Qualidade Brasil/SP/2007, Melhor Ator (Gillray Coutinho), Melhor Espetáculo e Melhor Diretor (Aderbal Freire-Filho) e Prêmio Contigo/2007, Melhor Espetáculo/Comédia.
Campos de Carvalho
Nascido em 1916 em Uberaba, Minas Gerais, Campos de Carvalho se formou em Direito. É autor de uma obra reduzida, em que se destacam os romances publicados entre 1956 e 1964: “A Lua vem da Ásia”, “Vaca de Nariz Sutil”, “A Chuva Imóvel” e “O Púcaro Búlgaro”. O prefácio dessa obra reunida é assinado por Jorge Amado. O escritor trabalhou no jornal O Pasquim e O Estado de São Paulo.
Os textos de Campos de Carvalho, escritos nas décadas de 50 e 60, surpreendem pelo fluxo incessante de eventos conduzidos por livre associação de ideias, o que o faz ser considerado como um escritor de filiação tardia ao movimento dadaísta. A crítica especializada o incluiu enre os dez maiores escritores brasileiros do século XX, conforme atestou Jorge Amado quando disse que o trabalho do escritor mineiro “é uma das obras maiores da literatura brasileira, que finalmente reencontra o caminho do público e do reconhecimento da crítica”.
Aderbal Freire-Filho
Essencial para a vanguarda artística desde 1972, Aderbal Freire-Filho criou a maioria dos seus espetáculos no Rio de Janeiro da época. Dirigiu espetáculos ao redor do mundo: São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Montevidéu, Buenos Aires, Amsterdam e Madri. Aderbal ganhou os prêmios Molière, Shell (em 2003 e 2004), Golfinho de Ouro, Mambembe, entre outros.
Além de diretor, Aderbal já atuou como autor nas peças “O tiro que mudou a história” (em parceria com Carlos Eduardo Novaes), “No verão de 1996...”, “Cãocoisa”, entre outras. Como diretor, tem no portfólio “Mão na Luva” (Oduvaldo Vianna Filho); “A morte de Danton” (Buchner); “As You Like It” (Shakespeare); “Turandot ou O congresso dos intelectuais” (Brecht); “Senhora dos afogados” (Nelson Rodrigues), em total de cerca de 80 montagens.
Ficha Técnica
Texto: Campos de Carvalho
Direção: Aderbal Freire-Filho
Elenco: Ana Barroso, Candido Damm, Gillray Coutinho, Isio Ghelman e José Mauro Brant
Luz: Maneco Quinderé
Fotos: Guga Melgar
Duração: 120 minutos
Serviço
Teatro: “O Púcaro Búlgaro”
Local: Teatro da CAIXA
Endereço: Rua Conselheiro Laurindo, 280, Centro – Curitiba/PR
Data: de 10 a 12 de setembro
Horários: sexta e sábado 21h e domingo 19h
Ingressos: R$20 e R$10 (meia – conforme legislação e correntista CAIXA) – Clube do Assinante da Gazeta do Povo tem 20% de desconto
Bilheteria: (41) 2118-5111 (dias de semana das 12 às 19h e sábado e domingo, das 16 às 19h. A bilheteria estará fechada nos dias 07 e 08 de setembro. Os ingressos para o espetáculo começam a ser vendidos na quinta, 02 de setembro.)
Classificação etária: Não recomendado para menores de 14 anos
Lotação máxima do teatro: 125 lugares (02 para cadeirantes)