segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Inflação volta a desacelerar e acumulado deve estabilizar nos próximos meses

ECONOMIA NACIONAL
Inflação volta a desacelerar e acumulado deve estabilizar nos próximos meses: O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou desaceleração no mês de julho, registrando alta de 0,62% contra crescimento de 0,79% no mês de junho. A queda já era esperada pelos analistas de mercado, que previam uma inflação entre 0,51% e 0,66% para este mês, e está relacionada com a redução no ritmo de elevação dos preços de grupos como transporte (de 0,70% em junho para 0,15% em julho), despesas pessoais (de 1,63% para 0,61%) e vestuário (de 0,58% para -0,31%). Em compensação, grupos como habitação (de 0,86% para 1,52%), alimentação e bebidas (de 0,63% para 0,65%) e artigos de residência (de 0,72% para 0,86%) contribuíram para manter o índice em patamar elevado, bastante superior ao 0,01% registrado em julho de 2014. Com o resultado de julho, o IPCA acumula alta de 6,85% no ano e 9,56% no acumulado de 12 meses.

Comentário: O ritmo de aumento da inflação, que foi bastante pronunciado no primeiro semestre devido aos reajustes das tarifas públicas combinados ao impacto da desvalorização cambial, deve arrefecer nos próximos meses, tanto devido ao fim do impacto altista das tarifas quanto devido ao aprofundamento da crise econômica, que reduz a demanda e pressiona os preços para baixo. Sendo assim, a partir de agosto até meados do ano que vem, é provável que ocorra uma rápida desaceleração da inflação, jogando o acumulado de 12 meses para mais próximo do teto da meta de 6,5%. O objetivo declarado do Banco Central é de que até o final de 2015 a inflação volte para o centro da meta, girando próxima de 4,5% ao ano. Devido à nova rodada de desvalorização do câmbio e a resistência para baixo da inflação no Brasil (dados os variados mecanismos de indexação que permanecem existindo na economia brasileira como herança dos tempos de hiperinflação), é possível que o país só atinja o centro da meta em 2017, mas de fato a tendência de queda da inflação nos próximos 12 meses é inegável. O desafio para o governo, além de superar as pressões golpistas que ganharam força nos últimos dias, é conseguir criar mecanismos que permitam reduzir a inflação ao mesmo tempo em que se retoma o crescimento econômico e a geração de empregos. Neste sentido, apostar apenas na combinação ajuste fiscal e ajuste monetário para conter preços não parece ser o caminho mais indicado para se obter a retomada do desenvolvimento e a recuperação da economia. Será necessário, portanto, se discutir novos mecanismos de combate à carestia, enriquecendo o debate acerca da natureza da inflação no Brasil e de seus possíveis remédios, hoje restrito ao velho tripé macroeconômico e seu diagnóstico de inflação de demanda, que pouco condiz com a realidade nacional.

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