A pronunciada queda da bolsa de valores chinesa, que afeta os mercados acionários do mundo todo, tem apontado para um cenário de agravamento da crise econômica global. O fato de a economia chinesa apresentar dificuldade de manter sua taxa ainda elevada de crescimento (próxima a 7%) e de ter sido alvo de uma verdadeira bolha acionária desde o final de 2014 (com o índice da Bolsa de Xangai valorizado 150% desde agosto de 2014) explica em grande medida a rápida deterioração da bolsa de valores, que deve seguir em tendência de queda por algum tempo. Com isso, os principais mercados mundiais também são afetados, dada a importância central da China no contexto internacional atual. A própria possibilidade do aumento de juros na economia dos EUA parece estar adiado, dado o risco de enfraquecimento econômico do país, que ainda depende em grande medida da valorização acionária para promover seu crescimento. Enquanto isso, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta manhã a taxa de desemprego no Brasil calculada pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), que atingiu 8,3% no segundo trimestre, tendo partido de 7,9% no trimestre anterior. Na comparação com o mesmo período de 2014, a alta é ainda mais expressiva, tendo passado de 6,8% para os 8,3% atuais, com destaque para o aumento do número de desocupados, que cresceu 23,5% em relação a um ano antes. A renda média real também apresentou queda de 0,5% em relação ao primeiro trimestre, mas ainda acumula alta de 1,4% na comparação com o mesmo período do ano anterior.
Comentário: A crise chinesa é fruto tanto de problemas domésticos, ligados à dificuldade do governo chinês de estabilizar o crescimento econômico em 7%, quanto a fatores externos, como a bolha acionária insuflada pela abundância de dinheiro barato no mundo, em busca de valorização. Os programas de afrouxamento monetário dos EUA, Europa e Japão certamente jogam um papel importante no surgimento de bolhas acionárias ao redor do mundo, em particular em países com desempenho econômico positivo que abrem possibilidades maiores de valorização do capital. Apesar disso, não parece razoável que a economia chinesa será profundamente afetada pela queda recente no índice acionário, sendo mais provável que esta queda enseje uma revisão das estratégias de crescimento local, com aumento dos estímulos monetários e fiscais. Além disso, a desvalorização do yuan e a maior abertura para negociação da moeda chinesa nos mercados financeiros também parecem fazer parte de uma estratégia de mais longo prazo da China, que visa transformar sua moeda em uma reserva de valor internacional. Os efeitos da crise chinesa no restante do mundo são variados: nos EUA, devem adiar o aumento das taxas de juros americana, para evitar uma desvalorização dos títulos e não prejudicar sua frágil recuperação econômica; já nos países em desenvolvimento, a queda no preço das commodities aparece como primeiro desafio, enquanto a desvalorização do yuan (apesar de tímida) pode dificultar ainda mais a proteção de seus mercados internos contra a avalanche de produtos manufaturados orientais.
quarta-feira, 26 de agosto de 2015
Crise internacional se agrava e desemprego se eleva no Brasil
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F Perseu Abramo
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