Que Falar sobre Sermões?
Falar que - Era hora de falar de sexo. Eu precisava tratar isso, saber como o sexo passa para o texto — diz Nuno, lembrando a imagem que deu origem à trama, uma irônica relação entre sexo e religião.Falar que - Nuno escreveu “Sermões” entre 2009 e 2015, e nesse meio tempo, em 2011, sua mãe morreu.
Falar que estou me repetindo e assim me repito - Uma poesia áspera, como a areia da praia, incomoda, que se transfere da mão à boca, que suja a barra da calça e na barra reesfregou o tronco, um enorme estrepe em nosso olho. Olho que vê/lê a poesia dura, feia, mal cheirosa que sai ganindo atrás de nosso carro. A poesia de Nuno é tudo o que se confunde e o que se contrasta, um livro que me deu um soco na boca do estomago com as rimas rilhando como areia em meus dentes, ensanguentados. A poesia de Nuno , POESIA o é!
Falar que - Era hora de falar de sexo. Eu precisava tratar isso, saber como o sexo passa para o texto — diz Nuno, lembrando a imagem que deu origem à trama, uma irônica relação entre sexo e religião.Falar que - Nuno escreveu “Sermões” entre 2009 e 2015, e nesse meio tempo, em 2011, sua mãe morreu.
Falar que estou me repetindo e assim me repito - Uma poesia áspera, como a areia da praia, incomoda, que se transfere da mão à boca, que suja a barra da calça e na barra reesfregou o tronco, um enorme estrepe em nosso olho. Olho que vê/lê a poesia dura, feia, mal cheirosa que sai ganindo atrás de nosso carro. A poesia de Nuno é tudo o que se confunde e o que se contrasta, um livro que me deu um soco na boca do estomago com as rimas rilhando como areia em meus dentes, ensanguentados. A poesia de Nuno , POESIA o é!
(E.C.)
UMA APRESENTAÇÃO
Quando,
em 2011, o Nuno me pediu que lesse esta obra, queria uma resposta para a
questão que se colocam os escritores inteligentes: se o que fizeram
merece nascimento. A par, revelou-me que a coisa ficara maluca.
Corajosos,
sábios os que questionam a maluqueira sem resposta da existência
humana!, sejam eles Platão, o filósofo que baniu os poetas da República,
ou o protagonista deste Sermões, professor de filosofia reformado,
autobanido tornado poeta. Obsceno significa, etimologicamente, fora de
cena. Esse, o lugar dos exilados.
Respondo
que, além de nascimento, este livro merece júbilo, celebração. Não são
hoje os leitores dos poetas, como os poetas, exilados?
No espaço linguístico e cultural da língua portuguesa europeia e sul-americana, o vocábulo “sermões” remete ao padre Antônio Vieira (Lisboa, 1608 – Salvador/ BA, 1697), cuja vida de pregador ecoa em nossa memória cultural coletiva.
No espaço linguístico e cultural da língua portuguesa europeia e sul-americana, o vocábulo “sermões” remete ao padre Antônio Vieira (Lisboa, 1608 – Salvador/ BA, 1697), cuja vida de pregador ecoa em nossa memória cultural coletiva.
Um
sermão é uma obra de circunstância aplicada a uma ocasião (litúrgica,
da vida política, religiosa ou institucional). O autor está fisicamente
envolvido no sermão enquanto pregador, oferecendo o corpo, a voz, o
pensamento à assembleia. Uma componente biográfica marca tanto a leitura
pública (forma sui generis de publicação) quanto a redação.
Autobiográfico,
o protagonista de Sermões escreve para si sobre si, não para se
comemorar mas para se registrar, nisso condensando as questões
identitárias que todos os seres humanos se colocam alguma vez. Quem sou?
O que faço aqui? Vale a pena? Subjacente, a dúvida quanto ao valor das
condutas humanas que parecem esvaziadas dele (o cio cego, por exemplo)
e, consequentemente, as questões do suicídio e da loucura. Coisa maluca.
Se
a identidade não é suficiente, então não é autêntica; aqui, a demanda
por mais identidade é feita no registro das experiências, mostrando que o
entendimento depende da forma discursiva. A reflexão prévia ao
entendimento surge não no ato, mas no ato em diferido registrado, isto
é, na obra. É no registro do físico (a cópula) que o professor de
filosofia arranca. Questionar o físico almeja o metafísico (o sentido). A
carne, feita verbo, torna-se metafísica e faz-se verso, ou seja:
poética.
Laica ou sagrada, a oratória foi sempre cívica. Oratória é, como a poesia, trabalho de linguagem.
O AUTOR
Nuno Álvares Pessoa de Almeida Ramos cursou filosofia na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo - FFLCH/USP, de 1978 a 1982. Trabalha como editor das revistas Almanaque 80 e Kataloki, entre 1980 e 1981. Começa a pintar em 1983, quando funda o ateliê Casa 7, com Paulo Monteiro (1961), Rodrigo Andrade (1962), Carlito Carvalhosa (1961) e Fábio Miguez (1962). Realiza os primeiros trabalhos tridimensionais em 1986. No ano seguinte, recebe do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP a 1ª Bolsa Émile Eddé de Artes Plásticas. Em 1992, em Porto Alegre, expõe pela primeira vez a instalação 111, que se refere ao massacre dos presos na Casa de Detenção de São Paulo (Carandiru) ocorrido naquele ano. Publica, em 1993, o livro em prosa Cujo e, em 1995, o livro-objeto Balada. Vence, em 2000, o concurso realizado em Buenos Aires para a construção de um monumento em memória aos desaparecidos durante a ditadura militar naquele país. Em 2002, publica o livro de contos O Pão do Corvo. Para compor suas obras, o artista emprega diferentes suportes e materiais, e trabalha com gravura, pintura, fotografia, instalação, poesia e vídeo.
Escreveu os livros Cujo (1993) e O pão do corvo (2001), pela Editora 34; Minha fantasma (2000), edição do autor; Ensaio Geral (2007) e O mau vidraceiro (2010), pela Editora Globo; Ó (2009, prêmio Portugal Telecom Melhor Livro do Ano) e Junco (2011, prêmio Portugal Telecom Melhor Livro de Poesia), pela Iluminuras.
Nuno Álvares Pessoa de Almeida Ramos cursou filosofia na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo - FFLCH/USP, de 1978 a 1982. Trabalha como editor das revistas Almanaque 80 e Kataloki, entre 1980 e 1981. Começa a pintar em 1983, quando funda o ateliê Casa 7, com Paulo Monteiro (1961), Rodrigo Andrade (1962), Carlito Carvalhosa (1961) e Fábio Miguez (1962). Realiza os primeiros trabalhos tridimensionais em 1986. No ano seguinte, recebe do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP a 1ª Bolsa Émile Eddé de Artes Plásticas. Em 1992, em Porto Alegre, expõe pela primeira vez a instalação 111, que se refere ao massacre dos presos na Casa de Detenção de São Paulo (Carandiru) ocorrido naquele ano. Publica, em 1993, o livro em prosa Cujo e, em 1995, o livro-objeto Balada. Vence, em 2000, o concurso realizado em Buenos Aires para a construção de um monumento em memória aos desaparecidos durante a ditadura militar naquele país. Em 2002, publica o livro de contos O Pão do Corvo. Para compor suas obras, o artista emprega diferentes suportes e materiais, e trabalha com gravura, pintura, fotografia, instalação, poesia e vídeo.
Escreveu os livros Cujo (1993) e O pão do corvo (2001), pela Editora 34; Minha fantasma (2000), edição do autor; Ensaio Geral (2007) e O mau vidraceiro (2010), pela Editora Globo; Ó (2009, prêmio Portugal Telecom Melhor Livro do Ano) e Junco (2011, prêmio Portugal Telecom Melhor Livro de Poesia), pela Iluminuras.
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