No próximo dia 22 (domingo), às 20h,
Lucas Santtana faz show de lançamento do seu novo clipe “Diary of a bike” (https://www.youtube.com/ watch?v=yFn7oJSUh9M
), no Superloft. Acompanhado de Caetano Malta (guitarra, baixo e MPC) e Bruno
Buarque (MPC, IPad,bateria,efx), Lucas Santtana (Voz, guitarra, Cavaco,
baixo,sinth e monome) toca as faixas do seu recente trabalho, “Sobre noites e
dias”, e revisita algumas de suas canções mais conhecidas, como “Lycra
Limão”, "Cira Regina e Nana” e “Se pá ska SP.
O single “Diary of a bike” é uma das faixas do
sexto álbum do músico brasileiro, “Sobre Noites e Dias” , e a segunda a ganhar
um clipe. Com cenas filmadas em São Paulo, Paris e Amsterdam, a música traz
Lucas Santtana cantando em inglês e o rapper francês Féfé soltando a voz em
francês. David Pacheco e Gabriel Froment assinam a direção do trabalho.
Na ocasião, Lucas recebe o músico Thiago França
e grava cenas do seu primeiro DVD, a ser lançado no segundo semestre.
Serviços:
Lucas Santtana - Lançamento do clipe “Diary of
a bike”,
Local: Superloft
Endereço: Rua Cardeal Arcoverde, 2926,
Pinheiros
Horário: 20h
Valor dos ingressos: R$ 30 (inteira)/ R$ 15 (meia)
Escute o disco:
Assessoria de Imprensa Lucas Santtana
Titita
– Patrícia Dornelas
(11)
99365 0944
Sobre o disco:
As cordas do quarteto Oslo Strings repetem-se
lentamente sobre uma sequência de acordes, como um tear mecânico que programa
uma matriz sonora hipnótica. Lucas Santtana canta desde o primeiro segundo, sua
voz manhosa e quieta de bom baiano contrapondo-se ao tom épico criado pelas
cordas. Canta em inglês, conversa com computadores, tablets e smartphones -
“máquinas complexas, seres complexos”. Sobre as cordas surgem outros
instrumentos - a linha de baixo de Caetano Malta, beats e efeitos sonoros
disparados pelo produtor Bruno Buarque, synths conduzidos por Lucas, ruídos de
Zé Nigro, o piano de Zé Godoy e o clarone de Juliana Perdigão vão se envolvendo
à textura do quarteto até que a exatos dois minutos após o início da música
Lucas pergunta-se sobre as dúvidas destes seres, que nos escravizam através do
tempo. “Onde está o tempo humano?”, cobra o compositor sem afobação no momento
em que “Human Time” se revela em toda sua grandiosidade.
Estamos entrando em um território de ficção
científica, mas não há alienígenas, robôs ou dimensões paralelas. A jornada
proposta por Lucas no início de sua conversa é estranhamente familiar, mesmo
quando a atriz Fanny Ardant sussurra a letra em francês.. Ao nosso redor o
brilho de telas que respiram como plantas cria uma redoma de futurismo
tecnológico que parece dar o tom do disco, mas os beats vão se reduzindo a uma
batida que nos remete a uma máquina de escrever e a música some de repente, ao
contrário da forma que começou.
“Human Time”, no entanto, nos engana. Lucas
Santtana não está falando do futuro, não está projetando nada para depois de
amanhã. Não é ficção, nem científico. Ele está falando de hoje - e a segunda
faixa de seu Sobre Noites e Dias, o “Funk dos Bromânticos” nos leva para o
extremo oposto da canção anterior. Cantada em português, é um funk carioca como
seu título entrega. Mas que cordas são essas, arranjadas pelo próprio Lucas? E
esses timbres de guitarra do Junix 11, de onde vêm? E esses tambores digitais
tocados por Omulu e Daniel Haaksman? E linha do Seco Bass, que soa como um
sapo? E a Camila Pitanga fazendo beatbox? Atéo s “bromânticos” do título -
casal que transcende os gêneros no início do século 21, “ela não é gay, ele não
é viado e não são mais classificados” - é tão alienígena quanto corriqueiro.
Lucas está enfatizando as mudanças de nosso tempo e mostrando que por mais que
os conceitos do mundo atual pareçam estranhos, eles são bem mundanos e
conhecidos. Descemos da transcendência tecnológica para uma festa de beijos sem
culpa.
E o disco segue apontando novos rumos. “Let the
Night Get High”, apesar de seu título-refrão em inglês, é cantada em espanhol.
Aqui sua banda básica - sua guitarra africana, o baixo firme de Caetano Malta e
os efeitos rítmicos de Bruno Buarque - se junta ao sax endiabrado e à flauta eletrônica
de Thiago França, numa jam session que desbrava a noite. O clima é tenso e
audaz, marginal e íntimo. “Por que el drama?”, pergunta-nos com um sorriso
malandro.
Lucas diz que Sobre Noites e Dias reúne crônicas
do dia a dia, mas ele não está apenas contando pequenas histórias - ele vem
flagrando as mudanças e transformações deste início de século, os paradoxos e
contradições da vida pós-moderna e a forma como superamos estes dramas,
assimilando-os à nossa rotina com a maior naturalidade.
É no miolo romântico de Sobre Noites e Dias,
sobre paixões e relações, que ele se mostra mais cronista, mas nem por isso
menos extravagante. A divertida “Montanha Russa Sentimental” é quase uma
comédia romântica ou um seriado brasileiro em forma de canção - Lucas toca
quase todos os instrumentos (deixa uma guitarra com Malta e chama o Do Amor
Ricardo Dias Gomes para conduzir o baixo marcante) e fala de burilar
smartphones, comprimidos ansiolíticos, romance de cinema - vida real, doce
ilusão, pressão e solitude numa canção que começa com o soar do sino pavloviano
do Whatsapp.
Na linda “Alguém Assopra Ela” - clarinete, oboé,
flauta e fagote arranjados e regidos pelo maestro Letieres Leite, da Orquestra
Rumpilezz) - ele canta um presente futurista de “´pontes feitas de aço”,
“camisetas que mudam de cor” e “asfalto que absorve CO2” que não descarta
“onda, barco, vento, vela”, ressaltando a introspecção. Oposta à ela vem a
apaixonada “Partículas de Amor”, hit composto com Gui Amabis, que transforma o
sentimento em um saboroso laboratório de transformações, conduzidas pela
conversa do cavaquinho de Lucas com o violão de sete cordas de Luis Felipe de
Lima e o baixo do paralama Bi Ribeiro.
“Diário de uma Bicicleta” encerra o miolo
apaixonado do disco e o traz de volta para a rua, em um rolê de camelim de
Lucas com o rapper De Leve pelas ruas do Rio. Lucas canta um refrão em inglês e
deixa o MC de Niterói conduzir sua bicicleta em seu característico flow da
zoeira. A marchinha “Mariazinha Morena Clara” chama novamente o sax de Thiago
França e o clarone de Juliana Perdigão para juntar-se ao baixo de Marcelo
Dworeki, a guitarra de Kiko Dinucci e o cello de Vincent Segal para um desfile
jocoso que implora à sua musa para parar no Rio de Janeiro e deixar para lá a
os camarões da Holanda de Van Persie ou a beleza da Tailândia.
Vincent, Juliana, Kiko e Thiago seguem
acompanhando Lucas na faixa seguinte, a estranha e desconfiada “Blind Date”,
cantada em inglês, em que os instrumentos comportam-se de forma mais climática
que melódica ou percussiva, sublinhando a tensão de que “o amor pode ser uma
armadilha”. O disco termina com uma balada clássica e pensativa: “Velhinho” foi
composta com Rica Amabis e o produtor do Instituto que toca piano ao lado da
guitarra de Maurício Tagliari e do baixo de Klaus Senna. Juntos parecem desfiar
a textura musical à base da repetição, fazendo o movimento contrário das cordas
de Oslo no início do disco.
Sobre Noites e Dias se desfaz ao mesmo tempo em
que conclui suas elocubrações sobre as transições e contradições de nossa era -
homem x mulher, natureza x tecnologia, realidade x ilusão, sentimento x
ciência, rua x apartamento, carro x bicicleta. Até a forma como o disco muda de
clima entre uma canção e outra é próprio desse nosso cotidiano shuffle, mas
aprendemos a conviver com isso. E é isso que Lucas comemora ao saudar a fase de
transição da noite para o dia ao final do álbum: “Madrugada, vem caminhar fria
e calma, traz o destino”, pedindo, finalmente para, brindar “a alma desse teu
velho
“Agora jovem consigo” não é apenas uma
conclusão, mas um convite para todos nós.
Alexandre Matias
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