Nos
dias 28 e 29 de janeiro aconteceu a III Cúpula da Comunidade dos
Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), em San José, Costa Rica.
Um dos principais pontos da pauta desta reunião foi a discussão de
medidas para o combate à pobreza na região. Dois dias antes do Encontro,
a Cepal divulgou um relatório sobre o panorama social na América
Latina, que indica uma estagnação na redução da pobreza na região.
Segundo os dados agregados, entre 2002 e 2012 a pobreza diminuiu de
43,9% para 28,1% da população latino-americana e caribenha. Contudo, o
ritmo da redução tem caído desde 2008. De acordo com a Cepal, seria
possível separar esta redução progressiva em dois períodos: queda mais
acentuada de aproximadamente 10% entre 2002 e 2008 e de 5% entre 2008 e
2012. Desde então o percentual se mantém em torno de 28% em 2013 e na
projeção para 2014. Registra-se também nos últimos dois anos um pequeno
aumento no índice da pobreza extrema, de 11,3 para 12% na região.
Diante
deste cenário, entre as primeiras medidas do Plano de Ação 2015 da
Celac estão ações de cooperação na área de desenvolvimento social e
agricultura familiar, com o compromisso de erradicar a fome até 2025 na
região, com a implementação do Plano de Segurança Alimentar elaborado
pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO)
FAO, Cepal e Associação Latino-americana de Integração (Aladi).
Do
ponto de vista geopolítico e econômico, esta III Cúpula também ocorre
em um momento significativo. Os presidentes e as presidentas presentes
saudaram a reaproximação entre Estados Unidos e Cuba, e demandaram o fim
do bloqueio econômico que assola a economia cubana há décadas. Ainda
que o bloco não tenha mediado diretamente esta aproximação, vale
contextualizá-la nos movimentos progressivos de esvaziamento da
Organização dos Estados Americanos (OEA) e de construção de um espaço
político latino-americano mais autônomo, ainda que diverso, tendo na
própria realização da II Cúpula da Celac em Cuba, há um ano, um marco
simbólico.
Além
disso, 2015 promete ser um ano importante para a consolidação da Celac
como um fórum institucionalizado de interlocução com outras regiões.
Isto já se esboçou no início do ano no Fórum Ministerial Celac-China e
voltará à tona com a II Cúpula Celac-União Europeia, em junho, em
Bruxelas.
Em
um cenário internacional no qual novas e velhas potências disputam
espaço e no qual os países latino-americanos e caribenhos, com seus
modelos diversos de inserção internacional, sofrem com os impactos da
crise global e da queda acentuada nos preços da commodities, consolidar a
coordenação política, apesar das diferenças, será essencial para
garantir peso em negociações, tanto inter-regionais, quanto no âmbito
multilateral, que neste ano terão capítulos importantes, como o regime
de mudanças climáticas pós-Kyoto e os novos objetivos de desenvolvimento
pós-2015.
Análise: Terra Budini, internacionalista
As opiniões aqui expressas são de inteira responsabilidade do seu autor,
não representando a visão da FPA ou de seus dirigentes.
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