Primeira ação pública do Museu do Território de Paraty foca na riqueza histórica e cultural da cidade
No dia 04 de dezembro foi inaugurada a primeira ação pública do Museu do Território de Paraty, realização da Associação Casa Azul e do Ministério da Cultura, com patrocínio do BNDES. Histórias e Ofícios do Território é composta por uma exposição, uma jornada de debates e uma oficina de fotografia e memória.
No dia 04 de dezembro foi inaugurada a primeira ação pública do Museu do Território de Paraty, realização da Associação Casa Azul e do Ministério da Cultura, com patrocínio do BNDES. Histórias e Ofícios do Território é composta por uma exposição, uma jornada de debates e uma oficina de fotografia e memória.
A
exposição conta com registros em vídeo de moradores antigos, painéis
expositivos e placas comemorativas com os depoimentos dos moradores que
serão espalhadas pela cidade. Na Casa da Cultura (sala Samuel Costa) um
conjunto de fotos antigas coletadas durante as entrevistas complementa a
exposição. Na oficina sobre fotografia e memória, o fotógrafo Walter
Craveiro propõe aos participantes a criação de um mapa afetivo de
Paraty, a partir de suas fotos de família, antigas ou recentes. Os
visitantes da exposição são convidados a fixar post-its com
suas lembranças sobre o mapa de Paraty, nos lugares em que aconteceram
grandes e pequenos momentos inesquecíveis. A exposição fica em cartaz
até março de 2015 e a oficina, que teve o primeiro módulo entre 3 e 5 de
dezembro, terá um segundo módulo em 27 e 28 de fevereiro de 2015.
A
jornada de debates, que contou com paratienses e convidados de fora da
cidade, aconteceu entre 4 e 6 de dezembro. Veja abaixo os destaques dia a
dia.
Dia 1 – Cidade histórica e com história
Dia 1 – Cidade histórica e com história
O
primeiro dia de debates foi marcado pela reação emocionada de alguns
membros da plateia, como o comendador Antonio Conti – “Eu não poderia
deixar, nos meus 85 anos, como paratiense, nascido aqui no fundo dessa
rua, de demonstrar minha alegria. Eu sempre pensei que um dia ia voltar
nosso passado de amor à terra”, disse.
A inauguração do evento
ocorreu no antigo cinema da cidade, rebatizado de Espaço Experimental
de Cultura – Cinema da Praça, com as presenças de Mauro Munhoz,
diretor-presidente da Associação Casa Azul e diretor geral do Museu do
Território de Paraty, Paulo Werneck, curador da programação do museu, e
Cristina Maseda, secretária de Cultura de Paraty, com direito a iguarias
regionais como o café caiçara.
Na primeira sessão,
Munhoz dividiu o palco com André Bazzanella, técnico do Iphan na Costa
Verde do RJ, que assinalou a forte relação entre os patrimônios material
e imaterial, além da diversidade cultural da cidade e como ela se
relaciona com paratienses e turistas: “Quem vem de fora não vê só o
conjunto arquitetônico, mas também a cidade vivida. Paraty é uma cidade
histórica e com história”.
Dia 2 – Em defesa da cultura
Dia 2 – Em defesa da cultura
Na segunda sessão
da mostra, Angelo Oswaldo, ex-prefeito de Ouro Preto e presidente do
Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), fez um passeio histórico sobre o
ciclo do ouro no Brasil e porto de Paraty, e falou sobre como a
estagnação econômica das cidades históricas permitiu que mantivessem
suas características e tradições. Além disso, criticou o preconceito
contra a efervescência cultural nas cidades: “Ela não pode ser vista
como algo que perturbe a placidez do dia a dia”.
Rodrigo
Leão de Moura, professor de biologia marinha da UFRJ, alertou para a
exploração excessiva dos estoques peixeiros durante a terceira sessão,
incentivando a diminuição do consumo do pescado e a busca da informação
sobre o que é saudável e sustentável. Almir Tã, pescador e líder
comunitário da Ilha do Araújo, chamou a atenção para o descaso e a
manipulação em relação aos pescadores, lamentando que sejam dependentes
de um cartel.
A quarta sessão
teve como convidado o paratiense Seu Zé Ferreira, referência em
práticas agroecológicas, que chamou a atenção para a valorização das
tradições culinárias locais: “As pessoas esperam encontrar coisas que
sejam tradicionais da cidade, mas encontram coisas que nada têm a ver
com nossa realidade, o que acaba com a nossa cultura”, disse. A seu
lado, o sociólogo Carlos Alberto Dória criticou o desconhecimento sobre a
culinária efetivamente brasileira e provocou a elite que “consome
coisas afrancesadas, mas gosta mesmo é de leitão”.
Dia 3 – A reflexão em seu devido lugar
Dia 3 – A reflexão em seu devido lugar
O pintor Julio Paraty relembrou, na quinta sessão,
a influência dos grandes artistas paratienses Zé Kleber e Djanira no
início de sua carreira, e comentou o fato de sempre encomendarem suas
famosas bandeirinhas. Paulo Pasta, pintor, professor e escritor, falou
sobre o ensino da pintura na sala de aula e a inversão de valores na
arte contemporânea: “O mercado toma o lugar da reflexão. Isso é triste,
pois seu valor é o dinheiro, não há valor artístico”, disse.
Na sexta e última sessão,
a antropóloga Paula Pinto e Silva mostrou como a comida de Paraty
traduz os ciclos econômicos da cidade e criticou a relação vira lata que
o brasileiro tem com sua culinária. A especialista na culinária
paratiense Maria Rameck falou sobre as comidas típicas da cidade e suas
lembranças da época em que não havia restaurantes, e encerrou com um
carismático conselho: “Nunca coloquei uma Coca-Cola na boca. Não tenho
uma estria com 82 anos. Que sirva de lição pra vocês”.
A cobertura completa da abertura de Histórias e Ofícios do Território pode ser conferida no site www.museudoterritoriodeparaty.org.br/ e no facebook oficial do Museu do Território de Paraty www.facebook.com/museudoterritoriodeparaty
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