Hridayananda Dasa Gosvami
A tirania da espécie humana.
Consideramos
um sinal de cultura sermos civilizados. Não matamos seres humanos que
têm algum problema físico ou mental. Mas por que não fazemos isso e
matamos animais? Afinal, se analisarmos outros mamíferos – ursos, vacas,
cavalos, golfinhos –, eles também possuem inteligência, famílias,
emoções, comunicam-se de certas maneiras. O que nos convence de que
outras criaturas sensíveis não têm quaisquer direitos?
Na
verdade, as pessoas são ambivalentes quanto a isso. Um ex-jogador de
futebol americano, por exemplo, teve que abandonar sua remuneração
multimilionária e ir para a cadeia porque matava cães. Há outras
criaturas, contudo, tão evoluídas, ou desenvolvidas, quanto cães, mas
que são industrialmente mortas aos milhares e milhões todos os dias. Por
que as pessoas fazem isso?
Pensemos
no pior tipo de governo: por exemplo, se um imperador romano decadente
ergue o polegar, vivemos; se abaixa o polegar, morremos. O pior tipo de
governo é aquele onde não temos direitos – só os temos ao capricho de um
tirano.
Dessa
maneira, existe algo de decadente e tirânico sobre a atitude das
pessoas para com outras criaturas não-humanas. Em outras palavras, as
próprias criaturas não têm direitos, senão que ocorre ao acaso pessoas
gostarem de gatos como animais de estimação. Se alguém matar um gato,
portanto, será preso; se assassinar outros mamíferos igualmente
desenvolvidos, é apenas o jantar.
Essa
atitude inconsistente e incoerente deve-se a tiranos decadentes típicos
– e algumas pessoas são tirânicas em suas atitudes para com outras
criaturas neste planeta, acreditando que as criaturas têm direitos só se
“erguerem o polegar”.
Vacas
não servem como animais de estimação hoje em dia porque a maioria das
pessoas vive em cidades e não pode manter uma vaca em seus apartamentos.
Se as pessoas ficarem apegadas a um animal como bicho de estimação, ele
tem direitos; se não gostarem dele como bicho de estimação, pode-se
assassiná-lo brutalmente.
Algo
que ensinamos é que todas as criaturas, na verdade, têm direitos, e os
direitos não emanam de nós. Thomas Jefferson, na Declaração da
Independência, apresentou o argumento de que, na verdade, nossos
direitos, em um regime democrático, advêm de Deus, o Criador.
Outro
ponto, parte dessa compreensão, é que devemos respeitar e ser generosos
para com todos os seres vivos, porque eles não pertencem a nós, mas sim
a seu Criador. Não podemos brutalizá-los porque Alguém se importa com
eles.
Tradução de Dhananjaya Dasa.
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