A segunda edição do projeto Sistemas Ecos, na Praça Victor Civita,
reúne obras de Sonia Guggisberg, Luiz Duva,
Gilbertto Prado, Lea van Steen e Raquel Kogan, Lucas Bambozzi,
Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti.
Sistemas Ecos 2014
Abertura da exposição: dia 13 de setembro
LOST SOUNDS de Sonia Guggisberg
Reunindo
obras de Sonia Guggisberg, Luiz Duva, Gilbertto Prado, Lea van Steen e
Raquel Kogan, Lucas Bambozzi, Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti*, a
segunda edição do projeto Sistemas Ecos ocupa a Praça Victor Civita, em
São Paulo, de 13 de setembro a 12 de outubro, com entrada franca. A
abertura para convidados acontece no dia 13 de setembro, sábado, às 17h.
O
Sistemas Ecos, idealizado e com coordenação curatorial da artista Sônia
Guggisberg, tem como objetivo principal proporcionar experiências
artísticas coletivas que despertem nos participantes e expectadores a
consciência da participação do processo social, lembrando que as cidades
se refazem de acordo com as transformações do panorama sociopolítico.
“Entendemos
que, em metrópoles desordenadas instaura-se uma “amnesia urbana”, onde o
“redesenhar das cidades” nos deixa livres para assumir a fluidez das
mudanças do nosso tempo, e as antigas raízes que marcaram o lugar se
desfazem, abrindo espaço para o movimento”, fala Guggisberg.
O
Projeto compreende uma série de oficinas, intituladas ecoLAB, e uma
exposição, agendada para o período de 13 de setembro a 12 de outubro de
2014 na Praça Victor Civita.
Em
sua segunda edição, as oficinas se estenderão para o entorno da praça,
em uma área com o raio de 300m que será utilizada para pesquisa e estudo
das novas obras a serem apresentadas.
O
laboratório ecoLAB, que acontece de 4 a 28 de agosto, é voltado para
estudantes e artistas. Os trabalhos gerados pelo ecoLAB e tutoriados por
artista atuantes no cenário contemporâneo, irão integrar a exposição,
ao lado de obras inéditas de autoria dos artistas convidados.
São elas:
Foto Instalação - Denise Adams
Live Cinema - Fernando Velasquez,
Oficina Sonora - Matheus Leston
Artistas:
Luiz Duva
Gilbertto Prado
Lea van Steen e Raquel Kogan
Lucas Bambozzi
Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti
Sonia Guggisberg
*Sobre as obras que estarão expostas
-MIRANTE 50
Gilbertto Prado/Grupo Poéticas Digitais
"Mirante 50" é uma instalação interativa que faz alusão aos 50 centímetros
de terra depositados em toda área contaminada da praça. O caminhar no
pequeno
deque de madeira que será construído em cima do canteiro de quatro
árvores situado na área de paralelepípedos da praça, em frente ao antigo
incinerador, traz a relação de suspensão, (des)equilíbrio e
inacessibilidade. Ao pisar nas pranchas, sensores acionam sistema de
laser
que
esquadrinha o espaço interno do canteiro, em função da posição e número
de pessoas que caminham na mureta propiciando um diálogo entre os
participantes e com o entorno. As malhas virtuais que se formam,
redesenham o espaço visível mais inacessível da área plantada trazendo a
sensação de enlevo e deslocamento, numa experiência sinestésica de
prazer e alerta.
O
Grupo Poéticas Digitais neste trabalho está composto por: Gilbertto
Prado, Agnus Valente, Andrei Thomaz, Claudio Bueno, Ellen Nunes,
Leonardo Lima, Luciana Ohira, Maria Luiza Fragoso, Maurício Trentin,
Nardo Germano, Renata La Rocca e Sérgio Bonilha.
LOST SOUNDS
Sonia Guggisberg
Com
um sistema de caixas acústicas instaladas dentro de tubos de metal,
Lost Sounds reproduz algumas trilhas sonoras organizadas como passagens,
trazendo de volta a história a memória de tudo que foi incinerados por
40 anos no local. Sendo as árvores a única conexão real com esta
contaminação e resíduos deixados no solo, é através delas que se busca
trazer á tona este passado enterrado.
FUTURO DO PRETERITO
Lea van Steen / Raquel Kogan
Um
óculos especial reveste o campo de visão e de audição do visitante. Ao
caminhar pelos espaços da Praça, ele vê o que está atrás de seu corpo
(através do espelhamento interno das lentes) ao mesmo tempo que filma as
imagens diante de si (seu percurso), estimulado por camadas de sons
captadas e criadas pelas artistas.. Neste jogo invertido de direções, em
que caminhar torna-se uma experiência de estranhamento do entorno, e um
gesto de captura do ambiente, as artistas convidam o público a
investigar o lugar onde a obra/exposição acontecem.
Ampliando
visões e produzindo memórias dos percursos pelo espaço, que pode
transcender os limites da Praça, a obra coleciona pontos-de-vista sobre o
lugar. Os resultados são exibidos numa TV, ou projeção, que funciona
como um espaço mnemônico deslocado. As cenas vistas pelos visitantes
remetem ao passado do espaço por onde circulam, e às memórias de um
percurso específico feito por um caminhante com o campo de visão ao
mesmo tempo ampliado e bloqueado. Sobreposição de tempos e trânsitos que
acumulam formas de ver.
Por
se tratar de uma obra site specific, a criação das camadas de som que
estimulam o percurso do interator serão pesquisadas e criadas a partir
da experiência das artistas no espaço e seu entorno.
Responsável
pelas hipóteses, pelo incerto, suposições, para falar de um
acontecimento futuro em relação a outro, já ocorrido; tempo das
possibilidades. Também conhecido como condicional; traduz de uma forma
polida e atenuada de expressão, portadora de um desejo não tão claro e
determinado, mesmo quando querem manifestar um real desejo, uma busca de
resposta concreta. Para tal hipótese, todavia, se o intuito é que os
ouvintes prestem efetiva atenção ao que está sendo falado; um fato que
poderá ou não ocorrer dependendo da condição. “Os dois universos, dos
quais o primeiro é o limiar para o segundo, não têm pontos de encontro”.
– Sobre os espelhos – Umberto Eco
Rejane Cantoni e Leonardo Crescenti, (São
Paulo,SP) pesquisam e desenvolvem instalações imersivas e interativas.
Desde 2005, entre outras mostras, a dupla participou do Ars Electronica em Linz, em Berlim e na Cidade do México; do The Creators Project em Nova York e em São Paulo; dosfestivais Glow e STRP em Eindhoven; do Espacio Fundación Telefônica, em Buenos Aires; do Copenhagen Contemporary Art Festival em Copenhague; do FILE em São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre; do Zeebrastraat em Ghent, do Mois Multi em Mois Multi em Québec. Em 2010 receberam os prémios VIDA 13.2 por FALA e menção especial do Prix Ars Electronica para TÚNEL.
Luiz DuVa é
um artista experimental no campo da videoarte e performance que
desenvolve desde o início dos anos 1990 narrativas pessoais em vídeo,
bem como uma série de experiências com videoinstalações. Do ano de 2000
para cá vem se dedicando à criação e apresentação de composições
audiovisuais em ambientes instalativos, de projetos de live cinema e ao
desenvolvimento de conteúdo para diferentes mídias: TV, internet e
celular. Duva também é um dos criadores e o diretor artístico da Mostra
Live Cinema, mostra de performances audiovisuais que acontece anualmente
no Brasil desde 2007.
ARTISTAS DAS OFICINAS
1 - FERNANDO VELAZQUEZ – LIVE CINEMA
Outros urbanos: cartografia do interstício [ou mapeamento dos invisíveis]
Este
projeto se propõe a construir de forma coletiva uma vídeo escultura
mapeada e interativa a partir de caminhadas mediadas por dispositivos
contemporâneos no entorno da Praça Victor Civita. Durante 8 encontros
serão introduzidas ferramentas e conceitos em torno do caminhar como
prática artística, e do tempo real como forma discursiva.
Fernando Velázquez
é artista multidisciplinar. Suas obras incluem vídeos, instalações e
objetos interativos, e performances audiovisuais.Mestre em
Moda, Cultura e Arte pelo Senac-SP, participa de exposições no Brasil e
no exterior com destaque para a Emoção Art.ficial Bienal de Arte e
Tecnologia (Brasil, 2012), Bienal de Cerveira (Portugal, 2013 e 2011),
Mapping Festival (Suíça, 2011), WRO Biennale (Polônia 2011), On_off
(Brasil, 2011), Bienal do Mercosul (Brasil, 2009), Bienal de Tessalônica
(Grécia, 2009), Bienal Ventosul (2009), e o Pocket Film Festival no
Centro Pompidou (Paris, 2007). Obteve dentre outros o Prêmio Sérgio
Motta de Arte e Tecnologia (Brasil, 2009), Mídias Locativas Arte.Mov
(Brasil, 2008), “2008, Culturas” e o Vida Artificial (ambos na Espanha,
2008). Foi curador do Motomix 2007, Papermind Brasil, Dorkbot São Paulo
e do Projeto !wr?. Professor da PUC_SP, vive e trabalha em São Paulo.
2 - MATEUS LESTON – ESCULTURA SONORA
"O
som é um fenômeno temporal e, ao mesmo tempo, espacial. Também é físico
e, ao mesmo tempo, emotivo. Ao longo dos encontros, estudaremos a
sonoridade da Praça Victor Civita através desses aspectos, buscando
entender como os sons constroem a nossa percepção de um lugar. A partir
de nossos estudos e reflexões, desenvolveremos conjuntamente um trabalho
sonoro para a praça.
Matheus
Leston é músico, produtor musical, artista e professor. Compôs a trilha
sonora para diversos filmes de curta e média metragem e foi membro da
Patife Band. Atualmente desenvolve os projetos multimídia, Orquestra
Vermelha e Ré, além de produzir música eletrônica como Lateral."
3 –DENISE ADAMS - FOTOGRAFIA - ARQUEOLOGIAS VISUAIS
Partindo da fotografia, a oficina propõe uma investigação poética do entorno da Praça Victor Civita.
Pensar
sobre as novas arqueologias e mapear o espaço de investigação afim de
buscar as “histórias invisíveis” que se relacionam às recentes
transformações urbanas da região, assim como as alterações naturais dos
caminhos da água e seus usos.
Qual
o impacto da (re)construção de uma cidade na vida de seus moradores? De
que maneira podemos refazer os percursos realizados?
Denise Adams
é artista, fotógrafa e educadora. Utilizando principalmente a
fotografia e o vídeo como suporte, sua pesquisa está relacionada ao
reconhecimento e construção dos territórios e seus contornos.
Aproximando-se do entendimento de que toda a imagem é uma construção, a
artista trabalha com imagens encenadas, procurando tecer comentários
acerca das questões contemporâneas.
SISTEMAS ECOS 2014
Local: Praça Victor Civita
Rua Sumidouro 528, Pinheiros – São Paulo – SP
Horário: diariamente das 8h00 às 18h00
entrada franca
Sobre o Projeto
Por Sonia Guggisberg
Mentora e coordenadora curatorial do Sistemas Ecos
Mesmo
abordando diferentes aspectos a hipótese é que histórias enterradas
nunca terminam mesmo quando relegadas à invisibilidade uma vez que
sobrevivem como resíduos do passado e como metáforas cognitivas
redesenhando o presente.
A
pesquisa sobre subsolo urbano me levou pensar diferentes aspectos da
cidade e á pensar no projeto Sistemas Ecos. Ao me deparar com a Praça
Vitor Civita passei a refletir sobre as passagens e acontecimentos que
aquele local guardava.
Trata-se
de um terreno onde funcionou, de 1949 a 1989, o Incinerador Pinheiros.
Cerca de 200 toneladas de lixo foram queimadas diariamente em seus
“fornos”.
O
resultado da queima de lixo, que durou por 40 anos, apresentado pela
Secretaria do Verde e do Meio Ambiente e pela CETESB, confirmou no ano
de 2006, a contaminação com a presença de cinzas e metais pesados no
solo de toda a região.
Sendo
assim, no local, foi desenvolvido um projeto para transformar o espaço
em um local público, capaz de oferecer atividades culturais e educativas
para a população e desta forma, devolver o terreno para o bairro porem
agora em forma de praça. Junto com a realização do projeto, o antigo
prédio do incinerador foi devidamente tratado, descontaminado e
restaurado, e no final de 2008, Praça Victor Civita foi inaugurada.
O
projeto Sistemas Ecos surgiu acreditando na potencia de um processo que
se reforça na mediação de diferentes saberes e na troca de
conhecimentos. Trata-se de experimentar um sistema ecológico de
conexões entre diferentes formas de expressão artística.
Sistemas
Ecos é um projeto que se propõe á uma reflexão sobre a contínua mescla
percepções e discursos artísticos, apresenta seu viés político e
acredita na pesquisa e na necessidade de olhar a cidade em suas costuras
e disputas de sentidos como um campo de pesquisa ampliado.
O
resultado apresenta obras que apontam experiências relacionadas ao
espaço urbano contemporâneo, a serem estendidas não apenas aos artistas e
pesquisadores mas a todos que 'sofrem' a atual mudança da cidade.
Sistemas
Ecos na tentativa de mostrar um posicionamento que dê conta de uma
reflexão critica da violência do apagamento, apresenta uma ecologia de
diferentes saberes artísticos para produzir obras inéditas. Trata-se de
investir em uma proposta conjunta, ao invés simplesmente de assistir à
eterna repetição dos vícios da sociedade em se compatibilizar. As
projeto não pretende canalizar questões políticas, mas apontar,
sinalizar e convocar atitudes.
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