Saúde pública: Pesquisa investiga partos e
nascimentos no
Brasil
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Resultados preliminares da pesquisa ”Nascer no
Brasil: Inquérito Nacional sobre Parto e Nascimento”,
realizada pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca
(ENSP/Fiocruz), mostram que a proporção de cesarianas no
Brasil está aumentando. Segundo a pesquisa, o percentual de partos
cesáreas no Brasil em relação ao total é de
52%, sendo 46% na rede pública e 88% na rede privada. A
Organização Mundial da Saúde (OMS), o Fundo das
Nações Unidas para a Infância (Unicef) e as
Nações Unidas (ONU) recomendam que somente 15% dos
nascimentos ocorram por procedimento cirúrgico, percentual no qual
devem estar incluídas intercorrências que coloquem em risco a
vida da mãe ou a do
bebê.
A pesquisa também mostra a
variação da opção das grávidas ao longo
da gestação: entre as grávidas por primeira vez
atendidas no setor público, 15,4% das entrevistadas iniciaram a
gravidez optando por cesariana, número que cai para 15% ao fim da
gravidez, mas 44,8% dos partos realizados são cesarianas. No caso
das grávidas por primeira vez atendidas no setor privado, 36,1% das
mesmas iniciam a gravidez optando por cesarianas e esse número sobe
para 67,6% ao fim da gestação; no entanto, 89,9% dos partos
realizados são cesarianas. Já entre as grávidas por
segunda ou mais vezes, somente 29,2% das mulheres atendidas no setor
público manifestam preferência inicial por cesariana, que se
altera para 27,4% ao fim da gestação, mas 40,7% dos partos
são cesarianas. Entre as grávidas por segunda ou mais vezes
atendidas no setor privado, a preferência por cesarianas
começa em 58,8%, passa a 75,4% no fim da gestação e
84,5% dos partos são
cesarianas.
Segundo a pesquisa, estudos internacionais têm
mostrado os riscos de cesarianas desnecessárias para o
recém-nascido e para as parturientes. Para recém-nascidos, os
efeitos descritos podem ser: aumento da mortalidade neonatal, aumento da
chance de internações e nascimentos de prematuros
evitáveis. Estudos ainda associam o parto natural a
benefícios para a saúde da criança, como menor
propensão a diabetes, asma, alergias e outras doenças
não transmissíveis. Para a mãe, a cesárea
aumenta chances de hemorragia, infecção e dificulta sua
recuperação, dentre
outros.
Porém, mesmo nos partos normais, segundo a
pesquisa, o atendimento no Brasil não atenderia às boas
práticas recomendadas pela OMS: entre as gestantes que tiveram parto
normal, 95% relataram ter sido submetidas a procedimentos reprovados pela
Organização Mundial da Saúde. Já 16% do total
de entrevistadas afirmam ter procurado mais de um hospital durante o
trabalho de parto, aumentando os riscos de complicações. Os
dados revelam ainda a escassez de medicamentos e equipamentos
necessários aos atendimentos de
emergência.
Os pesquisadores defendem modelos de
atenção ao parto e nascimento conduzidos por enfermeiros
obstétricos e obstetrizes, que aumentam as chances de partos
espontâneos e diminuem intervenções
desnecessárias; bem como a atuação conjunta da
sociedade para avaliar a estrutura das maternidades, redimensionar os
recursos, identificar falhas no acesso, influir nas prioridades e
implementação de boas práticas de
atenção. É preciso ainda, segundo a pesquisa, ampliar
o debate sobre parto e nascimento, com vias de reduzir desigualdades
regionais e sociais e lutar pela ampliação do investimento no
SUS.
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Para ler mais:
As mentiras da Veja sobre gravidez e partos no Brasil
leia
aqui
Nascer no Brasil: Inquérito Nacional sobre
Parto e Nascimento (resultados preliminares) leia
aqui
Nos hospitais privados brasileiros, 88% dos partos
são cirúrgicos, diz estudo leia
aqui
Número de cesarianas no Brasil é mais
que o triplo do recomendado pela OMS leia
aqui
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