Em sua nova
obra, narrativa madura retrata a vida de uma mulher moderna e suas relações com
a sociedade
“... somos capazes de enxergar o rosto humano em tudo, então, assim como
enxergamos retratos nas nuvens e nas manchas da parede, projetamos
características humanas nos comportamentos animais. O cachorro é praticamente
uma invenção humana, é o resultado de milhares de anos de convívio e seleção
artificial. E o cachorro tem toda essa submissão e dependência características,
que fazem a ironia quando se aplica a uma relação homem-mulher.”
Rui Xavier
Imagine
o que é ser uma mulher de sucesso em um mundo contemporâneo machista. Indo além,
tem-se a noção de que se espera muito de uma mulher tanto profissionalmente
quanto no zelo pela casa, pela família e pelas relações sociais, isso sem falar
nos esforços para manter sua imagem física e fashion. Apesar destas cobranças
soarem como naturais no mundo moderno, elas continuam subjugadas, tendo que
provar seu valor a todo momento. É nesse contexto que ‘Cão’, do dramaturgo Rui
Xavier, inicia a narrativa de forma convincente e precisa. A personagem
principal, em tom de confissão, se aprofunda em questões sociais e cotidianas
com um pessimismo que fisga o leitor num suspense crescente.
Não
é por acaso que a personagem descreve como sua vida mudou ao adquirir um cão,
ao qual ela considerava maravilhoso na tarefa de completá-la e vice-versa. “O cão
é uma extensão do dono, assim como o dono é uma extensão do cão”, afirma, de
forma categórica, a narradora. É o breve período de sete anos de vida do
cachorro que a narradora conjuga como seu melhor, período em que ela se
desenvolve profissionalmente, atingindo metas e objetivos traçados: une-se a um
amor antigo, torna-se dona de contas publicitárias até virar chefe, adquire
casa própria e viaja. Entretanto, o ponto de virada do romance é a morte desse
cão.
O
sofrimento da perda é sobrepujado pelo trabalho incessante, e o equilíbrio
entre profissional e o pessoal vai por água abaixo. O lado profissional é
colocado acima do relacionamento com o marido, que se torna infeliz e
deprimido. É então que o romance ganha ares psicológicos e kafkanianos, sobretudo
com a chegada de um novo cachorro que envolve a personagem em uma vida caótica,
que exige um desvio de atenção do trabalho, levando-a ao limite. Para essa
mulher dedicada e forte, o marido e o cão se tornam símbolos que a separam do
mundo real, no qual ela é quem decide o destino, e um mundo paralelo, onde ela
se torna refém de si própria.
O
livro é impecável ao retratar o cotidiano da mulher de sucesso em uma cidade
grande. Conforme as páginas são viradas, conhece-se mais profundamente a
personagem. Essa narrativa rica, com personagens densos, faz da obra uma
leitura surpreendentemente agradável. Uma vez captada a atenção do leitor, a
comoção é reforçada até o ponto final.
FICHA
TÉCNICA:
Editora: nVersos
ISBN:
978-85-64013-85-8
Páginas: 288
Formato:
14x21cm
Preço:
R$34,90
Lançamento:
Dia 11 de dezembro, às 19 horas
Livraria
Martins Fontes - Espaço de Artes / Av. Paulista, 509
SOBRE
O AUTOR
Rui
Xavier nasceu em São Paulo, em 1985. É ator, diretor de teatro e autor de
vários textos teatrais. Sua estreia como dramaturgo aconteceu em 2004, com o
espetáculo “Ensaio Sobre a Liberdade”. A partir da montagem de seu texto “Os
Assassinos de Inês de Castro”, no ano seguinte, começou a parceria com a atriz
Hévelin Gonçalves, com quem fundou, em seguida, o Núcleo 1408 – Companhia de
Teatro e Invenção. Seu primeiro livro, Metamorfoses Privadas, também foi
editado pela nVersos Editora.
SOBRE
A EDITORA
Criada
em 2011, em São Paulo, a nVersos Editora surgiu para explorar novos processos e
segmentos de produção de conhecimento não alinhados ao mercado convencional,
além de divulgar a pluralidade. Nessa proposta de atuar à luz de uma literatura
do desvio, a editora dirige seu foco tanto para os textos tradicionais como
para os resultantes de distintas convergências. Ao contemplar este universo, a
nVersos não apenas valoriza, mas também leva ao mercado uma linha editorial sem
fronteiras e sem abordagens preestabelecidas. Graças a esse largo espectro de
busca e identificação de autores com as mais diversas propostas, a editora
reafirma, constantemente, sua disposição de participar da formação de um
imaginário capaz de contribuir para a compreensão da complexidade do mundo
contemporâneo, a partir de diferentes análises e leituras.
um lançamento
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