Para quando formos melhores
Celeste Antunes
104 p. | 12 x 21 cm | ISBN 978-85-7326-535-4 | 2013 - 1a edição (Acordo Ortográfico)
LANÇAMENTO:
06
de novembro, terça-feira, às 19h30
Bar Sabiá (Rua Purpurina 370 - São Paulo/SP. Tel.: (11) 3032-1617)
Vertiginoso,
engraçado e irreverente. Essas três palavras chegam perto, mas não dizem tudo o
que o leitor irá encontrar em Para quando
formos melhores, o romance de estreia de Celeste Antunes, nascida em São
Paulo em 1991.
Com
linguagem veloz e criativa, agudo senso de observação e um timing perfeito para diálogos (que revelam sua experiência como
roteirista de cinema), Celeste flagra com extrema propriedade o universo de
cinco adolescentes - Sara, Fran, Lucas, Teo e Miguel - nos dias de hoje, em uma grande cidade, às
voltas com suas primeiras experiências afetivas, sexuais e também com drogas,
num cotidiano aberto que mistura continuamente humor e angústia existencial.
Como
observa Fabrício Corsaletti, neste livro "os personagens são todos
convincentes; misturam Marx com cerveja, Kafka com palhaço
Pepino, beijo a três com medo de barata".
Uma estreia incomum que, em sua aparente despretensão,
tem algo de Salinger: reúne amor, amizade, inquietações filosóficas e zombaria,
num tom absolutamente contemporâneo. Celeste acertou na mosca.
Sobre a autora_ Celeste
Antunes nasceu na cidade de São Paulo em 1991 e formou-se no ensino médio em
2008. Cursa faculdade de cinema e escreve poemas, diálogos e roteiros. Em 2010
escreveu e dirigiu a peça de teatro Fermento.
Em 2013 dirigiu o curta-metragem Fogo baixo.
Para quando formos melhores é seu
primeiro livro.
Texto
de orelha_
por Fabrício
Corsaletti
Um livro pode acontecer por muitos motivos.
Para quando formos melhores é bom
porque foi escrito na hora certa. Se Celeste Antunes tivesse esperado mais para
contar as aventuras dos adolescentes Teo, Lucas, Sara, Fran e Miguel, talvez esse romance não existisse.
Mas, como todas as coisas belas, ele existe para lembrar que o mundo seria pior
sem ele.
Assim, a evidente identificação da autora
com as angústias e as alegrias que relata faz com que o leitor às vezes esqueça
que se trata de um texto, de um artifício literário. Tem-se a impressão de que
é a própria vida que transcorre diante de nossos olhos.
Em primeiro lugar, os personagens são todos
convincentes. Filhos da elite cultural paulistana, misturam
Marx com cerveja, Kafka com palhaço Pepino, beijo a três com medo de barata.
Discutem tudo, abertamente. São antenados, inteligentes, falsa e
verdadeiramente entediados. Não pensam no futuro profissional ou em qualquer
outra besteira do gênero. Pequenos cronópios
assustados com a claustrofobia que os táxis provocam
- "acho que estou ficando grande demais pros lugares", diz Fran.
Entre eles, pouco a pouco, ganha espaço Miguel, que praticamente assume o primeiro plano
da narrativa. É um revoltado à maneira de Holden
Caulfield, de O apanhador no campo de
centeio, e está "cansado de quem acha tudo absolutamente normal". Seu drama
é querer "viver para uma puta música fodida" que ele nem sabe tocar.
Quando seus pais, preocupados com o filho
em crise, abrem a janela do quarto dele para que entre um pouco de sol, Miguel
diz: "eu não quero um pouco de sol, eu quero muito sol, eu quero abraçar o sol
inteiro como se ele fosse um urso gigante, num lugar bem longe daqui". Sua
aposta é alta. Quer encontrar a Poesia e fazer a Revolução. Ou, no mínimo,
tornar-se uma pessoa legítima.
Do ponto de vista da linguagem, Celeste
opta por frases diretas, sem rebuscamento sintático, com um pé forte na
oralidade (a oscilação tranquila entre "pra" e "para" é um detalhe cativante).
Os diálogos, por sua vez - tão fundamentais para a estrutura do relato quanto a narração em terceira pessoa -, merecem atenção. Não há
neles nem sombra de preconceito linguístico. Visando a verossimilhança, ignoram
a norma culta sem pudor. São realistas no melhor sentido do termo. Parecem,
enfim, terem brotado espontaneamente; e já
sabemos, pelo menos desde os modernistas, que a espontaneidade é uma
construção difícil.
Mas a grande qualidade de Para quando formos melhores é que
Celeste ama - sem autocomplacência e sem baratear esse amor em nome de um bom gosto blasé - cada um dos "seres humanos"
que inventou. E essa é outra característica que vincula o livro à obra do tchekhoviano J. D. Salinger, criador da inesquecível
família Glass. É como se a intenção última de Celeste fosse apresentar Miguel e
seus amigos para o leitor, a fim de que desse encontro pudesse nascer uma
amizade verdadeira.
Não é que ela conseguiu?
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