Na próxima quinta-feira, dia 24 de outubro se comemora o Dia das Nações Unidas e alguns artistas da Bienal Internacional de Curitiba expõem trabalhos relacionados ao tema.
Os
conflitos militares e o desarmamento; o trabalho escravo e infantil; a
miséria na África; os desafios de preservação do meio ambiente, enfim o
pleno exercício dos direitos humanos são apenas algumas das questões
atuais que a Organização das Nações Unidas
se propõe a lutar. Nesta Bienal, mais de 20 artistas de diversos
lugares do mundo trazem à tona seu pensamento crítico e criatividade
nesta discussão global.
O argentino Carlos Trilnick utiliza um estádio de futebol vazio e um pano preto cobrindo um dos gols para propor, no vídeo intitulado “Contahomenaje 1978-2003, 2003”, um relato metafórico da corrupção e violação dos direitos humanos
na Argentina durante a ditadura militar. Especializado em vídeo,
fotografia e tecnologias digitais, já expôs no MOMA em Nova Iorque, na
Bienal das Imagens em Movimento de Genebra, no Instituto de Arte de
Chicago.
O artista japonês Jonathan Meese apresenta foto-colagem e livros com aplicações em cerâmica que abordam a iconografia do nazismo
e remetem à problemática do tempo e da matéria. Ele faz parte do Magnet
River, um coletivo de artistas europeus que também expõem nesta Bienal.
Sua obra está presente em museus importantes como o ARTAX em Dusseldorf e o Pompidou em Paris.
William Kentridge é
um dos principais nomes da cena artística mundial, um sul-africano que
mostra quatro vídeo-animações nesta Bienal, dentre elas, "Felix in Exile". Os vídeos inovam na técnica, com discursos que abordam conflitos sociais, pessoais e a transição da África do Sul, com sua independência e o fim do apartheid.
A obra "Abismo" do brasileiro João Castilho é
um vídeo minimalista em que imagens plásticas incertas é mostrado um
bote com homens negros, quase invisíveis à noite, rumo ao desconhecido.
Alude aos imigrantes africanos clandestinos que hoje buscam o sul
da Europa, ou aos que partem de Cuba rumo à Flórida. Pelo seu trabalho
já recebeu os prêmios Ibram de Arte Contemporânea, Projets de Création
Artistique, Prêmio Marc Ferrez de Fotografia e Prêmio Conrado Wessel.
O alemão Wolfgang Stiller expressa
a sua arte a partir do sofrimento físico e mental, gerado pelos
desgastes urbanos cotidianos, que provocam o esgotamento ou burn out diante das pressões do dia a dia. A instalação “Monges” representa um grupo de seres refugiados,
vivendo distante dos conflitos da sociedade contemporânea. Sua obra faz
parte de coleções como Museum Bochum (Alemanha) e Museum Belden na Zee
(Holanda).
O imaginário da guerra se faz presente em diversos outros trabalhos como na série “Farsa”, da artista Dora Longo Bahia,
que mostra a profundidade da pesquisa pictórica sempre com implicações
políticas. Os contextos de guerra em pinturas históricas são
confrontados com fotografias de mesmo cunho, que circularam na mídia. As
pinturas realizadas sobre lona de caminhão do exército são vandalizadas
no espaço expositivo pela própria artista que é doutora em Poéticas
Visuais (ECA/USP).
Para a israelense Michal Rovner, a obra “Tracing” é
um trabalho elaborado na interseção entre a imagem estática da
fotografia e a imagem em movimento referindo-se com frequência ao tempo e
a condição humana. Seu trabalho revela um histórico de discussão
de questões políticas com exposições em Nova Iorque (Whitney Museum),
Paris (Louvre) e Londres (Tate Gallery).
Dominique Dubosc nasceu
na China, mas vive e trabalha principalmente em Paris. Cineasta de
documentários desde 1968, já rodou cerca de cem filmes mundo afora. Em “Territórios ocupados”,
doze sequências filmadas na Cisjordânia e em Gaza, mostra cenas
cotidianas dos territórios palestinos ocupados por Israel. A obra revela
mais do que a longa e sangrenta disputa pelo espaço, mas também o
estado permanente de viver sob ameaça.
Na performance da australiana Jill Orr, mostra-se a crueldade da invasão americana ao Iraque através da representação da aberração humana de Goya. “The sleep of reason produces monsters”
retrata os acontecimentos mundiais dos últimos tempos com esculturas
criadas a partir de uma tonelada de ossos. Ela é doutora pela
Universidade Monash (Melbourne, 2013) e já recebeu prêmios do Australia
Council, Arts Victoria and Vic Health.
Em "Shadows from another place", a artista de webarte Paula Lavine mapeia a primeira noite da invasão americana em Bagdá
(2003) espelhando-a na cidade de São Francisco. Interessada em uma
ampla variedade de mídias digitais seus projetos recentes de utilizam a
web, mapeamento e coordenadas GPS. "The Wall – The World" usa
o Google-Earth para mostrar o muro de 15 milhas na Cisjordânia, que
pode ser projetado em qualquer cidade escolhida pelo usuário.
Escritor, artista, publicitário e tecnólogo, James Bridle usa imagens do Google Earth para interagir com literatura, cultura e internet. Na obra "Dronestagram" o busca em sites da mídia, dos governos e na Wikipédia, as localidades que Drones (veículos aéreos não tripulados) utilizados por exércitos atingem.
Pioneira na arte web, a russa Olia Lialina apresenta em "My boyfriend came back from war" o relato de dois amantes que se reúnem após um conflito militar. O espectador vai alinhavando mentalmente o enredo, achando, por fim, um sentido do texto.
A investigação do artista colombiano Edwin Sánchez vem abordando a linha tênue da moral, a noção de direito e a complexidade da violência e do conflito armado em
seu país. Os trabalhos tentam romper com as bases estabelecidas,
mostrando quase sempre as provas dos seus delitos. Para ele interessa
evidenciar os mecanismos perversos de uma sociedade e não apenas mostrar
as soluções como na obra “Exercício de Anulação”. Ele já expôs na Costa Rica, Noruega e no México.
O paulistano Laerte Ramos mostra uma catalogação de armas de fogo cuja forma e tamanho são tão fiéis quanto o título das obras. “Arma Branca” e “Temporada de Caça” são armas
feitas de cerâmica de amplo sentido pictórico. O artista já ganhou
diversos prêmios como o Don Alvar Nuñes Cabeza de Vaca e o Prêmio Mostra
Trienal de Gravura Lelocleprints04 (Suíça).
O cubano René Peña já participou de exposições individuais e coletivas na América e Europa. Sua fotografia assume os valores da bela forma (harmonia, equilíbrio, síntese e proporção), para registrar as contradições de uma realidade social conflituosa e apontar com ironia figuras da história da arte como é o caso de “Black Marat”.
O video-artista Antoni Abad expõe em "Megafone.Net" é uma plataforma que agrega materiais produzidos por grupos que sofrem algum tipo de discriminação,
utilizando celulares com dispositivo fotográfico. Já foram
desenvolvidas ações com desabrigados na Colômbia, taxistas no México,
trabalhadores do sexo em Madrid, motoboys em São Paulo, cadeirantes em
Barcelona, jovens camponeses em Leon e Lérida (Espanha).
A série “Mãos para São Paulo” do artista José de Quadros foi concebida
como uma homenagem silenciosa às pessoas incógnitas que atuam nos
grandes centros urbanos – retratando em monotipias as mãos de habitantes
de São Paulo que foram vítimas de acidentes de trabalho e, por
isso, mutilados. O trabalho é acompanhado de esculturas de ex-votos que
retratam também corpos mutilados. Sua obra pictórica seja ela sobre
papel, tela ou acrílicos abrange temas de caráter social e político
baseadas em seu cotidiano e assimiladas através de seu olhar e
sensibilidade aguçados.
O maceioense Delson Uchôa expõe sua tapeçaria elaborada com tinta acrílica
e resina sobre lona. A desconstrução do clichê do tropicalismo
brasileiro e a crítica ao circuito de produção e circulação dos bens
transportados desde a China até o Nordeste estão presentes em sua obra,
que também questiona a exploração do trabalho e o uso de mão de obra
barata. Dentre diversas exposições destacam-se: Arco Madrid (Espanha, 2013 e 2011), 12a Cairo Bienalle (Egito, 2010) e 10a Bienal de la Habana (Cuba, 2009).
O hondurenho Adán Valencillo veio para Curitiba para criar sua obra que apresenta uma crítica social e ambiental
utilizando pigmentos e fluidos (chorume) coletados no Aterro da
Caximba. A obra foi feita diretamente na parede do Museu. Já expôs seu
trabalho em bienais como a de Veneza (2011), Pontevedra na Espanha
(2010) e La Habana em Cuba (2009).
Por fim, a obra do indiano Jitish Kallat propõe um novo planejamento urbano e paisagismo para a cidade de Mumbai. A proposta aparece na série fotográfica “Chlorophyll Park (Mutatus Mutandis)”, com soluções utópicas construídas para simular outra realidade.
Nas imagens, o artista insere grama no chão, um elemento surreal que
altera a realidade sobre o trânsito caótico da cidade. Kallat trabalha
com uma grande variedade de meios como pintura, escultura, fotografia e
instalação e já realizou exposições em lugares como o Museu Arken
(Dinamarca), Museu de Arte Contemporânea de Lyon (França) e Essl
(Áustria).
PatrocínioA Prefeitura Municipal de Curitiba/Fundação Cultural de Curitiba e o Banco Itaú
apresentam a Bienal Internacional de Curitiba 2013, realizada por meio
da Lei Federal de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura (Lei
Rouanet). Esta edição também conta com o patrocínio Petrobras, BNDES, Votorantim Cimentos e Volvo, além da Copel e Sanepar, por meio da Conta Cultura. Tem copatrocínio da Barigui Financeira
e Construtora JL, além do apoio do Governo do Paraná/Secretaria de
Estado da Cultura, Sesi no Paraná e Sistema Fecomércio Sesc Senac PR.
Data: Até 1° de dezembro
Adan Valencillo, Carlos Trilnick, Dominique Dubosc, Jonathan Meese, Michal Rovner, René Peña, William Kentridge, João Castilho, Delson Uchôa
Local: Museu Oscar Niemeyer (Rua Marechal Hermes, 999 I Centro Cívico)
Horário de visitação: 10h às 18h (3ª feira a domingo)
Tel.: (41) 3350-4400
Ingresso: R$6 e R$3 (meia entrada)
Edwin Sánchez
Local: Solar do Barão – Museu da Gravura e Museu da Fotografia Cidade de Curitiba
Horário de visitação: 9h às 12h e 13h às 18h (2ª a 6ª feira) e 12h às 18h (sábado, domingo e feriados)
Local: Rua Pres. Carlos Cavalcanti, 533 I Centro
Tel.: (41) 3322-1525
Ingresso: Gratuito
José de Quadros, Laerte Ramos, Dora Longo Bahia, Wolfgang Stiller
Local: Casa Andrade Muricy (Al. Dr. Muricy, 915 I Centro)
Horário de visitação: 10h às 19h (3ª a 6ª feira) e 10h às 16h (sábado, domingo e feriados)
Tel.: (41) 3321-4798 e 3321-4786
Ingresso: Gratuito
Local: Paço da Liberdade (Praça Generoso Marques, 189 I Centro)
Horário de visitação: 10h às 12h (3ª a 6ª feira), 10h às 18h (sábados) e 11h às 17h (domingos e feriados)
Tel.: (41) 3234-4200
Ingresso: Gratuito
http://sescpr.com.br/eventos/
Jill Orr
Local: Galeria da APAP/PR (Associação Profissional dos Artistas Plásticos do Paraná - Av. Jaime Reis, s/n Sala 07 I São Francisco)
Horário de visitação: 14h às 17h (3ª a 6ª feira) e 10h às 13h (sábado e domingo)
Tel.: (41) 3232-0408
Ingresso: Gratuito
www.apap.com.br
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