Modernismo localista das Américas –
Os contos de Faulkner, Guimarães Rosa e Rulfo
De Paulo Moreira
344 páginas
Edição: 1ª Edição - 2013
Número de Páginas: 344
Acabamento: BROCHURA
Formato: 15.80 x 1.00 cm
Numa perspectiva comparativa, este livro articula as noções de conto, localismo e estética narrativa moderna a fim de examinar as obras de Faulkner, Guimarães Rosa e Rulfo. A partir de uma abordagem minuciosa de 15 histórias que compõem uma magnífica antologia imaginária, reflete sobre como autores decisivos da literatura das Américas contribuíram para o desenvolvimento da narrativa no século XX.
A Editora UFMG acaba de lançar o livro Modernismo localista das Américas: os contos de Faulkner, Guimarães Rosa e Rulfo, de Paulo Moreira. A obra articula, numa perspectiva comparativa, as noções de conto, localismo e estética narrativa moderna, ao examinar as obras do americano William Faulkner, do brasileiro Guimarães Rosa e do mexicano Juan Rulfo.
Paulo Moreira aborda de forma minuciosa 15 histórias que compõem uma antologia imaginária, e reflete sobre como os autores, considerados decisivos da literatura das Américas, contribuíram para o desenvolvimento da narrativa no século 20.
O livro aponta três eixos centrais que aproximam os autores: a narrativa curta, o localismo e a estética narrativa moderna. Segundo Paulo Moreira, praticamente todas as obras de Faulkner, Guimarães e Rulfo se ocupam de áreas rurais à margem dos centros locais e nacionais. O autor ressalta também que a estética narrativa moderna, desenvolvida a partir do fim do século 19, é explorada pelos três com grande senso de independência criativa.
O AUTOR
Paulo Moreira
Doutor em Literatura Comparada pela Universidade da Califórnia e professor do Departamento de Espanhol e Português da Universidade de Yale, Paulo Moreira publicou diversos artigos e resenhas sobre literatura e cinema contemporâneos, relações culturais entre Brasil e México, poesia, literatura afro-brasileira e traduziu contos de Faulkner para o português.
Contos em coletânea imaginária
“Modernismo localista” de William Faulkner, Guimarães Rosa e Juan Rulfo é analisado em livro de pesquisador da Universidade de Yale publicado pela Editora UFMG
Faulkner, Rosa e Rulfo: muito além da nostalgia do meio rural
“Três autores que estão entre os maiores, que vieram de meios rurais pobres, acanhados, e que escreveram obsessivamente sobre essas regiões da infância. Investigaram amorosamente essas regiões por toda a vida, e as interpretaram inventivamente”. Assim, o pesquisador Paulo Moreira define os escritores que analisa no livro Modernismo localista das Américas – Os contos de Faulkner, Guimarães Rosa e Rulfo, recém-publicado pela Editora UFMG.
Para seu empreendimento, Paulo Moreira, que lecionou e continua pesquisando em ano sabático na Universidade de Yale, nos Estados Unidos, organizou uma coletânea imaginária de 15 contos, dividida entre o americano William Faulkner, o brasileiro Guimarães Rosa e o mexicano Juan Rulfo.
“Contra a tendência da leitura de um conto como unidade isolada, proponho que uma análise crítica de um livro de contos leve em consideração os contrastes e sintonias que cada texto estabelece com seus companheiros de livro, o que oferece ao leitor a renovação de suas expectativas”, explica o autor.
Paulo Moreira então resolveu perguntar-se por que se limitar aos livros que existem e não inventar outros, considerados inviáveis pelo mercado editorial. “Foi o que fiz nesse meu livro: imaginei uma coletânea com cinco contos de cada autor, intercalados em cinco trios, cada conto lido na sua língua original”, diz Moreira. “Um livro trilíngue de três autores, impossível na biblioteca ou na livraria, mas não na minha cabeça ou na de qualquer leitor.”
Nem arcaico nem bucólico
Quando fala em “interpretação inventiva”, Paulo Moreira quer dizer que Faulkner, Rosa e Rulfo souberam absorver as lições do que ele chama de modernismo no seu sentido mais amplo, que acontece entre 1890 e 1960, “em várias partes do mundo, em ondas sucessivas”. “Os três aproveitaram o que esse modernismo tinha para ensinar sobre a representação artística, não como espelho neutro da realidade, mas como interpretação renovada, criativa, livre do conceito de fidelidade como cópia”, afirma o pesquisador.
Para ele, os escritores voltaram os olhos para seus ambientes de origem e viram neles muito além do que muita gente tem sido capaz, impedida pela “nostalgia para com o meio rural” que caracteriza a cultura ocidental. “Em periferias de regiões pobres inseridas em macrorregiões duplamente periféricas (Minas Gerais, o estado do Mississipi, no Sul dos Estados Unidos, e o estado mexicano de Jalisco), eles não viram nem o arcaico atrasado dos progressistas nem o bucólico idealizado pelos conservadores”, diz Paulo Moreira.
Depois de conhecer Guimarães Rosa na escola, em Belo Horizonte, Paulo Moreira travou contato com a obra de Faulkner na graduação em Letras na UFMG e na Universidade da Califórnia, onde fez doutorado em literatura comparada. Lá mesmo foi apresentado a Juan Rulfo e mergulhou na cultura e na literatura mexicanas.
Modernismo localista das Américas é também uma defesa veemente da ideia de que o conto tem limites e possibilidades equivalentes aos do romance, da poesia ou do ensaio. “Alguns escritores são interessantes porque não se importam em absoluto com essas demarcações de fronteiras”, justifica.
“O escritor mexicano Daniel Sada, morto recentemente, um dos maiores talentos da narrativa latino-americana, me disse que Esses Lopes, do Guimarães Rosa, contém um romance inteiro em duas páginas e meia! E é verdade”, afirma Paulo Moreira. Ele revela ainda que centrou sua análise nos contos também porque esses textos são muito menos estudados que os romances de Faulkner, Rosa e Rulfo, embora sejam parte central das obras dos três autores.
“Além disso, me parece que os contos têm papel definidor no tipo de romance que eles acabaram escrevendo”, completa o pesquisador.
texto de Itamar Rigueira Jr.
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