quinta-feira, 15 de novembro de 2012

BRASIL PORTUGAL AGORA - Leya apresenta "novíssimos" autores portugueses

Cinco escritores portugueses desembarcam no Rio de Janeiro, tendo como destino o Morro dos Prazeres, em Santa Teresa, palco da 1. edição da Festa Literária Internacional das UPPS, ou seja, a festa dos livros e dos autores numa das muitas favelas do Rio de Janeiro.

Eles foram os escolhidos pelo grupo editorial português Leya para lançar no Brasil a coleção "Novíssimos", que pretende apresentar "algumas das vozes mais emblemáticas da nova literatura portuguesa", nas palavras da casa editora.

"O Teu Rosto Será o Último", de João Ricardo Pedro, "Para Cima e Não Para Norte", de Patrícia Portela, "Por Este Mundo Acima", de Patrícia Reis, "No Meu Peito Não Cabem Pássaros", de Nuno Camarneiro, e "Um Piano Para Cavalos Altos", de Sandro William Junqueira, são os primeiros livros da coleção.



"Livros, leituras, escritores do Brasil e do mundo inteiro, oficinas, teatro, exposições, ações culturais diversas ocuparão inventivamente a comunidade", afirmam os organizadores do evento promovido pelo Ministério da Cultura, Secretaria da Cultura do Rio e empresas estatais, numa iniciativa que faz parte da estratégia de instalar o Estado nas comunidades, muitas delas controladas pelo crime organizado.

"Nosso objetivo maior sempre foi colocar o livro – e a leitura, a literatura, o conhecimento – na ordem do dia. Conectar diversas redes a partir dele, torná-lo visível, usual e efetivo também para a chamada classe C. Classe C de Cultura como dizemos o tempo todo. Para nós, é importante irradiar, multiplicar e compartilhar o hábito da leitura, para muito além das disposições do mercado", lê-se no blog do projeto que promete colocar as comunidades das favelas do Rio nos roteiros culturais.

Afinal, como disse Mia Couto, o escritor moçambicano participando de um sarau literário num bairro dos subúrbios de São Paulo, as periferias também têm pensamento próprio.

"Acredita-se que a periferia pode dar futebolista, cantor, dançarino. Mas, poeta? No sentido que o poeta não produz só uma arte, mas pensamento. Isso acho que é o grande racismo, a grande maneira de excluir o outro. É dizer: o outro pode produzir o que quiser, até o bonito. Mas, pensamento próprio, isso não", disse Mia Couto no sarau da Cooperifa, realizado no Bar do Zé Batidão, na região do Jardim Ângela.



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