domingo, 4 de abril de 2010

Crossover - ESPORTE, CINEMA, HISTÓRIA, ARTE

Crossover é um termo usado na música para designar duas ou mais aparições em charts com diferentes géneros de músicas.
Mais recentemnte passa-se a dár-se o nome de Crossover ao evento fictício em que dois ou mais personagens, cenários ou acontecimentos são compartilhados por séries diferentes.
Crossover é uma técnica literária de misturar personagens de núcleos diversos interagindo entre eles. Revistas em Quadrinhos e desenhos animados fazem esta união quase que constantemente e são constantes os encontros entre personagens da DC Comics (a qual pertencem famosos personagens como Super-Homem, Batman, Mulher-Maravilha, etc.) e Marvel Comics (a qual pertencem personagens famosos como Homem-Aranha, Hulk, Quarteto Fantástico, X-Men, etc.).
O nosso Crossover se dá entre o
Cinema e o Esporte, onde as representações sociais interagem com os eventos artísticos, desembocando no conceito que Esporte é Cultura e que inclusão social pode-se dar através das atividades esportivas e artísticas.
Em um longo artigo de Victor Andrade de Melo -

[Em seu texto - A presença do esporte no cinema: de Étienne-Jules Marey a Leni Riefenstahl,
Victor Andrade de Melo (da Universidade Federal do Rio de Janeiro) procurou argumentar que é possível identificar muitas proximidades entre cinema e esporte nos primórdios da constituição da indústria do espetáculo, algo que deve ser compreendido no contexto de construção da modernidade. Aprofunda discussão, demonstrando de forma empírica como se estabeleceram os relacionamentos entre as duas linguagens desde antes mesmo da primeira exibição pública de um filme, promovida pelos irmãos Lumière em 1895. Teve o intuito básico de identificar as mudanças que houve nas representações do esporte no cinema, à medida que amadurece a própria linguagem cinematográfica e que se aprofundam os diálogos entre as duas manifestações.] Assim inspiramos nossa busca por livros que nos incitassem a este mix e destacamos :

ESPORTE E CINEMA
Novos olhares
de VICTOR ANDRADE DE MELO e
MAURÍCIO DRUMOND (Organizadores)



264 páginas

Coleção Sport: História

“Esporte e cinema: novos olhares” reúne artigos que procuram discutir as relações entre essas duas grandes artes da modernidade. O livro está dividido em 3 partes, na primeira seção (Panoramas) discute-se esse relacionamento em dois países (Portugal e Argentina) e tendo dois esportes como tema central (o futebol e o boxe). A segunda parte (Diálogos) é dedicada a discutir questões identitárias (de gênero, de juventude, de nação) tendo filmes esportivos como objetos de reflexão. A última sessão (Resenhas) reúne uma série de olhares sobre diversas películas que tiveram o esporte como tema central ou de grande importância. Esse livro junta-se a iniciativas anteriores (os livros Cinema e esporte: diálogos, Futebol por todo o mundo e O esporte vai ao cinema) na conformação de um campo de investigação que intenta prospectar os diferentes sentidos e significados socioculturais através dos encontros entre essas duas fascinantes manifestações culturais”.

SOBRE OS ORGANIZADORES:
Victor Andrade de Melo

Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Programa de Pós-Graduação em História Comparada e Escola de Educação Física e Desportos). Coordenador do “Sport”: Laboratório de História do Esporte e do Lazer. Bolsista de produtividade em pesquisa/CNPq.

Maurício Drumond
Licenciado e Bacharel em História/IFCS/UFRJ. Mestre em HistóriaComparada/PPGHC/ IFCS/UFRJ. Doutorando em História Comparada/PPGHC/IFCS/UFRJ. Pesquisador do “Sport”: Laboratório de História do Esporte e do Lazer.

CONTEÚDO

APRESENTAÇÃO:

Esporte e Cinema: Novos Olhares......11
Victor Andrade de Melo e Maurício Drumond
PARTE 1 - PANORAMA.......15

Capítulo 1: Esporte, Cinema e Política na Argentina de Juan Perón

(1946-1955): Apontamentos para um Estudo Comparado.............. 17
Victor Andrade de Melo e Maurício Drumond

Capítulo 2: O Esporte no Cinema de Portugal ............................... 57
Victor Andrade de Melo

Capítulo 3: Futebol e Cinema: Relações ......... 79
Victor Andrade de Melo

Capítulo 4: Cinema, Corpo, Boxe: Reflexões Sobre Suas Relações e a

Questão da Construção da Masculinidade ........... 95
Victor Andrade de Melo e Alexandre Fernandez Vaz

PARTE 2 – DIÁLOGOS ....... 145

Capítulo 5: Futebol, Cinema e Novas Sensibilidades no Território

Masculino: Uma Análise de Asa Branca, Um Sonho Brasileiro (1981)

e Onda Nova (1983) ..... 147
Victor Andrade de Melo e Jorge Dorfman Knijnik

Capítulo 6: O Surfe no Cinema e a Sociedade Brasileira na Transição

dos Anos 1970/1980 .... 185
Victor Andrade de Melo e Rafael Fortes

Capítulo 7: Garrincha X Pelé: Futebol, Cinema, Literatura e a Construção da Identidade Nacional .... 221
Victor Andrade de Melo



CINEMA - HISTÓRIA
TEORIA CINEMA-HISTÓRIA
E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS NO CINEMA
de JORGE NÓVOA E JOSÉ D’ ASSUNÇÃO BARROS - ORGANIZADORES


328 páginas

O livro Cinema-História: teoria e representações sociais no cinema reúne artigos de pesquisadores que buscam, através das imagens em movimento, analisar a sociedade que as produziram. O cinema, quando surgiu, foi tratado como arte menor, diversão para iletrados. Entretanto, com o desenvolvimento desta forma de expressão, vários intelectuais passaram a freqüentar as salas cinematográficas e a considerar o cinema, ou pelo menos alguns filmes, como obras de arte. A partir dos anos 70 do século XX, o historiador francês Marc Ferro introduz, de forma definitiva, o cinema como fonte para a escrita da História. Tanto filmes de ficção, narrativas que abordam o tempo presente, passado ou até mesmo futuro, caso da ficção científica, quanto os cinema-documental e experimental, todos podem ser analisados e investigados pela História. Os textos que compõem este livro foram escritos por historiadores que trabalham a interação entre estas duas formas de apreensão, compreensão, análise e leitura da sociedade, aproximando a imaginação histórica da cinematográfica. Os três primeiros artigos trabalham a questão metodológica, procuram mostrar as “conexões e implicações estabelecidas nesta complexa convivência”. Os demais textos se voltam para o cinema nacional dos anos 60, 70, 80 e 90: CINEMA NOVO; exclusão social nos documentários brasileiros; a cultura popular nos filmes de Mazzaropi e a recente produção nacional são os temas.


SOBRE OS ORGANIZADORES
Jorge Nóvoa coordenou a Oficina Cinema-História da Universidade Federal da Bahia – UFBA – de 1994 a 2006 e é editor da revista O Olho da História (www.oolhodahistoria.ufba.br).Doutor em Sociologia pela Universidade de Paris VII – Denis Diderot, Mestre em História Social pela Universidade Federal da Bahia. Professor do Departamento de História e Pós-Graduação em História da UFBA. Coordenador da Oficina Cinema-História da Universidade Federal da UFBA (1994-2006) e editor da revista O Olho da História (www.oolhodahisoria.ufba.br)

José D´Assunção é Coordenador e Pesquisador do LIS – Laboratório da Imagem e do Som - da Universidade Severino Sombra em Vassouras.Doutor em História Social pela UFF. Professor nos cursos de Graduação e Mestrado em História da universidade Severino Sombra. Autor dos livros O Campo da História. O Projeto de Pesquisa em História, Cidade e História, entre outros.


CONTEÚDO
Prefácio
(por Jorge NÓVOA e José D’Assunção BARROS)

Apologia da relação Cinema - História
(por Jorge NÓVOA)

Cinema e História: entre expressões e representações
(por José D’Assunção BARROS)

O retorno do Retorno de Martin Guerre: Natalie Davis, cinema e história
(por Alberto Moby Ribeiro da SILVA)

CHistória, documentário e exclusão social
(por Sávio Tarso Pereira da SILVA)

Metamorfoses do cinema brasileiro na era da mundialização neoliberal: em busca de uma identidade estética?
(por Jorge NÓVOA)

Cultura popular: espaço de deboche e de resistência. Uma representação em Tristeza do Jeca
(por Soleni Biscouto FRESSATO)

O mal-estar na modernidade: o Cinema Novo diante da modernização autoritária (1964-1984)
(por Wolney Vianna MALAFAIA)

A história em transe: o tempo e a história na obra de Glauber Rocha
(por Cristiane NOVA)

Figurações, mitificação e modernização: visões do nordeste na cinematografia brasileira dos anos 1990.
(por Antonio da Silva CAMARA)

Madame Satã: uma estética marginal
(por Marilene Rosa Nogueira da SILVA)

Cinema (imagem) e esporte: diálogos entre linguagens na modernidade
(por Victor Andrade de MELO)


ESPORTE, LAZER E ARTES PLÁSTICAS: DIÁLOGOS
de VICTOR ANDRADE DE MELO


Capa dura
212 páginas
Coleção Sport: História

Interessante debate que toma o esporte como questão da sociedade contemporânea buscando seu caráter expressivo e em que medida as práticas esportivas podem ser parte da experiência estética. O olhar de Victor Andrade de Melo é o do amante, aquele que se aproxima do outro sem a pretensão de destruí-lo, já sabendo, de antemão, que a graça do jogo é entregar-se, deixar-se levar pelo movimento mimético que tanto a arte quanto o esporte convidam.

O AUTOR
Victor Andrade de Melo
Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Programa de Pós-Graduação em História Comparada e Escola de Educação Física e Desportos). Coordenador do “Sport”: Laboratório de História do Esporte e do Lazer. Bolsista de produtividade em pesquisa/CNPq.


É interessante ainda conhecermos o texto do prefácio deste último livro

ESPORTE NA ARTE, COMO ARTE:

Um prefácio para Victor Andrade de Melo


Um dos debates mais interessantes nos estudos que tomam o esporte como importante questão da sociedade contemporânea diz respeito ao seu possível caráter expressivo, ou, dito de outra forma, em que medida as práticas esportivas podem ser parte da experiência estética. Dentro desse quadro, uma pergunta derivada, mas que não surge com frequência – e que, talvez, tenha aparecido apenas como momento perverso da sociedade capitalista, ao ser formulada por Theodor W. Adorno –, é em que medida a arte se torna esportiva ou como o esporte se deixa escapar de seus domínios estritos para chegar a influenciar a obra de arte. Como fenômeno da modernidade, as práticas esportivas foram e são fruídas, de certa forma, pelo menos utopicamente, como a arte, “finalidade sem fim”, expressão de nossa finitude e seu respectivo impulso a tentar superá-la.
Não são poucos, ainda que dispersos e não muito sistemáticos em seu conjunto, os estudos que tomam o esporte em sua dimensão estética como tema de análise e reflexão. Dentre eles destacam se os de Victor Andrade de Melo, ele que nos tem brindado com uma profusão de textos – experimentais, desbravadores, analíticos, conclusivos – em que esporte e arte aparecem imbricados numa mesma problemática, no mais das vezes, relacionados como temas da história da cultura de nosso tempo. Melo se alia, assim, ainda que de um outro ponto de vista, a autores como o crítico literário Hans Ulrich Gumbrecht, que, como poucos, soube ler no esporte o fascínio estético da sutura entre o épico e o trágico, que anteviu, no êxtase da performance, o momento ruidoso da dor e da beleza que tanto nos humaniza. Também nos faz lembrar do sociólogo Allen Guttmann, que, ao destacar o momento erótico que compõe o esporte, nos autoriza a pensá-lo em seu momento de desejo que faz ultrapassar a busca pelo rendimento, alcançando o primado da forma. Mesmo que em outra direção argumentativa, Melo também se aproxima do tipo de preocupação de Adorno, esse crítico severo do esporte em sua dimensão de espetáculo no registro da indústria cultural, mas que reconheceu na tradição do jogo, tal como sintetizada por Johan Huizinga, o exercício de resistência que aproximaria a mímesis do puro deleite que transcende os ardis reificadores da sociedade administrada. Mas Melo trata também, neste instigante e surpreendente livro que temos em mãos, da outra margem do rio, a que ladeia a reflexão sobre como o esporte, ao se tornar peça de atenção disseminada como espetáculo e como prática de lazer, influencia a arte – a infrequente pergunta que antes citava. Isso, já conhecemos na literatura; os ritmos da bola e do jogo de corpo a operarem na escrita expressiva, criando e recriando uma maneira de observar, de escrever e de ler os esportes, algo presente em crônicas de Nelson Rodrigues, em romances de Paul Auster, na crítica de José Miguel Wisnik. Mas, é de artes plásticas que trata o livro, então é de ciclistas em velocidade, do gesto da tauromaquia, de plásticos lutadores, de superatletas, de vitórias em cores e formas às vezes tão “disformes” quanto o próprio fascínio que são capazes de causar. Por isso, aqui emergem Rubens Gerchman e Max Liebermann, Marcel Duchamp e as sensibilidades que se nos apresentam em conexão tensa entre um presente em plena transformação perceptiva e um passado técnico, estético e semântico que, como tal, se recria a cada apreciação, a cada movimento de subjetivação reordenadora. Dos muitos trabalhos de Melo sobre os entroncamentos, conflitos, harmonias e afinidades eletivas entre esporte e arte, os que mais se destacavam, até hoje, eram os escritos sobre cinema, esforço que compartilhei com ele em algum texto, experiência privilegiada de trabalhar em conjunto com alguém que, entre outras qualidades, apresenta uma incrível capacidade de aglutinar esforços e talentos dispersos, e mesmo conflitantes, em um mesmo projeto (o apêndice do livro é, aliás, um exemplo marcante disso). Eis, no entanto, que esta obra não supera o esforço anterior, mas o complementa, de maneira a potencializá-lo em novo patamar. Ao se dedicar às artes plásticas como fonte, ao considerá-las como uma espécie de expressão do inconsciente de seu próprio tempo, Melo lembra a figura do colecionador, de Walter Benjamin, aquele que organiza e reorganiza as espécimes em diferentes configurações caleidoscópicas, permitindo-lhes que se mostrem em sua integridade, mas oferecendo-lhes, também, a possibilidade de encontrar novas e inusitadas formas de expressão. O olhar de Melo é o do amante, aquele que se aproxima do outro sem a pretensão de destruí-lo, já sabendo, de antemão, que a graça do jogo é entregar-se, deixar-se levar pelo movimento mimético que tanto a arte quanto o esporte convidam, sempre que o fascínio estetizante não encobre, nem exaspere o sofrimento. Este olhar, mesmo que sob a lente do deleite estético, não concorre com o gesto analítico do historiador. Pelo contrário, oferece-lhe a potência da busca de uma história social da cultura que, simultaneamente, não descuida nem do contexto, nem das singularidades – técnicas, políticas, estéticas – das fontes. Fica o convite para uma leitura que seja, ela também, dupla e, ao mesmo tempo, única: prazer estético de se deleitar onde o conceito encontra a expressão; gozo intelectual de testemunhar um movimento novo entre nós, o de um trabalho historiográfico que para além do que traz ele mesmo de narrativa, certamente abrirá novas veredas interpretativas sobre a história do esporte.
Ilha de Santa Catarina,
dezembro de 2008

Alexandre Fernandez Vaz Professor da UFSC;
Pesquisador CNPq


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