Montagem do conto clássico de Herman Melville é uma abordagem crítica das relações humanas no mundo moderno
A CAIXA Cultural Curitiba apresenta de sexta (04) a domingo (06) a peça “Bartleby”, adaptação do conto clássico homônimo do escritor americano Herman Melville (autor, entre outros, do romance de aventuras Moby Dick). José Sanchis Sinisterra, um dos maiores expoentes da dramaturgia espanhola contemporânea, assina a adaptação, que foi traduzida por Vadim Nikitin e conta com a direção de Joaquim Goulart e produção de Cácia Goulart.
Escrito em 1853, o livro de Herman Melville traça uma irônica análise da natureza humana. Personagem enigmático, Bartleby é um jovem escriturário judicial representante da rotina burocrática e cartorial do mundo do trabalho. A obra foi publicada originalmente de forma anônima numa revista em 1853.
Bartleby é um homem que não tem particularidade nenhuma: um homem qualquer, sem essência, que se recusa a fixar-se em alguma personalidade estável. É o homem das grandes cidades, da impessoalidade e que, no entanto, pretende descobrir uma moral nova para um novo homem, ainda que no nada de sua existência. Começa recusando tudo e qualquer coisa, para justamente começar alguma outra. É exemplar que justamente um homem imóvel, petrificado, ponha tudo a correr e desencadeie uma mudança nas linguagens, nos lugares, nas funções, nos hábitos: Bartleby não se opõe às amáveis investidas de seu chefe, o Advogado, mas com sua célebre frase “Prefiro não”, resiste às ordens de seu patrão e desperta uma sucessão tragicômica de acontecimentos. Contra essa cortês e inexplicável resistência pacífica do escriturário estilhaça-se todo o sistema de normas, valores e referências de seu superior.
Com duas indicações ao Prêmio Shell 2008 (melhor atriz para Cácia Goulart e melhor cenário para André Cortez), “Bartleby” estreou em 2008 no Teatro de Câmara da Unidade Provisória do SESC Avenida Paulista, onde cumpriu duas temporadas de sucesso de crítica e público. “Bartleby” também apresentou temporada no Teatro Imprensa e no Complexo Cultural Funarte/SP.
Projeto de muitos anos
A atriz e produtora Cácia Goulart já alimentava a vontade de montar este texto há dez anos: “sempre me inquietou essa narrativa, é um texto ambíguo, polissêmico e de refinado humor, cuja agudeza intelectual provoca uma atmosfera inquietante. Bartleby sintetiza as aflições do homem moderno e a nossa montagem procura extrair do embate destas relações de poder os paradoxos das relações humanas subjacentes”, afirma a artista que compõe o elenco.
De acordo com o diretor Joaquim Goulart, a adaptação de José Sanchis Sinisterra, “concentra o conflito dramático na polaridade fundamental do conto: a estranha relação do Advogado e de Bartleby, o escriturário – do amo e do subordinado – e a não menos estranha inversão que nela se produz”. Para o diretor, “outro importante aspecto dessa adaptação é o foco colocado sobre o prolixo discurso do advogado frente ao quase silêncio de Bartleby”. Questões que configuram o universo absurdo e aterrador do homem contemporâneo – como o materialismo exacerbado, o individualismo, a perda de identidade, o “nada de vontade” e o esgotamento – são abordadas na montagem, uma denúncia do “desencantamento” do mundo.
Proposta de Encenação
A pesquisa e o experimentalismo no trabalho com os atores são a linha básica de investigação do Núcleo Caixa Preta, da Cooperativa Paulista de Teatro. A montagem de Bartleby busca, portanto, se apoiar fundamentalmente na riqueza do texto original, na coerência dramática e no rigor na preparação dos atores.
A concepção do espetáculo é minimalista, no que tange ao espaço cênico e à linguagem interpretativa. O espaço cênico intimista possibilita a interação ator-público, composto por dois ambientes que se coadunam: o escritório e a prisão. A atmosfera criada pela iluminação é a de um mundo áspero, seco, árido. A trilha sonora original de Amílcar Farina objetiva dar unidade ao clima do espetáculo, compondo, ela mesma, um discurso ao texto. Os figurinos de Marina Reis contrapõem essa aridez por meio de cores fortes que sintetizam os estados emocionais de cada personagem.
Sobre Joaquim Goulart
Idealizador do projeto de restauração e reabertura do Teatro Augusta, formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), acumula uma série de trabalhos em teatro. De 1979 a 1981, integrou, em Paris, o Centre D'art de Spectable pour Enfants, com direção de Yves Vedrenne. Em 1984, participou da montagem do espetáculo “Lulu, a Caixa de Pandora”, com Bete Coelho e direção de Carmem Paternostro. Atuou na Cia. de Ópera Seca, de Gerald Thomas, participando das montagens da “Trilogia Kafka”, “Carmen com Filtro”, “M.O.R.T.E”, “Ópera Matogrosso”. Em 1991, integrou o espetáculo “Urlicht”, em Viena, dirigido pelo russo Hryhorij Hladji. De volta ao Brasil, atuou em “Othelo” e nas “Óperas Tosca”, com direção de Maurice Vaneau, e “Aída”, com direção de Antonello Madau. Em 1994, produziu e dirigiu o premiado Musical Infantil “Cegonha, Avião... Mentira, Não!”. Em 1999 inaugura o Teatro Augusta com o espetáculo “Medéia é um Bom Rapaz”, do autor espanhol Luiz Riaza, dirigido por Marco Antonio Braz. Em 2001, dirigiu e produziu “Quando as Máquinas Param” e “Navalha na Carne”, de Plínio Marcos.
Sobre Cácia Goulart
Atriz formada pela escola de atores INDAC, foi indicada ao Prêmio Shell Melhor Atriz 2003/SP – “Navalha na carne” e Prêmio Shell Melhor Atriz 2008/SP- “Bartleby”. Atuou nos seguintes espetáculos: “Edmond”, de David Mamet, direção de Ariela Goldmann; “BR3”, direção de Antonio Araújo (Teatro da Vertigem); “Navalha na Carne”, de Plínio Marcos, direção de Joaquim Goulart ; “Quando as Máquinas Param”, de Plínio Marcos, Dir. Joaquim Goulart; “Cegonha, Avião... Mentira, Não!”, premiado musical infantil com direção de Joaquim Goulart; “O Anti-Shakespeare”, com direção de Marco Antonio Braz; “Tróilo e Créssida” de Shakespeare com direção de Paula Coelho; “Auto da Barca do Inferno”, de Gil Vicente, com direção de Marcos Antunes; “Sombras de Nelson Rodrigues”, com direção de Hélio Cícero; “Casos de Família”, com direção de Marco Antonio Pâmio.
Sobre Rodrigo Gaion
Formado em interpretação pela UNICAMP, esteve no elenco de peças como “As Cadelas”, direção de Maria Thais, “Doutor Faustus Liga a Luz”, direção de Renato Cohen, “Cabrália da Peste”, direção de Johana Albuquerque. Em 2000, participou de intervenções performáticas na exposição “ÊXODOS”, de Sebastião Salgado, sob direção de Christiane Jatahy e Johana Albuquerque e também do espetáculo “Crepúsculo”, direção de Maurício Marques. Atuou em “Movido a Feijão”, “O Ó da Viagem”, “Antigo 1850” e “Mire Veja” (Prêmio Shell Categoria Especial e Prêmio APCA Melhor Espetáculo), todos sob direção de Pedro Pires e o último sob a direção de Zernesto Pessoa. Esteve no elenco de ‘A Noite de Molly Bloom”, direção de Alvise Camozzi, “Assembléia dos Bichos”, de Johana Albuquerque, “Abre As Asas Sobre Nós”, de Sérgio Roveri com direção de Luiz Valcazaras, e “O Dia das Crianças”, texto de Sérgio Roveri e direção de Ivam Cabral. Em cinema, participou do curta “Rasgue Minha Roupa”, de Lufe Stephen, que lhe rendeu o Prêmio de Melhor Ator na V Mostra Londrina de Cinema.
Ficha Técnica:
Autoria: Herman Meville
Dramaturgia: José Sanchis Sinisterra
Tradução: Vadim Nikitin
Direção: Joaquim Goulart
Co-direção: Daniela Carmona
Produção: Cácia Goulart
Elenco: Cácia Goulart e Rodrigo Gaion
Cenografia: André Cortez
Figurino, adereços e maquiagem: Marina Reis
Desenho de Luz: Joyce Drummond
Múscia original: Amílcar Farina
Preparação de Ator: Inês Aranha
Fotografia: Cacá Bernardes
Serviço: Peça: “Bartleby”
Local: Teatro da CAIXA Endereço: Rua Conselheiro Laurindo, 280, Centro – Curitiba Data: 04, 05 e 06 de dezembro Horários: sexta e sábado 21h e domingo 19h Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (meia) Bilheteria: (41) 2118-5111 (de terça a sexta, das 12 às 19h, sábado e domingo, das 16 às 19h) Classificação etária: Não recomendado para menores de 14 anos Lotação máxima do teatro: 125 lugares (02 para cadeirantes) www.caixa.gov.br/caixacultural
Escrito em 1853, o livro de Herman Melville traça uma irônica análise da natureza humana. Personagem enigmático, Bartleby é um jovem escriturário judicial representante da rotina burocrática e cartorial do mundo do trabalho. A obra foi publicada originalmente de forma anônima numa revista em 1853.
Bartleby é um homem que não tem particularidade nenhuma: um homem qualquer, sem essência, que se recusa a fixar-se em alguma personalidade estável. É o homem das grandes cidades, da impessoalidade e que, no entanto, pretende descobrir uma moral nova para um novo homem, ainda que no nada de sua existência. Começa recusando tudo e qualquer coisa, para justamente começar alguma outra. É exemplar que justamente um homem imóvel, petrificado, ponha tudo a correr e desencadeie uma mudança nas linguagens, nos lugares, nas funções, nos hábitos: Bartleby não se opõe às amáveis investidas de seu chefe, o Advogado, mas com sua célebre frase “Prefiro não”, resiste às ordens de seu patrão e desperta uma sucessão tragicômica de acontecimentos. Contra essa cortês e inexplicável resistência pacífica do escriturário estilhaça-se todo o sistema de normas, valores e referências de seu superior.
Com duas indicações ao Prêmio Shell 2008 (melhor atriz para Cácia Goulart e melhor cenário para André Cortez), “Bartleby” estreou em 2008 no Teatro de Câmara da Unidade Provisória do SESC Avenida Paulista, onde cumpriu duas temporadas de sucesso de crítica e público. “Bartleby” também apresentou temporada no Teatro Imprensa e no Complexo Cultural Funarte/SP.
Projeto de muitos anos
A atriz e produtora Cácia Goulart já alimentava a vontade de montar este texto há dez anos: “sempre me inquietou essa narrativa, é um texto ambíguo, polissêmico e de refinado humor, cuja agudeza intelectual provoca uma atmosfera inquietante. Bartleby sintetiza as aflições do homem moderno e a nossa montagem procura extrair do embate destas relações de poder os paradoxos das relações humanas subjacentes”, afirma a artista que compõe o elenco.
De acordo com o diretor Joaquim Goulart, a adaptação de José Sanchis Sinisterra, “concentra o conflito dramático na polaridade fundamental do conto: a estranha relação do Advogado e de Bartleby, o escriturário – do amo e do subordinado – e a não menos estranha inversão que nela se produz”. Para o diretor, “outro importante aspecto dessa adaptação é o foco colocado sobre o prolixo discurso do advogado frente ao quase silêncio de Bartleby”. Questões que configuram o universo absurdo e aterrador do homem contemporâneo – como o materialismo exacerbado, o individualismo, a perda de identidade, o “nada de vontade” e o esgotamento – são abordadas na montagem, uma denúncia do “desencantamento” do mundo.
Proposta de Encenação
A pesquisa e o experimentalismo no trabalho com os atores são a linha básica de investigação do Núcleo Caixa Preta, da Cooperativa Paulista de Teatro. A montagem de Bartleby busca, portanto, se apoiar fundamentalmente na riqueza do texto original, na coerência dramática e no rigor na preparação dos atores.
A concepção do espetáculo é minimalista, no que tange ao espaço cênico e à linguagem interpretativa. O espaço cênico intimista possibilita a interação ator-público, composto por dois ambientes que se coadunam: o escritório e a prisão. A atmosfera criada pela iluminação é a de um mundo áspero, seco, árido. A trilha sonora original de Amílcar Farina objetiva dar unidade ao clima do espetáculo, compondo, ela mesma, um discurso ao texto. Os figurinos de Marina Reis contrapõem essa aridez por meio de cores fortes que sintetizam os estados emocionais de cada personagem.
Sobre Joaquim Goulart
Idealizador do projeto de restauração e reabertura do Teatro Augusta, formado pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), acumula uma série de trabalhos em teatro. De 1979 a 1981, integrou, em Paris, o Centre D'art de Spectable pour Enfants, com direção de Yves Vedrenne. Em 1984, participou da montagem do espetáculo “Lulu, a Caixa de Pandora”, com Bete Coelho e direção de Carmem Paternostro. Atuou na Cia. de Ópera Seca, de Gerald Thomas, participando das montagens da “Trilogia Kafka”, “Carmen com Filtro”, “M.O.R.T.E”, “Ópera Matogrosso”. Em 1991, integrou o espetáculo “Urlicht”, em Viena, dirigido pelo russo Hryhorij Hladji. De volta ao Brasil, atuou em “Othelo” e nas “Óperas Tosca”, com direção de Maurice Vaneau, e “Aída”, com direção de Antonello Madau. Em 1994, produziu e dirigiu o premiado Musical Infantil “Cegonha, Avião... Mentira, Não!”. Em 1999 inaugura o Teatro Augusta com o espetáculo “Medéia é um Bom Rapaz”, do autor espanhol Luiz Riaza, dirigido por Marco Antonio Braz. Em 2001, dirigiu e produziu “Quando as Máquinas Param” e “Navalha na Carne”, de Plínio Marcos.
Sobre Cácia Goulart
Atriz formada pela escola de atores INDAC, foi indicada ao Prêmio Shell Melhor Atriz 2003/SP – “Navalha na carne” e Prêmio Shell Melhor Atriz 2008/SP- “Bartleby”. Atuou nos seguintes espetáculos: “Edmond”, de David Mamet, direção de Ariela Goldmann; “BR3”, direção de Antonio Araújo (Teatro da Vertigem); “Navalha na Carne”, de Plínio Marcos, direção de Joaquim Goulart ; “Quando as Máquinas Param”, de Plínio Marcos, Dir. Joaquim Goulart; “Cegonha, Avião... Mentira, Não!”, premiado musical infantil com direção de Joaquim Goulart; “O Anti-Shakespeare”, com direção de Marco Antonio Braz; “Tróilo e Créssida” de Shakespeare com direção de Paula Coelho; “Auto da Barca do Inferno”, de Gil Vicente, com direção de Marcos Antunes; “Sombras de Nelson Rodrigues”, com direção de Hélio Cícero; “Casos de Família”, com direção de Marco Antonio Pâmio.
Sobre Rodrigo Gaion
Formado em interpretação pela UNICAMP, esteve no elenco de peças como “As Cadelas”, direção de Maria Thais, “Doutor Faustus Liga a Luz”, direção de Renato Cohen, “Cabrália da Peste”, direção de Johana Albuquerque. Em 2000, participou de intervenções performáticas na exposição “ÊXODOS”, de Sebastião Salgado, sob direção de Christiane Jatahy e Johana Albuquerque e também do espetáculo “Crepúsculo”, direção de Maurício Marques. Atuou em “Movido a Feijão”, “O Ó da Viagem”, “Antigo 1850” e “Mire Veja” (Prêmio Shell Categoria Especial e Prêmio APCA Melhor Espetáculo), todos sob direção de Pedro Pires e o último sob a direção de Zernesto Pessoa. Esteve no elenco de ‘A Noite de Molly Bloom”, direção de Alvise Camozzi, “Assembléia dos Bichos”, de Johana Albuquerque, “Abre As Asas Sobre Nós”, de Sérgio Roveri com direção de Luiz Valcazaras, e “O Dia das Crianças”, texto de Sérgio Roveri e direção de Ivam Cabral. Em cinema, participou do curta “Rasgue Minha Roupa”, de Lufe Stephen, que lhe rendeu o Prêmio de Melhor Ator na V Mostra Londrina de Cinema.
Ficha Técnica:
Autoria: Herman Meville
Dramaturgia: José Sanchis Sinisterra
Tradução: Vadim Nikitin
Direção: Joaquim Goulart
Co-direção: Daniela Carmona
Produção: Cácia Goulart
Elenco: Cácia Goulart e Rodrigo Gaion
Cenografia: André Cortez
Figurino, adereços e maquiagem: Marina Reis
Desenho de Luz: Joyce Drummond
Múscia original: Amílcar Farina
Preparação de Ator: Inês Aranha
Fotografia: Cacá Bernardes
Serviço: Peça: “Bartleby”
Local: Teatro da CAIXA Endereço: Rua Conselheiro Laurindo, 280, Centro – Curitiba Data: 04, 05 e 06 de dezembro Horários: sexta e sábado 21h e domingo 19h Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (meia) Bilheteria: (41) 2118-5111 (de terça a sexta, das 12 às 19h, sábado e domingo, das 16 às 19h) Classificação etária: Não recomendado para menores de 14 anos Lotação máxima do teatro: 125 lugares (02 para cadeirantes) www.caixa.gov.br/caixacultural
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