quarta-feira, 21 de outubro de 2009

CCBBrasil Itinerante apresenta Toda Nudez Será Castigada



A programação do Centro Cultural Banco do Brasil Itinerante traz para Curitiba o espetáculo teatral Toda Nudez Será Castigada, com Armazém Cia de Teatro. Nos dias 23 e 24 de outubro, no Teatro Guaíra, o público paranaense poderá conferir a adaptação para os palcos do texto de Nelson Rodrigues, que conquistou o Prêmio Eletrobrás de Teatro 2006, nas categorias de Melhor Iluminação, Melhor Cenografia e Melhor Figurino, e o Prêmio Shell de Teatro 2005 nas categorias de Melhor Direção (Paulo de Moraes) e Melhor Iluminação (Maneco Quinderé).

A peça começa pelo fim, com a voz de Geni (Patrícia Selonk) rodando num gravador. "Herculano, quem te fala é uma morta. Eu morri. Me matei." É Herculano quem ouve. Abrindo mão de sua maior surpresa – o suicídio da protagonista –, Toda Nudez Será Castigada é toda contada em flash-back e a ação vai se construindo fragmentariamente, como cacos da memória de Herculano (Thales Coutinho).

O viúvo Herculano é o chefe de uma família conservadora, “uma família só de tias”. Fez um pacto com Serginho, o filho de 18 anos, prometendo que jamais iria substituir a mãe do menino por outra mulher. Movido por um ódio desmedido e de olho no dinheiro de Herculano, seu irmão, o ardiloso Patrício, sustenta uma das ideias centrais da peça: "todo casto é um obsceno". Antagonista em estado bruto, Patrício promove, então, a aproximação entre Geni e Herculano. É um encontro insólito. Herculano é um homem austero, o "semi-virgem". Geni é prostituta, movida por instinto, pulsão de vida, ao mesmo tempo que acha que vai morrer de câncer.



"A Geni subverte por meio do sexo", diz Patrícia Selonk – vencedora do Prêmio Shell 2009 – que interpreta o papel. “O texto é uma montanha-russa, não tem parada. A trama parece se construir toda dentro da cabeça de Herculano. Ele é uma espécie de ‘herói expressionista’, oscilando o tempo todo entre a ciência e a fé, entre a liberdade de pensamento e os dogmas”, acentua Paulo de Moraes. Herculano brande seus princípios, mas sucumbe à carne. A hipocrisia ronda a família do viúvo.



Não é por acaso que Nelson Rodrigues adota para a peça o subtítulo "obsessão em três atos". O fantasma da morte ronda o tempo todo enquanto o desejo se impõe, mas com ele a impossibilidade amorosa. O autor conduz Herculano como protagonista, mas, lá pelas tantas, converge para Geni, "expondo a trajetória clássica de ascensão e queda de uma heroína", segundo Moraes.



A montagem do Armazém não é presa a uma época ou a um lugar. "Não montamos uma tragédia carioca, mas uma obsessão em três atos", diz o diretor. A cenografia dá o suporte necessário a essa encenação não-realista, sugerindo as gavetas da memória de Herculano, com suas portas giratórias que compõem no palco uma caixa inteiriça de acrílico e ferro. As transparências marcam os vitrais coloridos – que tanto poderiam ser de uma igreja ou de um bordel, dando possibilidade ao sagrado e ao profano.



Ficha técnica:

Texto: Nelson Rodrigues

Direção: Paulo de Moraes

Iluminação: Maneco Quinderé

Cenografia: Paulo de Moraes e Carla Berri

Figurinos: Rita Murtinho

Música Original: Arrigo Barnabé

Letra da Canção-Tema: Roberto Riberti

Músicos: piano – Arrigo Barnabé

violoncelo – Raif Dantas Barreto

violino – Luis Amato

voz – Arrigo Barnabé e Simone Mazzer

Trilha Sonora Pesquisada: Paulo de Moraes

Projeto Gráfico: Alexandre de Castro

Fotografias: Mauro Kury



Elenco:

Patrícia Selonk

Thales Coutinho

Ricardo Martins

Sérgio Medeiros

Simone Mazzer

Verônica Rocha

Isabel Pacheco

Simone Vianna

Raquel Karro

Marcelo Guerra


Serviço: Teatro: Toda Nudez Será Castigada Dias: 23 e 24 de outubro de 2009 Horário: 20h Ingressos: R$ 15,00 (inteira) e R$ 7,50 (meia-entrada) para estudantes, idosos. Clientes e funcionários do Banco do Brasil também pagam meia (benefício válido, inclusive, para o acompanhante) Classificação indicativa: 16 anos Local: Teatro Guaíra – Grande Auditório Endereço: Rua XV de Novembro, nº 971 - Centro

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