domingo, 20 de setembro de 2009

Poemas do povo da noite


Poemas do povo da noite
Versos de resistência à ditadura de um ex-preso político

Pedro Tierra


Número de páginas: 248pp

Antologia poética é relançada no Brasil em edição histórica para comemorar os 30 anos da Lei de Anistia. - Editora Fundação Perseu Abramo em coedição com a Publisher Brasil Editora

“Um livro que me fez as lágrimas brotarem dos olhos, tal a sua força. Gostaria de mostrar os versos de Pedro Tierra a Giuseppe Ungaretti, a T.S.Eliot, a Stephen Spender!” Cláudio Abramo, Folha de S.Paulo, “Ninguém pode ler estas páginas como quem desfolha mais um poema” Pedro Maria Casaldáliga

Trinta anos após a primeira edição brasileira, a Editora da Fundação Perseu Abramo lança o livro Poemas do povo da poite, com versos de coragem, determinação e resistência de Pedro Tierra, pseudônimo do ex-preso político Hamilton Pereira da Silva. A histórica edição comemora o aniversário de 30 anos da Lei de Anistia.

Contrário aos desmandos absurdos impostos pela ditadura militar, o jovem Hamilton foi militante da Ação Libertadora Nacional (ALN) e lutava contra o arbítrio e em favor da democracia. Exatamente por isso, foi preso aos 24 anos, em 1972. Acusado de subversão e de atentar contra a segurança nacional, Pedro Tierra foi submetido a longos períodos de tortura, momentos por ele chamados de “interrogatórios”.

Durante os cinco anos que ficou encarcerado como preso político, Tierra passou por diversos presídios militares do país, incluindo a famigerada Oban/DOI-CODI (Operação Bandeirante/Destacamento de Operações de Informações-Centro de

Operação de Defesa Interna), em São Paulo. Então, “no intervalo de um interrogatório, me deixaram sozinho na sala. Vi que havia um lápis numa mesa. Guardei-o comigo e o levei para a cela. Com ele escrevi meus primeiros poemas na prisão, em papel de maço de cigarros”, diz o autor.

Seus versos carregam a dura trajetória enfrentada nas prisões por ele e por outros presos e muitos dos textos são dedicados a companheiros mortos durante a batalha de resistência à ditadura, como bem ilustra o “Poema-Prólogo”: “Fui assassinado. / Morri cem vezes / e cem vezes renasci / sob os golpes do açoite. / Meus olhos em sangue / testemunharam / a dança dos algozes / em torno do meu cadáver”.

Para publicar o trabalho, Hamilton escondia pequenos papéis com letras miúdas dentro de canetas que entregava secretamente ao seu advogado, Luiz Eduardo Greenhalg, que, então, os datilografava. Uma primeira edição incompleta e caseira foi distribuída quase clandestinamente, com circulação bem reduzida, enquanto o autor ainda estava preso. Mais tarde, a poética de Pedro Tierra foi traduzida para o espanhol, de forma integral, e virou um livro com o título Poemas del Pueblo de la Noche, publicado na Espanha em 1978.

Somente em 1979, após os versos de Tierra terem chegado até Alemanha e Itália, o livro foi publicado no Brasil, por uma pequena livraria de estudantes da USP. O lançamento foi um sucesso e a obra teve grande repercussão entre os movimentos que defendiam a Anistia.

“Chegamos a Salvador. (...) Para minha surpresa um grupo de jovens atores havia feito uma seleção de poemas, para homenagear Pedro Tierra, poeta de origem latino-americana, morto sob tortura pelo regime militar... e lá se foram desfiando no tom dos discursos veementes da época os Poemas do Povo da Noite, aos quais tiveram acesso por uma edição mimeografada que corria de mão em mão entre eles. Senti-me morto e ressuscitado, comovido pela homenagem e temendo frustrar meus entusiasmados porta-vozes por estar prosaicamente vivo, entre eles”, revela Pedro Tierra.

Antologia poética dos versos de coragem, determinação e resistência de Pedro Tierra, pseudônimo do ex-preso político Hamilton Pereira da Silva. Publicados no exterior antes de ser lançado no Brasil, os seus versos carregam a dura trajetória enfrentada nas prisões por ele e por outros presos. Muitos dos textos são dedicados a companheiros mortos durante a batalha de resistência à ditadura.

UM LANÇAMENTO







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