O Diário de Dang Thuy Tram
de Dang Thuy Tram
Páginas - 268
Dang Thuy Tram tinha apenas 24 anos quando, em dezembro de 1966, deixou a casa dos pais – uma remediada família de Hanói – rumo ao sul do país, até a pequena aldeia de Quang Ngai, para trabalhar como médica voluntária durante a Guerra do Vietnã. Quatro anos depois, a jovem foi morta, com um tiro na testa, por soldados norte-americanos durante uma das inúmeras ofensivas à inóspita região, conhecida como baluarte da guerrilha comunista. Junto ao corpo, foi encontrado um rádio, um registro contábil de arroz, anotações sobre os ferimentos que tratou, frascos de remédio e ataduras, poemas e um diário. Escrito ao longo de dois anos, de 1968 a 1970, o caderno sobreviveu à guerra pelas mãos de um funcionário do governo americano e permaneceu inédito por mais de 40 anos. É esta história de amor incondicional de uma jovem idealista à pátria, à família e à vida que vem à tona agora, com o lançamento de A noite passada sonhei com a paz.
O livro começa um ano depois de Thuy chegar ao hospital de campanha da Frente de Libertação Nacional – o diário com as anotações sobre os doze primeiros meses da jovem no sul se perdeu. Lá, em meio a aldeias arrasadas por intensos bombardeios, Thuy era a única responsável por gerenciar a clínica, tratar dos feridos e dar aulas aos aspirantes à medicina, ainda mais jovens que ela, a quem tratava como irmãos. Ela também participava ativamente das reuniões do partido comunista, do qual aspirava se tornar uma líder ativa. As anotações do diário foram feitas nos intervalos entre as diversas atividades da jovem médica, em enfermarias, trincheiras e abrigos subterrâneos.
A questão pública e a aspiração pessoal da jovem Thuy Tram se misturam a cada página de seu diário. Ela confessa que partiu para Quang Ngai "atendendo ao chamado do país e do amor". Profundamente idealista, muitas vezes ingênua, a jovem afirma que se alistou como voluntária para ficar mais próxima de sua grande paixão – o jovem M., de quem não se sabe o nome, seis anos mais velho que ela, chefe de um grupo responsável pela instalação de minas. Os passos de M. serviram de modelo para a escolha política de Thuy ela se esforçou para fazer parte do Partido Comunista e viver de forma patriótica, até o fim de sua curta vida.
Em seu diário, Thuy salta da análise política para observações pessoais, da confissão para a reflexão. O tom e o ritmo da narrativa acompanham suas mudanças de ânimo e humores. Ela usa belas metáforas para descrever a dor da perda em meio à guerra – "a vida se estende diante de mim em mil pedaços de amor, esperança e inveja". Faz avaliações duras, muitas vezes injustas, sobre suas próprias fraquezas: - ‘ah, Thuy, sua garotinha! Você ainda é uma criança, você deixa que os sentimentos se sobreponham à razão’. Logo depois, ela tenta se animar e escreve palavras de encorajamento para ela própria: – "permaneça calma e firme sabendo que está certa".
Com o acirramento dos conflitos, em abril de 1969, o tom dos relatos se torna ainda mais emocionado. A morte se aproxima por todos os lados. As perdas humanas aumentam. Thuy, a equipe e os pacientes são obrigados a deixar a clínica. A partir daí, ela e seus companheiros de trabalho passam a se deslocar com freqüência, sem encontrar um local seguro para instalar o hospital de campanha. Em 2 de junho de 1970, a clínica provisória montada nas montanhas é bombardeada. Todos deixam o local no dia seguinte, exceto Thuy, três enfermeiras e cinco pacientes gravemente feridos. A partir daí, começa a contagem regressiva para a salvação, que mais parece um devaneio, de tão improvável. A vida de Thuy dura apenas mais alguns dias.
Os documentos e pertences de Thuy foram recolhidos pelo exército americano e salvos da fogueira pelo jovem advogado Fred Whitehurst, que, à época, trabalhava no serviço de inteligência militar na base de Duc Pho. Desobedecendo às regras, ele guardou o diário de Thuy por 40 anos. Só em 2005, depois de deixar o FBI, onde trabalhou depois da guerra, Whitehurst decidiu refazer os passos da jovem e localizar a sua família no Vietnã.
Thuy, que sonhava com a paz praticamente todas as noites e lutava por ela diariamente, conseguiu fazer seu relato sobreviver através das páginas do diário. Publicado no Vietnã em julho de 2005, A noite passada sonhei com a paz vendeu mais de 400 mil exemplares, um recorde para o país. Um memorial foi construído no local onde o corpo dela foi encontrado nas montanhas, e o governo vietnamita deu início à fundação para um hospital com o nome da jovem. Há ainda um documentário em produção sobre a trajetória de Thuy e dos nomes citados em seus relatos.
A história de Thuy Tram comoveu os vietnamitas pela simplicidade e idealismo. Ela teve sensibilidade para enxergar beleza e solidariedade onde só havia caos. Os princípios que defendia, no entanto, eram tão puros e sublimes que parecem ter se desvanecido entre os escombros de tantos conflitos. E, talvez por isso, esta jovem romântica e vulnerável sintetize tão bem os horrores da guerra e a fragilidade da vida humana.
Traduzido pelo prestigiado jornalista Andrew X. Pham, especialista em Vietnã, e com prefácio da jornalista ganhadora do prêmio Pulitzer Frances FitzGerald, A noite passada sonhei com a paz traz ainda uma cronologia do conflito e um adendo com fotos de Thuy e da família.
UM LANÇAMENTO DA
O livro começa um ano depois de Thuy chegar ao hospital de campanha da Frente de Libertação Nacional – o diário com as anotações sobre os doze primeiros meses da jovem no sul se perdeu. Lá, em meio a aldeias arrasadas por intensos bombardeios, Thuy era a única responsável por gerenciar a clínica, tratar dos feridos e dar aulas aos aspirantes à medicina, ainda mais jovens que ela, a quem tratava como irmãos. Ela também participava ativamente das reuniões do partido comunista, do qual aspirava se tornar uma líder ativa. As anotações do diário foram feitas nos intervalos entre as diversas atividades da jovem médica, em enfermarias, trincheiras e abrigos subterrâneos.
A questão pública e a aspiração pessoal da jovem Thuy Tram se misturam a cada página de seu diário. Ela confessa que partiu para Quang Ngai "atendendo ao chamado do país e do amor". Profundamente idealista, muitas vezes ingênua, a jovem afirma que se alistou como voluntária para ficar mais próxima de sua grande paixão – o jovem M., de quem não se sabe o nome, seis anos mais velho que ela, chefe de um grupo responsável pela instalação de minas. Os passos de M. serviram de modelo para a escolha política de Thuy ela se esforçou para fazer parte do Partido Comunista e viver de forma patriótica, até o fim de sua curta vida.
Em seu diário, Thuy salta da análise política para observações pessoais, da confissão para a reflexão. O tom e o ritmo da narrativa acompanham suas mudanças de ânimo e humores. Ela usa belas metáforas para descrever a dor da perda em meio à guerra – "a vida se estende diante de mim em mil pedaços de amor, esperança e inveja". Faz avaliações duras, muitas vezes injustas, sobre suas próprias fraquezas: - ‘ah, Thuy, sua garotinha! Você ainda é uma criança, você deixa que os sentimentos se sobreponham à razão’. Logo depois, ela tenta se animar e escreve palavras de encorajamento para ela própria: – "permaneça calma e firme sabendo que está certa".
Com o acirramento dos conflitos, em abril de 1969, o tom dos relatos se torna ainda mais emocionado. A morte se aproxima por todos os lados. As perdas humanas aumentam. Thuy, a equipe e os pacientes são obrigados a deixar a clínica. A partir daí, ela e seus companheiros de trabalho passam a se deslocar com freqüência, sem encontrar um local seguro para instalar o hospital de campanha. Em 2 de junho de 1970, a clínica provisória montada nas montanhas é bombardeada. Todos deixam o local no dia seguinte, exceto Thuy, três enfermeiras e cinco pacientes gravemente feridos. A partir daí, começa a contagem regressiva para a salvação, que mais parece um devaneio, de tão improvável. A vida de Thuy dura apenas mais alguns dias.
Os documentos e pertences de Thuy foram recolhidos pelo exército americano e salvos da fogueira pelo jovem advogado Fred Whitehurst, que, à época, trabalhava no serviço de inteligência militar na base de Duc Pho. Desobedecendo às regras, ele guardou o diário de Thuy por 40 anos. Só em 2005, depois de deixar o FBI, onde trabalhou depois da guerra, Whitehurst decidiu refazer os passos da jovem e localizar a sua família no Vietnã.
Thuy, que sonhava com a paz praticamente todas as noites e lutava por ela diariamente, conseguiu fazer seu relato sobreviver através das páginas do diário. Publicado no Vietnã em julho de 2005, A noite passada sonhei com a paz vendeu mais de 400 mil exemplares, um recorde para o país. Um memorial foi construído no local onde o corpo dela foi encontrado nas montanhas, e o governo vietnamita deu início à fundação para um hospital com o nome da jovem. Há ainda um documentário em produção sobre a trajetória de Thuy e dos nomes citados em seus relatos.
A história de Thuy Tram comoveu os vietnamitas pela simplicidade e idealismo. Ela teve sensibilidade para enxergar beleza e solidariedade onde só havia caos. Os princípios que defendia, no entanto, eram tão puros e sublimes que parecem ter se desvanecido entre os escombros de tantos conflitos. E, talvez por isso, esta jovem romântica e vulnerável sintetize tão bem os horrores da guerra e a fragilidade da vida humana.
Traduzido pelo prestigiado jornalista Andrew X. Pham, especialista em Vietnã, e com prefácio da jornalista ganhadora do prêmio Pulitzer Frances FitzGerald, A noite passada sonhei com a paz traz ainda uma cronologia do conflito e um adendo com fotos de Thuy e da família.
UM LANÇAMENTO DA
Nenhum comentário:
Postar um comentário