quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

UM POUCO MAIS DE ISLÃ



A Editora Rocco nos brinda neste final de ano com um lançamento de pêso- GAROTAS DA PÉRSIA

GAROTAS DA PÉRSIA
Nahid Rachlin
Tradução:Ana Deiró
Páginas:340

"Em seu primeiro livro de não-ficção, a escritora Nahid Rachlin traça um preciso e delicado retrato de sua própria família, dividida entre o peso da tradição e o desejo de liberdade na paternalista sociedade iraniana. Rachlin fia-se por sua tempestuosa relação familiar e pelo forte vínculo de amizade com sua irmã mais velha, Pari, para dar forma às lembranças no lançamento Garotas da Pérsia.
A narrativa começa quando Nahid, ainda na infância, é tirada da tia Maryam, que a criava como filha em Teerã. Sua mãe biológica, Mohtaram, resolvera entregar seu quinto bebê como um presente para a irmã favorita, viúva, sem filhos e ansiosa por ter uma criança nos braços. Tudo correu bem até Nahid completar 9 anos e seu pai decidir que era a hora de levá-la para morar com ele e o resto da família, na cidade de Ahvaz. Retirada abruptamente de um universo conhecido, a menina se viu presa a um lugar estranho, com costumes diferentes e pessoas com as quais não possuía laços afetivos.
Aos poucos, ela se aproxima da irmã mais velha, Pari, e as duas se tornam melhores amigas. Apesar de terem em comum o desejo de seguirem destinos próprios, que fogem aos estabelecidos pela sociedade patriarcal em que vivem, Pari, fã das estrelas de Hollywood, sonha ser atriz, enquanto Nahid almeja seguir a carreira literária – apenas Nahid consegue atingir seu objetivo, ao convencer o pai a mandá-la fazer faculdade nos Estados Unidos.
Ao chegar na faculdade, Nahid se sente deslocada – não concorda com os costumes machistas de sua terra natal, mas também não se encaixa nos padrões norte-americanos. O choque cultural é amenizado quando ela se muda para Nova York, conhece o homem que se torna seu marido e forma uma família. Ainda assim, a escritora continua com a sensação de não pertencer a um lugar.
Enquanto isso, no Irã, a sorte de Pari não é nada boa: atrelada a um casamento arranjado pelo pai, com um marido por quem não é apaixonada e que a mantém prisioneira dentro de casa, ela decide se divorciar e sofre as conseqüências, sendo afastada do filho.
Paralelamente, a autora traça um panorama político do Irã e das relações do país com os Estados Unidos, em diferentes épocas. Em 1955, o Tratado de Amizade entre as duas nações acabara de ser assinado e o jovem xá estava determinado a modernizar o país. Uma das medidas adotadas por ele foi tornar opcional o uso de chador para as garotas. Anos mais tarde, quando o aiatolá Khomeini chega ao poder, o radicalismo se instala. A morte de Khomeini, em 1989, diminui a rigidez dos costumes. E, embora o governo de Muhamad Khatami, de 1997 a 2005, seja um período de reforma relativa, a autora constata que as regras no Irã estão sempre em mutação.
A morte prematura de Pari, que cai de uma escada em circunstâncias misteriosas, faz com que Nahid volte sozinha ao Irã – antes disso, ela só havia estado lá uma vez, com o marido, 12 anos depois de ter chegado aos Estados Unidos. A viagem permite que a autora se confronte com o passado e avalie o que o futuro lhe reserva. Mais do que a história de Nahid, Garotas da Pérsia mostra as vidas interligadas das mulheres de sua família, traçando um panorama do universo feminino no mundo islâmico e revelando trajetórias de ambição, mágoa, opressão, amor fraternal e esperança. "

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