Histórias Extraordinárias apresenta uma seleção
com os melhores filmes recentes produzidos na Argentina, além de outros que
deram início ao movimento que ficou conhecido como “nuevo cine”, entre longas e
curtas-metragens. A mostra também contará com palestras e debates sobre os
filmes com cineastas e especialistas
A CAIXA Cultural traz a Curitiba a mostra Histórias extraordinárias: cinema argentino
contemporâneo. Entre os dias 17 e 24 de abril, serão apresentados 24 longas
e curtas-metragens que revelam a vitalidade e a força criativa do cinema
produzido na Argentina. Com curadoria de Natalia Christofoletti Barrenha,
pesquisadora de cinema argentino, e Agustín Masaedo, programador do Buenos
Aires Festival Internacional de Cinema Independente (BAFICI), a programação
apresenta tanto obras premiadas em festivais argentinos e internacionais quanto
produções com sólidas passagens pelo circuito comercial.
Apesar disso, e do crescente interesse do
público brasileiro pelo cinema argentino, a maioria dos filmes selecionados
tiveram escassa ou nula visibilidade no Brasil. Assim, o evento busca ampliar o
olhar dos espectadores curitibanos sobre uma das cinematografias mais
expressivas, diversas e reconhecidas internacionalmente. “A
programação conta com uma porção de comédias, com filmes que abordam temas
necessários e urgentes sem perder o humor, a capacidade de rir de si mesmo, de questionar
com leveza. Em um momento em que tanto no Brasil como na Argentina temos uma
situação política complicada, e nossas sociedades se encontram extremamente
polarizadas, com uma triste dificuldade para entabular um diálogo, esse tipo de
abordagem, a partir da leveza, é extremamente inspirador”, reflete a curadora Natalia Christofoletti Barrenha.
Entre os destaques selecionados, está o
documentário As lindas (2016), da
estreante Melisa Liebenthal, premiado na seção Bright Future do Festival de
Rotterdam. O público também poderá assistir aos vencedores das duas últimas
edições do Buenos Aires Festival Internacional de Cinema Independente (BAFICI):
A longa noite de Francisco Sanctis
(2016), dos também estreantes Andrea Testa e Francisco Márquez; e A vendedora de fósforos (2017), de Alejo
Moguillansky, diretor e montador já consagrado, de trajetória prolífica e
presença frequente nos principais festivais internacionais.
Neste mês de abril, em que o BAFICI – um dos
mais importantes festivais da América Latina, vitrine fundamental para a
produção do chamado nuevo cine argentino –
chega à sua 20a edição, a mostra também marca o vigésimo aniversário
de estreia e premiação do filme Pizza,
cerveja, baseado (1997) no Festival Internacional de Cine de Mar del Plata,
considerado o ponto de partida do nuevo
cine. “O filme é de uma
força surpreendente, de que algo nasceu mesmo, e o que veio antes eram lampejos
de algo em gestação, e o que veio depois está influenciado por ele de alguma
forma”, avalia Natalia.
Assim, parte da mostra celebra o momento
fundador da pungente produção cinematográfica do país vizinho. Duas décadas
depois, o público brasileiro poderá se reencontrar com a ópera prima de Israel Adrián Caetano e Bruno Stagnaro, mergulhar na
genealogia do nuevo cine com os
curtas-metragens seminais de Histórias
breves I (1995) e descobrir, na selvagem loucura do documentário Bonanza (2001), de Ulises Rosell, que as
rupturas desse “movimento” transcenderam o cinema de ficção.
A programação se completa com a exibição
especial de um dos filmes mais aguardados dos últimos anos: o elogiado Zama (2017), de Lucrecia Martel,
inspirado na novela homônima de Antonio Di Benedetto, além de um documentário
que acompanha a diretora em seu processo de criação durante as filmagens: Anos-luz (2017), de Manuel Abramovich.
“Os dez
filmes da mostra principal terminaram formando um sistema perfeitamente
homogêneo, com sua própria lógica interna e relações complementares ou
contrastantes: um modelo na escala do cinema argentino atual; sua liberdade,
suas buscas e suas contradições. Descobrir essas conexões secretas, reconstruir
a imagem completa a partir de seus fragmentos, é uma razão mais que suficiente
para fazer um esforço e não perder nenhum desses filmes”, garante o curador Agustín
Masaedo.
Presença de cineastas e especialistas
A diretora María Álvarez estará presente na
sessão de abertura conversando sobre seu cativante documentário As cinéphilas (2017), que teve estreia
mundial em Locarno e ganhou prêmios nos diversos festivais pelos quais passou,
com destaque para o Prêmio do Público no BAFICI e no Festival de Ourense. Já a
realizadora Ana Katz será uma das grandes protagonistas da mostra, que exibe
seus quatro longas-metragens – incluindo Minha
amiga do parque (2015), vencedor do prêmio de Melhor Roteiro no Festival de
Sundance. Ela vai conversar com o público curitibano sobre seu trabalho como
diretora, roteirista, atriz e dramaturga.
Além das cineastas, a mostra vai receber um dos
mais influentes pensadores da cultura argentina atual: o escritor, professor e
pesquisador Gonzalo Aguilar, que ministrará uma palestra sobre cinema argentino
contemporâneo no dia 21 de abril (sábado), às 17h. Também será realizada uma
sessão comentada do filme O futuro
perfeito com o cineasta e produtor Rafael Urban, no dia 20 de abril
(sexta-feira), às 19h.
A sessão de abertura da mostra Histórias extraordinárias e a palestra de
Gonzalo Aguilar têm entrada franca, com distribuição de ingressos uma hora
antes do início e emissão de certificado para a palestra.
Perfil dos
convidados da Mostra
Ana Katz é graduada
em Direção Cinematográfica pela Universidad del Cine, onde também foi docente.
Estudou atuação em várias escolas e com diversos profissionais. Dirigiu os
curtas-metragens Merengue (1995), Pantera (1998) Ojalá corriera viento (1999), Despedida
(2003) e El fotógrafo (2005), e os
longas-metragens presentes nesta edição de Histórias
extraordinárias. Participou de inúmeros projetos teatrais como dramaturga,
diretora e atriz, entre eles Pangea e
Lucro cesante. Também atuou em
diversos filmes. Atualmente, finaliza seu quinto longa-metragem, Sueño Florianópolis, contemplado pelo
edital de coprodução INCAA-ANCINE, com Mercedes Morán, Gustavo Garzón, Andrea
Beltrão e Marco Ricca no elenco.
Gonzalo
Aguilar é professor de Literatura Brasileira e Portuguesa na Universidad de
Buenos Aires (UBA) e dirige o programa de mestrado em Literaturas de América
Latina da Universidad Nacional de San Martín (UNSAM). Pesquisador do Consejo
Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas (CONICET), foi professor
visitante na Stanford University, na Harvard University e na Universidade de
São Paulo (USP). Autor dos livros El cine
de Leonardo Favio, em coautoria com David Oubiña (1993); Poesía concreta brasileña: las vanguardias
en la encrucijada modernista (2003, traduzido ao português); Episodios cosmopolitas en la cultura
argentina (2009); Borges va al cine,
em coautoria com Emiliano Jelicié (2010); Por
una ciencia del vestigio errático. ensayos sobre la antropofagia de Oswald de
Andrade (2010); Otros mundos. Un
ensayo sobre el nuevo cine argentino (2006, traduzido ao inglês); e Más allá del pueblo. Imágenes, indicios y
políticas del cine (2015), entre outros.
Letizia Osorio Nicoli é jornalista, graduada pela Pontifícia
Universidade Católica (PUCRS), mestre em Multimeios pela Universidade Estadual
de Campinas (UNICAMP), e atualmente desenvolve sua pesquisa de doutorado pelo
mesmo programa. Atuou profissionalmente como diretora de imagens, editora e
montadora em televisão, vídeo e cinema. É professora do curso de Cinema e Audiovisual
da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), atuando nas disciplinas de
Documentário, Edição e História do Cinema. Dedica-se aos estudos sobre cinema
documentário, representações sociais e a criança no cinema.
María
Álvarez é diretora e roteirista formada
pela ENERC – Escuela Nacional de Experimentación y Realización Cinematográfica.
Entre 2011 e 2012, dirigiu El banco,
docuficção seriada para a televisão, e As
cinéphilas é seu primeiro longa-metragem. Trabalhou como assistente de
direção em diversos projetos na Argentina, no Chile, na Espanha e no Uruguai.
Autora da peça de teatro Quémese antes de
leerse, publicada na Espanha em 2017, onde venceu o importante prêmio Fray Luis
de León.
Rafael
Urban é cineasta e produtor.
Coordena a Sto Lat Filmes. Seus trabalhos foram exibidos em 250 festivais de 27
países. Dirigiu Ovos de dinossauro na
sala de estar, escolhido o melhor curta-metragem do 66º Festival de
Edimburgo, na Escócia, em 2012. Produziu filmes como o longa documentário O Touro, dirigido por Larissa
Figueiredo, que estreou no 44º Festival de Roterdã, na Holanda, em 2015. É
professor em diversas instituições, como a EICTV, em Cuba. Coordena o Ficção Viva, série de encontros com
diretores como Lucrecia Martel, Miguel Gomes e Pedro Costa.
PROGRAMAÇÃO
17 de abril (terça-feira)
15h – Minha amiga do parque (2015), de Ana
Katz, 84 min, Blu-ray, 14 anos.
17h – A
vendedora de fósforos (2017), de Alejo Moguillansky, 69 min, Blu-ray,
Livre.
19h – As cinéphilas (2017), de María Álvarez,
74 min, Blu-ray, Livre + Debate com
a diretora e a montadora e professora da UNESPAR Letizia Nicoli + Recepção de abertura.
18 de abril (quarta-feira)
15h – A dança das cadeiras (2002), de Ana
Katz, 90 min, DVD, Livre.
17h – O
futuro perfeito (2016), de Nele Wohlatz, 65 min, Blu-ray, Livre.
19h – 20 anos breves (2015), de Bebe Kamin,
DVD, Livre + seleção curtas-metragens Histórias
breves I (1995), Vários diretores, Blu-ray, 14 anos, Total: 105 min.
19 de abril (quinta-feira)
15h – Orione (2017), de Toia Bonino, 67 min,
Blu-ray, 12 anos.
17h –
Os Marziano (2011), de Ana Katz,
82 min, DVD, Livre.
19h – A
ideia de um lago (2016), de Milagros Mumenthaler, 82 min, Blu-ray, Livre.
20 de abril (sexta-feira)
15h – Pizza,
cerveja, baseado (1997), de Israel Adrián Caetano e Bruno Stagnaro, 80 min,
Blu-ray, 16 anos.
17h – A longa noite de Francisco Sanctis
(2016), de Andrea Testa e Francisco Márquez, 76 min, Blu-ray, Livre.
19h – O futuro perfeito (2016), de Nele
Wohlatz, 65 min, Blu-ray, Livre + Comentários
e debate com Rafael Urban.
21 de abril (sábado)
15h – Os
decentes (2016), de Lukas Valenta Rinner, 100 min, Blu-Ray, 16 anos.
17h – Palestra de Gonzalo Aguilar, 90 min.
19h – Zama (2017), de Lucrecia Martel, 115’,
Blu-ray, 16 anos.
22 de abril (domingo)
15h – A
vendedora de fósforos (2017), de Alejo Moguillansky, 69 min, Blu-ray,
Livre.
17h – As lindas (2016), de Melisa Liebenthal,
77 min, Blu-ray, Livre.
19h – Uma noiva errante (2007), de Ana Katz,
85 min, DVD, Livre +
Debate com Ana
Katz.
23 de abril (segunda-feira)
15h – Pinamar (2016), de Federico Godfrid, 84
min, Blu-ray, 12 anos.
17h – Anos-luz (2017), de Manuel Abramovich,
75 min, Blu-ray, Livre.
19h – Minha amiga do parque (2015), de Ana
Katz, 84 min, Blu-ray, 14 anos + Debate
com Ana Katz.
24 de abril (terça-feira)
15h – Bonanza,
em vias de extinção (2001), de Ulises Rosell, 84 min, DVD, 14 anos.
17h – Uma
irmã (2017), de Sofía Brockenshire e Verena Kuri, 70 min, Blu-Ray, 12 anos.
19h – Os decentes (2016), de Lukas Valenta
Rinner, 100 min, Blu-Ray, 16 anos.
Links e outras informações:
Vimeo: vimeo.com/cineargentino
Serviço
Cinema: Histórias extraordinárias: cinema argentino
contemporâneo
Local: CAIXA Cultural Curitiba – Rua
Conselheiro Laurindo, 280 – Centro
Data: 17 a 24 de abril (de terça a
terça).
Horários: Sessões às 15h, 17h e 19h.
Ingressos: R$ 4 (inteira) e R$ 2 (meia – conforme
legislação e correntistas que pagarem com cartão de débito CAIXA). A compra
pode ser feita com o cartão vale-cultura. Os ingressos serão vendidos apenas para o dia de apresentação.
A sessão de abertura é gratuita.
Atividade Paralela: Entrada gratuita. Retirada de
ingressos a partir de meia hora antes do início das atividades. Dia 21/04, às 17h – Palestra do escritor e pesquisador Gonzalo
Aguilar (90 minutos).
Capacidade: 125 lugares (dois para
cadeirantes)
Bilheteria: (41) 2118 5111 (Horário especial para a Mostra: de
segunda a sábado, das 12h às 19h; e domingo, das 14h às 19h).
Classificação Etária:
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