Período da mostra foi estendido até 22 de abril em função de sua
relevância histórica e cultural e do grande interesse que despertou na
comunidade
A CAIXA Cultural Curitiba estendeu o período da mostra "Portinari – A
construção de uma obra" até o dia 22 de abril. A exposição é composta por
esboços, desenhos e estudos que revelam o processo criativo do artista, além de
oito esculturas de Sérgio Campos que apresentam a tridimensionalidade da obra de
Portinari. Inicialmente prevista para terminar em 18 de março, a exibição da
mostra foi estendida em função de sua importância e do grande interesse que têm
despertado na comunidade. Boa parte do público é formada por estudantes, do
ensino fundamental ao médio.
De acordo com o curador da exposição, Luiz Fernando Dannemann, “essa mostra
é uma oportunidade única para os curitibanos conhecerem um acervo especial que
pertencia ao mestre Portinari, do qual ele nunca se separou. Para os olhares
atentos, movidos pela sensibilidade da arte, a exposição revela o momento exato
em que acontecia a inspiração do artista para realizar as obras mais
representativas da sua intensa e extraordinária carreira, tal como o primeiro
estudo para os painéis ‘Guerra e Paz’; os desenhos de transporte para vários
painéis célebres, como o ‘Café’; as maquetes de ‘São Francisco de Assis’ para a
Igreja da Pampulha; o desenho preliminar da ‘Primeira Missa’; e estudos para
painéis não executados, entre muitas outras atrações”, destaca.
Também chamam a atenção os quatro trabalhos executados em 1955 – uma nova
tomada da série “Retirantes” –, quando Portinari experimentava novas maneiras de
pintar, a partir da proibição de utilizar tintas a óleo, já que as mesmas lhe
provocavam raro envenenamento. “A prorrogação da exposição é, sem dúvida, uma
grande notícia para aqueles que ainda não tiveram chance de conhecê-la e também
para todos que desejam revisitá-la, já que a cada nova visão é possível
descobrir um elemento novo, até mesmo para mim que estou em contato com a obra
de Portinari há 30 anos”, destacou o curador.
Sobre a exposição
A mostra "Portinari – A construção de uma obra", que está aberta para
visitação desde 17 de janeiro deste ano, faz um apanhado da trajetória de
Cândido Portinari, um dos maiores nomes da arte brasileira. A exposição reúne 30
estudos do pintor, muralista e desenhista que conquistou reconhecimento
internacional retratando o cotidiano do país com suas mazelas sociais, num
legado que possui atualidade surpreendente. Também fazem parte da montagem oito
esculturas criadas pelo artista plástico Sérgio Campos e que foram inspiradas em
personagens de Portinari.
Segundo o curador, os trabalhos reunidos mostram o processo criativo do
artista e ilustram sua trajetória. "É uma exposição específica da construção
artística de Portinari que mostra estudos, esboços e desenhos de grandes obras
dele", comenta Dannemann. “São pedaços preciosos de um artista singular, de quem
buscou originalidade na própria poesia do homem”. Entre eles, há estudos para o
painel “Guerra e Paz” que Portinari criou para a sede da Organização das Nações
Unidas (ONU), em Nova York, entre 1952 e 1956.
Um dos temas mais presentes no trabalho de Portinari é a desigualdade
social, sempre revelada no registro do cotidiano, como surge em "Grupo com homem
doente" e "Menino morto". "Portinari era um 'cronista' que, ao invés de
escrever, pintava as desigualdades, as efemérides", comenta o curador. "'Os
Retirantes' é a realidade do Brasil – pessoas rumando para as grandes cidades em
busca de melhores oportunidades. E muitas dessas obras continuam atuais porque
ainda vivemos em um país marcado pela desigualdade".
Esculturas recriam personagens de quadros
Na mostra, as esculturas de Sérgio Campos contracenam com as obras de
Portinari. Campos finalizou o planejamento do próprio Portinari que desejava
transformar suas figuras em esculturas. Curitiba recebe oito trabalhos,
revelando uma tridimensionalidade da visão de Portinari. "Ele pretendia
eternizar alguns de seus personagens em bronze. Como morreu prematuramente, aos
59 anos, não conseguiu concluir esse projeto", explica Dannemann. "Sérgio
Campos, membro da família do pintor, decidiu finalizar a ideia e criou
esculturas fidedignas em cada detalhe".
Candido Portinari
O artista nasceu em 30 de dezembro de 1903, em Brodowski, no interior de
São Paulo. Filho de imigrantes italianos, teve uma infância humilde e recebeu
apenas a instrução primária. Desde criança manifestou sua vocação artística,
começando a pintar aos nove anos. Estudou na Escola de Belas Artes do Rio de
Janeiro e visitou países como a França e a Itália, onde concluiu os estudos. Em
1935, recebeu, em Nova York, um prêmio por sua obra “Café”, que o projetou para
o mundo. Faleceu em 1962, tendo como causa aparente uma intoxicação causada por
produtos químicos presentes nas tintas.
Sérgio Campos
Desenhista, pintor e escultor, é formado pela Escola de Belas Artes da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Desenvolveu uma técnica para a
elaboração de esculturas em aço e cobre e executou monumentos públicos de grande
porte. Estudou pintura mural e escultura em bronze com o italiano Franco Cerri.
Seus desenhos têm forte identidade com os personagens de Portinari.
Mais informações sobre a obra de Cândido Portinari:
www.portinari.org.br/#/pagina/ candido-portinari/apresentacao
Serviço
Artes Visuais: "Portinari – A construção de uma obra"
Local: CAIXA Cultural Curitiba – Rua Conselheiro Laurindo, 280 – Curitiba
(PR) – Galeria do Mezanino
Visitação: de 17 de janeiro (quarta) a 22 de abril de 2018 (domingo).
Horário: terça a sábado, das 10h às 20h, e domingo, das 10h às 19h.
Ingressos: Entrada franca
Informações: (41) 2118-5111
Classificação etária: Livre para todos os públicos
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