Chandramukha Swami
Nada mal se toda a nossa negatividade e veneno estivessem somente em nossos corpos...
A palavra da moda é detox, um simpático diminutivo da palavra inglesa detoxication, que, em português, significa “desintoxicação”. A ideia é boa: eliminar os efeitos de uma possível intoxicação. Nada mal se toda a nossa negatividade e veneno estivessem somente em nossos corpos! Nesse caso, seria muito simples fazer o milagre detox acontecer. Porém, “o diabo mora os detalhes”.
Intoxicação é o que mais existe. Dá até para reconhecê-la em nós. Quer fazer o teste? É só responder às seguintes perguntinhas:
– Você se levanta exausto?
– Com mais pensamentos do que cabem em sua própria cabeça?
– Vive embarcado em sentimentos dispersos, derramados em todas as direções?
– Odeia o que faz? (Se este for o nosso caso, com certeza, será bom começarmos nosso dia com dois copos de um maravilhoso suco verde, mas sinto que isso não resolverá o nosso caso.)
– Você é incapaz de ficar a sós consigo mesmo?
– É frequentemente tomado pelo espírito anônimo de sua própria insatisfação?
– Sua vida pertence a estranhos? (Nesse caso, é bom mesmo introduzirmos lichia e linhaça em nosso pão integral, mas suspeito que isso não solucionará totalmente o nosso problema.)
– Você ingere suas refeições às pressas, em profundo sonambulismo?
– Vive acompanhado de comprimidos e drogas falíveis?
– Os fantasmas das mil e uma contradições dilaceram sua vida cotidiana? (Sugiro que caprichemos mesmo no arroz integral com feijão azuki e comamos muita salada de folhas verdes, embora não acredite que isso nos bastará).
– À noite, se deita às altas horas, à margem de você mesmo?
– Sua cabeça costuma girar em todas as latitudes e longitudes do mundo exterior?
– Em meio à barulhenta praça pública da sua mente atormentada, tem dificuldade de pegar no sono? (Talvez, antes de dormir, uma sopa de abóbora com farelo de quinoa e vegetais grelhados poderão nos ajudar, mas não acredito que isso será o suficiente.)
Infelizmente, estamos intoxicados. Caso contrário, quem, em sã consciência, iria gastar seu tempo se nutrindo com as desgraças dos noticiários? Definitivamente, não dá para acreditar em purificação simplesmente bebendo suco verde se continuamos adorando saber das corrupções, se sentimos prazer em ouvir sobre as violências do cotidiano, se gostamos de problemas, se adoramos falar de doenças, se achamos que as mudanças têm que vir de fora para dentro.
Não adianta beber dois, três litros de uma boa água por dia se somos peritos em criar discórdias, se vivemos de aparências, se somos rasos, supérfluos, superficiais, se ficamos irados por qualquer coisa, se não fazermos as pazes com o nosso karma e, assim, só provamos e partilhamos migalhas de amor e bondade, se buscamos felicidade em embalagens plásticas com códigos de barra.
Somente uma era tão maluca como esta poderia produzir pessoas como nós. Sim, estamos intoxicados. Por isso, nossos semblantes são cinzas, somos pessoas amargas e amarguradas, mas nada disso tem a ver com o nosso eu verdadeiro. São meros resultados da intoxicação. A boa notícia é que existe um poderoso e delicioso tratamento detox: o cantar dos santos nomes de Deus, Hare Krishna, Hare Krishna, Krishna Krishna, Hare Hare..., que limpa a poeira acumulada na mente, desentope nosso canal de comunicação com Deus e, finalmente, restaura e desperta a nossa verdadeira consciência. Os santos nomes são tão poderosos que aceleram o metabolismo da alma. Por isso, eles são o verdadeiro detox para nossos dias sem graça e repetitivos, para nossos maus hábitos, para nossa inveja, para nossas relações doentes, para nossas obsessões, para nosso pessimismo, para nosso medo de mudar, para nossos sentimentos pobres, para nossos vícios, para nossa falta de coragem de arriscar, de romper, de fechar os ciclos, de se reinventar.
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