Relatório
da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de
Ensino Superior (Andifes) atualiza o mapeamento da vida social,
econômica e cultural dos estudantes de graduação das Instituições
Federais de Ensino Superior (Ifes) brasileiras para 2014.
O
relatório mostra que as mulheres são maioria no ensino superior, mas
diversas desigualdades se mantém dentro da universidade, tais como as
desigualdades nas áreas de conhecimentos, como mostra tabela abaixo. A
pesquisa aponta também que: i) as graduandas provêm de famílias com
renda familiar per capita média (R$ 835,10) inferior à dos indivíduos do
sexo masculino (R$ 1.007,19); ii) os homens, de modo geral, possuem
maior domínio no uso dos computadores; iii) homens são maioria entre
estudantes que se envolvem com algum tipo de movimento (artístico,
cultural, político etc); iv) homens são a maioria dos beneficiários dos
programas de mobilidade internacional. Assim, a despeito da maior
inserção das mulheres no ensino superior, ainda restam inúmeras
desigualdades para serem enfrentadas em prol de relações de gênero mais
igualitárias.
Fonte: Andifes, 2016
Quanto
à raça, em 2003, autodeclarados (as) brancos (as) somavam 59,4% da
população dessas instituições, mas em 2010 esse índice caiu para 53,93% e
em 2014/5 reduziu para 45,67%. Já autodeclarados (as) pretos (as) têm
crescido em participação nas Ifes de 5,9% (2003) para 8,72% (2010) e
9,82% (2014/5). Pardos (as), na mesma trajetória, foram de 28,3% para
32,08 e em 2014/5 para 37,75%.
Quanto
à renda, 66,19% dos discentes das Ifes vivem com renda per capita média
familiar de até 1,5 salário mínimo (sendo que 31,97% vivem com até 0,5
salário mínimo, e 21,96% vivem com renda entre 0,5 e 1 salário mínimo).
Em outras palavras, dois de cada três estudantes encaixam-se no perfil
vulnerável, um valor até 50% maior do que aquele registrado na pesquisa
feita em 2010. Assim, é falso o mito de que as Ifes são redutos da elite
brasileira, argumento utilizado para justificar o fim da gratuidade do
ensino.
Aponta-se
que a democratização da universidade se deve à Lei Federal nº 12.711,
de 2012 (lei de cotas), ao Sistema Enem Sisu que permitiu maior
mobilidade territorial e às políticas de valorização real do salário
mínimo, crédito, emprego e renda (que infelizmente se encontram em
risco). Ainda, aponta-se que o crescimento do Plano Nacional de
Assistência Estudantil (PNAES) - que apoia a inclusão de estudantes em
situação de vulnerabilidade social - permitiu que ingressantes
vulneráveis permanecessem vinculados às Ifes, mas o PNAES precisa ser
transformado em uma Política Nacional de Assistência Estudantil.
O
relatório conclui que nunca a universidade refletiu tanto a composição
social da população brasileira e que o perfil discente das Ifes hoje
requer assistência estudantil.
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quinta-feira, 25 de agosto de 2016
Gênero, renda e raça na universidade brasileira
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F Perseu Abramo
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