Comentário: A retração continuada da economia brasileira é sem dúvida o fator de maior preocupação do governo e da sociedade nos dias atuais. Até o ano passado, vigorava o discurso ortodoxo do então ministro Joaquim Levy, que apostava que um forte ajuste fiscal, juntamente com a mudança de outros preços centrais da economia (como câmbio e juros), seria capaz de recuperar a confiança empresarial e fazer o país voltar a crescer ainda em 2015. No entanto, o efeito deste conjunto de “choques” se mostrou bastante negativo, aprofundando a recessão, aumentando a inflação (devido tanto a desvalorização cambial, quanto ao aumento conjunto de diversos preços administrados), elevando o desemprego e deteriorando a situação fiscal do governo. Diante do absoluto fracasso da “estratégia Levy”, eleitoralmente defendida pelos adversários do governo nas eleições de 2014, parece que o governo decidiu concentrar seus esforços na criação de “pontes” de saída para crise, apostando em reformas fiscais de médio/longo prazo (como a reforma da previdência, regras de aumento dos gastos públicos e mudanças tributárias) somadas a um conjunto com medidas de estimulo econômico de curto prazo, particularmente o aumento do crédito utilizando os bancos públicos. O resultado destas e de outras medidas que venham a ser anunciadas ainda é bastante incerto, restando apenas a certeza de que estatisticamente, o PIB brasileiro já apresentará uma queda de 2% em 2016 caso repita o nível de produção verificado em dezembro de 2015 ao longo do ano (fato conhecido como “carregamento estatístico”). Diante desta queda anunciada, apenas uma retomada rápida do crescimento, prometida inicialmente para o segundo semestre do ano, poderá evitar que o 2016 termine com uma recessão próxima a verificada em 2015, o que faria com que o desemprego se ampliasse e a crise econômica, inicialmente pensada como algo passageiro, se tornasse uma verdadeira e prolongada recessão.
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