De acordo com os dados da PNAD contínua, o desemprego no Brasil chegou a 9% da PEA no trimestre encerrado em novembro/2015, um aumento em relação aos 8,7% do trimestre anterior e um salto em relação aos 6,5% verificados no mesmo trimestre de 2014. Grande parte do aumento do desemprego se deu pela elevação de 41,5% no contingente da população desocupada na comparação com o mesmo período de 2014, que foi reforçado pelo retorno de trabalhadores e estudantes ao mercado de trabalho. Já a população ocupada apresentou relativa estabilidade, tendo queda de apenas 0,6% na comparação com o mesmo trimestre de 2014. A indústria foi o setor que mais demitiu no período, com fechamento de 821 mil postos de trabalho e queda de 6,1% de empregos no setor na comparação com 2014. Outros setores, no entanto, apresentaram crescimento no volume de vagas, como o comércio (1,3%), alojamento e alimentação (+4,9%) e transporte e armazenagem (+4,6%). Com o aumento do desemprego, se observou também uma queda da renda média, que foi de R$ 1923,00 para R$ 1899,00, um recuo de 1,3% ante o mesmo período do ano anterior. A massa total de rendimentos teve queda ainda mais expressiva, de 1,7%.
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Comentário: O avanço rápido do desemprego é um reflexo da recessão econômica e da deterioração da atividade, em particular na indústria. Para alguns economistas, o aumento do desemprego é um fenômeno positivo, pois reduz as pressões salariais, ajudando a conter a inflação. O problema é que, mesmo com maior desemprego e menos renda, a inflação de 2015 foi a mais elevada desde 2003, o que demonstra cabalmente que as razões por trás da carestia não decorrem de excessos de demanda, mas sim de fatores como a desvalorização cambial e o aumento de preços administrados. Neste caso, o aumento das taxas de juros é incapaz de conter o espraiamento inflacionário, apenas aumentando a recessão e o sofrimento do trabalhador brasileiro. A reversão do ciclo de queda no emprego e na renda depende, por sua vez, da retomada do crescimento econômico, que só virá quando o país encontrar alguma fonte de demanda autônoma que puxe o crescimento dos mais variados setores. Alguns economistas apostavam (e seguem apostando) que a melhoria do comércio externo, com o aumento das exportações em decorrência da desvalorização cambial, poderia ser esta fonte de demanda que levaria novamente o Brasil à condição de país em crescimento. Dado o baixo grau de abertura comercial brasileira e diante de uma grave crise internacional, parece pouco provável que o país possa depender exclusivamente (ou mesmo prioritariamente) desta fonte de demanda para recuperar a dinâmica econômica perdida. Será necessário para o governo organizar novas frentes de investimento, em particular em infraestrutura, que congreguem vários setores produtivos nacionais, para encontrar uma fonte segura de demanda que faça com que os empresário privados se sintam seguros e animados para retomar os investimentos e, com isso, o crescimento econômico.
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