Neste último fim de semana, a retirada das sanções dos Estados Unidos e da União Europeia sobre o Irã e a troca de prisioneiros trouxeram avanços no cumprimento do acordo nuclear anunciado em julho passado e na normatização das relações diplomáticas entre os países.
A retirada das sanções ocorreu após a Agência Internacional de Energia Atômica confirmar que Teerã manteve seus compromissos com relação aos pontos negociados no acordo de julho, que preveem a limitação de vários aspectos do programa nuclear do país.
No caso dos Estados Unidos, a retirada completa das sanções ainda depende de aprovação do Congresso, o que não deve ocorrer antes das eleições presidenciais de novembro. De qualquer forma, a suspensão anunciada das sanções já permite a retomada de negócios com o Irã e o descongelamento parcial de fundos iranianos no exterior que chegam a US$100 bilhões.
A implementação efetiva do acordo abre caminho para maior participação de Teerã na diplomacia regional e também abre o mercado iraniano para as multinacionais europeias e estadunidenses. No ano passado, poucos dias após o anúncio do acordo nuclear, potências europeias, como Alemanha e França, enviaram seus ministros de relações exteriores e líderes empresariais em missões ao país persa. A normatização das relações com o Irã também deve acentuar a queda do preço do petróleo, que vem registrando quedas recordes nos últimos dias.
Vale lembrar que este acordo ocorre mais de cinco anos após o Brasil e a Turquia terem alcançado um compromisso semelhante do Irã, que na época não se confirmou devido a falta de disposição dos Estados Unidos com a negociação. Desta vez, mudanças no contexto político regional podem ajudar a explicar o acordo, pois o Irã tem ocupado um espaço crescente na política do Oriente Médio (presença no conflito sírio, combate ao Estado Islâmico, apoio ao frágil governo iraquiano, que também é apoiado pelos Estados Unidos), sendo um ator cada vez mais importante para o instável equilíbrio regional. Contudo, nem todos os atores estão jogando pelo sucesso do acordo. Dentre as posições contrárias, podemos destacar Israel e a Arábia Saudita, que justamente vêm promovendo uma escalada de tensões e o rompimento de relações diplomáticas como reação ao acordo.
Ainda no final de semana, os Estados Unidos anunciaram novas pequenas sanções devido a testes com mísseis balísticos. Embora haja uma contradição aparente entre os dois anúncios, é plausível que as novas sanções cumpram um papel para as audiências domésticas em ano eleitoral nos Estados Unidos e no Irã, já que as novas medidas são bastante limitadas frente à abrangência das primeiras.
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