quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Congresso mantém vetos e governo espera alívio no câmbio

O governo obteve uma importante vitória política na noite de ontem ao conseguir manter os vetos a algumas das chamadas “pautas bomba”, projetos de lei que ampliam os gastos públicos nos próximos anos. Mesmo correndo o risco de derrota, o Planalto decidiu solicitar aos presidentes da Câmara e do Senado a votação dos vetos devido à crescente especulação que tomou conta do mercado financeiro, promovendo uma nova rodada de desvalorização cambial. A incerteza acerca da força política do governo para aprovar suas medidas de ajustamento fiscal provocou um movimento especulativo contra a moeda brasileira, que superou o patamar de R$ 4 por dólar, que se mantido pode voltar a pressionar a inflação nos meses vindouros. Apesar da vitória política, ainda algumas questões seguem pendentes, como o veto sobre a proposta de reajuste para servidores do Judiciário, que será votado posteriormente por falta de quorum durante a longa sessão que adentrou a madrugada.
Comentário: A vitória de ontem foi uma prova de força do governo Dilma, demonstrando que mesmo em seu momento mais crítico, é capaz de manter a maioria do parlamento a seu lado. A reconstrução da base aliada agora passará pela reforma ministerial que deve ser anunciada nos próximos dias. Caso seja bem conduzida, esta reforma poderá garantir uma maioria mais sólida para Dilma nas duas casas parlamentares. Diante da crise política atual, a imprensa e os analistas políticos criaram uma máxima onde toda e qualquer movimentação política de Dilma é considerada “desastrada” e “confusa”, mas aparentemente a presidente está conseguindo superar eventuais equívocos e manter uma base mínima de apoio. Esta força política é fundamental para reduzir o grau de incerteza que toma conta do debate econômico e político brasileiro, enterrando de uma vez por todas os desejos golpistas de parcelas da oposição e permitindo ao governo propor e aprovar uma estratégia de saída para a crise atual. A aprovação das medidas do pacote fiscal anunciado na semana passada, incluindo a recriação da CPMF e o aumento de alguns tributos sobre os mais ricos, seria a marca definitiva de um novo momento na relação do governo com o parlamento, abrindo a possibilidade de voltar a se discutir o futuro do país (e as melhores estratégias de desenvolvimento), em vez de discutir cotidianamente o futuro do governo e questões de curto prazo. Mesmo que o pacote em si não represente uma estratégia de desenvolvimento, sua aprovação serviria para garantir uma “trégua” com os especuladores do mercado financeiro, permitindo o avanço do debate sobre saídas da crise e da construção de um projeto de médio/longo prazo, atualmente interditado pelo discurso único do ajuste recessivo.
 

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