segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Censo: estratificação por raça/cor e gênero no ensino superior



Em Estratificação horizontal da educação superior no Brasil de 1960 a 2010, uma série de autores analisa o impacto da origem socioeconômica sobre o acesso e a progressão educacional dos jovens no Brasil a partir dos Censos, de 1960 a 2010.

Os artigos mostram que, nos anos recentes, ampliou-se o número de formandos em Enfermagem, Marketing, Administração, Turismo, Farmácia e Terapia e Reabilitação, cursos superiores em geral com custo mais baixo. Os autores argumentam que nestas áreas houve queda pronunciada dos salários médios, enquanto entre formados em Medicina, Arquitetura, Engenharias, Economia e Ciências Sociais – que decresceram percentualmente no total de formados – houve aumentos de salários.

Quanto à questão de cor/raça, os autores mostram que, entre 1980 e 2010, houve aumento da diversificação nos cursos, com aumento do percentual de negros no ensino superior, sendo a única exceção o curso de medicina (em que não teria sido alterada a baixa proporção de negros). Ainda, apontam os autores que a inclusão dos negros tendeu a ocorrer em carreiras de renda média baixa e em áreas que tiveram grande crescimento de formados.

Os autores também mostram que as cinco carreiras com pior rendimento são as cinco com maior porcentagem de não brancos: religião, serviço social, pedagogia, história e geografia. E brancos têm vantagens em carreiras de maior prestígio, não só pela sua alta porcentagem entre os alunos, mas também dado que alunos negros têm menor probabilidade de terminar e, mesmo se terminam, a renda média recebida tende a ser menor que a dos colegas com mesmo curso superior.

Ainda, os autores mostram que as mulheres tendem a seguir carreiras em que a renda média é menor e que as carreiras com mais mulheres são também as com mais negros (com renda média menor que carreiras com mais homens brancos/amarelos).

Assim, segundo os autores, nos 50 anos analisados houve alguns avanços no acesso das mulheres ao ensino superior e uma certa melhoria da estratificação, mas o mesmo não pode se dizer quanto à estratificação por raça/cor.

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