quinta-feira, 2 de julho de 2015
Disfarçado de comédia, espetáculo debate escolhas e questiona papel da arte
Com trilha sonora ao vivo e artistas circenses em cena, "Palhaços" volta aos palcos de Curitiba no dia 10 de julho
O camarim de um circo torna-se palco de uma conversa entre um fã e seu ídolo. O ingênuo vendedor de sapatos Benvindo, ao visitar o palhaço Careta, inicia um instigante diálogo sobre escolhas e expectativas no espetáculo "Palhaços", que entra em cartaz no dia 10 de julho, sexta-feira, no Teatro Regina Vogue.
Se por um lado o nome da peça pode criar a falsa ideia de se tratar de um texto dedicado ao riso, por outro coloca logo de início os dois protagonistas no mesmo time e escancara a condição de ambos. Benvindo (Rogério Soares) é um dedicado vendedor de sapatos cuja grande meta na vida é ser promovido a gerente do estabelecimento onde trabalha. Apesar de ter alimentado o sonho de tornar-se palhaço e fugir com o circo quando criança, acabou desistindo da ideia após ser repreendido pelo pai.
Com a passagem de Careta (Andrew Knoll) pela cidade de interior onde mora, o vendedor resolve fazer uma visita ao camarim a fim de parabenizar seu ídolo. Na conversa que inicia banal, os personagens vão aos poucos revelando segredos que, como num jogo, os conduzem a um psicodrama.
A montagem é baseada no texto homônimo publicado em 1974 pelo brasileiro Timochenco Wehbi (1943-1986). Enquanto o autor cria um ambiente confortável para a plateia soltar o riso no início do espetáculo, o decorrer da trama levanta questionamentos sobre os limites da realidade. O debate, que revela-se tragicômico, reflete ainda sobre a consciência do papel que cada um desempenha na sociedade e a pertinência da arte nesse contexto.
"Artista é uma pessoa mais feliz que a gente"
Benvindo carrega a ingênua crença de que os artistas são mais felizes do que as pessoas "normais". A desconstrução dessa ideia percorre o texto levado aos palcos pela diretora curitibana Mariana Zanette. Essa é a segunda vez que ela encena o espetáculo -- a estreia foi há 15 anos, ainda no terceiro ano do curso de artes cênicas da FAP - Faculdade de Artes do Paraná.
Uma década e meia depois, "Palhaços" volta com a chancela d'A Fantástica Cia. de Teatro e produção da Santa Produção. A montagem conta ainda com os artistas circenses Marina Prado e Matias Danoso, além dos músicos Evandro Cardoso (gaita-ponto e percussão) e Marcela Zanette (flautas, sax e percussão), responsáveis pela trilha sonora ao vivo.
O espetáculo terá duas temporadas. Em julho, poderá ser visto no Teatro Regina Vogue (de 10 a 12) e no Teatro José Maria Santos (de 22 a 02 de agosto).
O autor
Timochenco Wehbi nasceu em Presidente Prudente (SP) em 1943 e fez carreira em São Paulo a partir da década de 60. Professor, dramaturgo e sociólogo, participou ativamente do desenvolvimento do teatro no ABC paulista nos anos 60 e 70. Além de “Palhaços” (1974), escreveu outros destaques do teatro brasileiro, como “A Vinda do Messias” (1970), “A Dama de Copas e o Rei de Cuba” (1973) e “Curto-Circuito” (1987). Seus densos personagens comumente vêm-se surpreendidos em momentos de solidão e impotência frente à realidade.
Serviço:
Teatro - "Palhaços"
Data: de 10 a 12 de julho de 2015
Hora: sexta e sábado às 21h. Domingo às 19h
Local: Teatro Regina Vogue - Av. Sete de Setembro, 2775 - Shopping Estação - Curitiba - PR
Informações: (41) 2101-8292
Ingressos: R$ 20, R$ 15 (com flyer) e R$ 10 (meia)
Lotação máxima: 326 lugares
Data: 22 de julho a 02 de agosto
Hora: de quinta a sábado às 20h. Domingo às 19h
Local: Teatro José Maria Santos - R. Treze de Maio, 655 - São Francisco, Curitiba - PR
Informações: (41) 3324-8208
Ingressos: R$ 20, R$ 15 (com flyer) e R$ 10 (meia)
Lotação máxima: 177 lugares
Ficha técnica:Texto: Timochenco Wehbi
Direção: Mariana Zanette
Elenco: Rogério Soares e Andrew Knoll (atores), Marina Prado e Matias Danoso (artistas circenses), Marcela Zanette e Evandro Cardoso (músicos)
Luz: Wagner Correa
Cenário: Aorelio Domingues
Figurino: Mariana Zanette e Augusta Zanette
Produção: Santa Produção
Maquiagem: Lilian Marchiori
Marcadores:
as-heitorhumberto,
Teatro Regina Vogue
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