Após
um repique inflacionário no início do ano, provocado pela combinação
dos efeitos da alta das tarifas públicas (preços administrados) e da
desvalorização cambial, a inflação volta para sua trajetória descendente
sazonal no mês de maio, com o IGP-M ficando em 0,41% contra 1,16% do
mês anterior. A queda maior se verificou no Índice de Preços ao Produtor
Amplo (IPA), que representa 60% do índice total e diz respeito aos
produtos no atacado, variando de 1,41% para 0,39% em maio, com forte
queda dos produtos agropecuários. Já o IPC-Fipe arrefeceu sua trajetória
de elevação, passando de 1,04% na primeira semana do mês para 0,83%
nesta segunda prévia, o que pode indicar uma desaceleração da inflação
no varejo também. Já no campo do emprego, as notícias negativas seguem
dando a tônica no primeiro trimestre de 2015, com o emprego industrial
caindo 0,6% em março e marcando uma série de três quedas consecutivas
neste início de ano. Na comparação com o mesmo trimestre de 2014, a
queda foi de 4,6%, atingindo todos os setores analisados pela pesquisa. A
folha de pagamentos, por sua vez, apresentou uma ligeira expansão
mensal de 0,1% na comparação de março com o mês imediatamente anterior,
mas segue negativa no acumulado de 12 meses, quando marca redução de
2,8%.
Comentário: Espera-se
que a queda da inflação se acentue nos próximos meses, mesmo que ainda
possa se verificar alguma inércia do choque inicial de preços verificado
no primeiro trimestre do ano. Esta desaceleração tem relação direta com
a estabilização da taxa de câmbio, o fim dos impactos secundários dos
aumentos nos preços administrados e a desaceleração da atividade
econômica, que alivia qualquer pressão de demanda advinda do mercado de
trabalho. Este último fator está refletido exatamente no aumento das
taxas de desemprego e na queda da renda média do trabalho e das
famílias, que tende a se acentuar este ano, jogando um papel decisivo
para a ancoragem das expectativas inflacionárias em 2016. Alguns
economistas já admitem abertamente que um desemprego maior e a queda nos
salários reais são a base do projeto liberal de desenvolvimento que
está sendo proposto atualmente, em conjunto com medidas de liberalização
comercial (através de acordos bilaterais) e políticas de incentivo ao
capital privado, particularmente no setor financeiro e de mercados de
capitais. A promessa é que a combinação de inflação e salários em queda
(juntamente as outras medidas citadas) irá incentivar os empresários a
investirem, gerando uma nova onda de crescimento econômico no futuro.
Por enquanto, a única parte visível da proposta liberal é o desemprego,
pois as expectativas empresariais e as perspectivas para o investimento
privado seguem em níveis historicamente baixos.
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