O
IGP-DI divulgado nesta quinta-feira pela FGV apresentou redução no
ritmo de alta em relação ao mês anterior, tendo registrado 0,92% em
abril contra elevação de 1,21% em março. Esta queda decorreu em grande
medida de uma desaceleração do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que
compõe 30% do índice total, passando de alta de 1,41% em março para
apenas 0,61% em abril, influenciado pela redução no ritmo de alta dos
preços da energia elétrica (de 22,6% para 0,59%). Já no atacado, o
Índice de Preços ao Produtos Amplo (IPA) apresentou relativa
estabilidade, passando de 1,24% em março para 1,11% em abril. Sua
composição no entanto apresentou profunda mudança, com queda nos preços
dos produtos agropecuários (2,10% para 0,03%), mas aumento no preço dos
produtos industriais (de 0,90% para 1,54%). Com este resultado, o IGP-DI
acumula alta de 3,37% no ano e 3,94% em 12 meses
Comentário: A
tendência de redução da inflação ao consumidor deve começar a ser
captada por todos os índices de preços a partir de meados de 2015,
devido a três fatores: o fim do aumento de preços de tarifas públicas e
impostos, que influenciou profundamente o aumento da inflação no
primeiro semestre do ano; a estabilização recente da taxa de câmbio, com
o fim do repasse das desvalorizações cambiais para o preço dos produtos
importados; por fim, o aumento do desemprego, como apontado hoje pela
PNAD (que registrou desemprego de 7,9% no primeiro trimestre de 2015) em
linha com o já verificado pela PME do IBGE, que deve pressionar para
baixo o salário e a renda das famílias, gerando um clima recessivo onde
aumentos de preços significam perda de mercado para as empresas. Esta
combinação de fatores deve fazer com que, após alcançar um patamar
próximo de 9% em meados do ano, a inflação (IPCA) acumulada em 12 meses
passe a regredir e se estabilizar próximo a 8%, com redução
significativa no início de 2016, devido ao descarte dos índices elevados
de inflação deste início de 2015. O Banco Central mantém a projeção de
que, ao final de 2016, a inflação esteja próxima ao centro da meta,
apesar de o mercado ainda acreditar que a inflação encerrará o ano de
2016 entre 5,5% e 6,4%. O esforço do Banco Central para rebaixar estas
expectativas em 2016 implicará, conforme afirmado hoje na ata do Copom,
novos aumentos da taxa de juros e medidas ainda mais recessivas para a
economia por parte das autoridades monetárias. A cada momento fica mais
claro que o objetivo central das autoridades econômicas é rebaixar os
salários e reduzir o crédito através da produção de uma recessão,
reduzindo assim as pressões inflacionárias e abrindo espaço para uma
nova rodada de acumulação do capital em condições de rentabilidade mais
atraentes para os investidores.
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