Como
resultado da visita das autoridades chinesas ao Brasil, a principal
potência produtiva do mundo firmou 35 acordos bilaterais com nosso país,
dentre eles diversos acordos comerciais (como a reabertura do mercado
chinês aos produtos brasileiros como a carne bovina e a encomenda de 22
jatos da Embraer) e anúncio de um fundo de investimentos para os
próximos anos no montante de US$ 50 bilhões. Este fundo financiará
projetos de infraestrutura no Brasil, além de um fundo bilateral de
“cooperação produtiva” da ordem de R$ 20 bilhões, que terá como foco
central os setores de siderurgia, cimento e vidro. Além dos fundos de
investimento, a visita do primeiro-ministro chinês trouxe boas notícias
para a Petrobras, que firmou acordo de financiamento e investimento com
bancos e investidores chineses da ordem de US$ 10 bilhões. Dentre as
principais obras de infraestrutura anunciadas, destaca-se o projeto de
construção de uma ferrovia que cruze o país de leste a oeste, passando
também pelo Peru e ligando o país ao oceano pacífico. Esta ferrovia, que
terá aproximadamente 4,7 mil quilômetros de extensão, facilitaria o
escoamento da produção brasileira para a China, mas certamente
encontrará grandes dificuldades de execução por cruzar a floresta
amazônica em seu traçado inicialmente planejado.
Comentário: A
China já é hoje o principal parceiro comercial do Brasil, tendo o
comércio bilateral entre os dois países totalizado US$ 80 bilhões em
2014. O objetivo dos acordos comerciais firmados é que esse volume
alcance US$ 100 bilhões nos próximos anos, contando como uma
diversificação da pauta exportadora brasileira para a China, hoje muito
concentrada em commodities. A política externa chinesa é
bastante agressiva e, após algumas experiências de pouco sucesso na
África, a China se volta para a América Latina como novo mercado cativo e
nova fronteira de acumulação de capital, além de fonte garantidora de
matérias-primas. Para isso, procura trazer suas empresas e seu capital
para ser investido nestes países, modernizando sua estrutura e ajudando a
construir pontes para suas empresas mundo afora. Na atual situação
brasileira, onde nenhuma força nacional (pública ou privada) parece
empurrar o país rumo ao crescimento, os acordos bilateriais com a China e
a possibilidade de novos investimentos que se desdobram a partir deles
são a grande esperança para a retomada da estrutura produtiva nacional
no médio prazo. Desde que com regras bem definidas e priorizando a
reconstrução de nossa estrutura produtiva, assim como a modernização de
nossa infraestrutura logística, tais investimentos podem se provar
decisivos para uma eventual retomada de um projeto de desenvolvimento
inclusivo no país, que coadune desenvolvimento social e produtivo num
cenário de reinserção do país no comércio mundial em uma posição de
maior destaque.
Nenhum comentário:
Postar um comentário