POEMA VIII
Você que nasceu
com a marca do grilhão-avô
com olhar insubmisso
dos novos negros que virão
A você meninino-noite
que brinca com fuzis no Congo
esperando os trapos sujos
das instituições internacionais
A você menino-noite
dedico meu poema
Que o grito dos tam-tans
sejam ouvidos
pelas Onus do universo
Que cicatrizes ancestrais
mudem o curso do rio de sangue
que ficou atrás
Meu menino-noite
que todo o leito
que lhe foi negado
sirva de estrume
para os que virão
poder cantar
à noite seus spirituals
Poder bailar altivo
Viver sem muros
sem a paralisia da cor
Menino-noite de todos os universos
seu canto será cantado
seu sonho será sonhado
se u grito será ouvido
seu sangue devolvido
pelos negros que virão
Menino-noite da Africa esquecida
toca seu tambor também
bate seu bater batido
A igualdade nunca virá sem luta
Apressa a pressa
os tempos são mudados
é hora de investir
A tradição apodrece nos convênios
nas assembléias
nas casas de prostituição
Sorri !
Pois sua luta é a nossa
Sua liberdade é o nosso preço
para que as gerações vindouras
de meninos negros
seja apenas mais uma geração
de meninos fortes
que cantam e dançam
sob o mesmo sol.
Myrtha
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