sexta-feira, 10 de abril de 2015

ALERTA - Taxa de desemprego medida pela Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar (PNAD) chega a 7,4%

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta manhã a nova edição da PNAD feita de maneira contínua e mensal. Segundo esta pesquisa, que possui uma metodologia diversa da Pesquisa Emprego e Desemprego mensal do IBGE (por abranger mais cidades e regiões metropolitanas), a taxa de desemprego no Brasil no trimestre encerrado em fevereiro de 2015 foi de 7,4%, superior aos 6,8% registrados no mesmo trimestre de 2014 e aos 6,5% registrados no trimestre imediatamente anterior, encerrado em novembro de 2014. Houve aumento de 14,7% no contingente de pessoas desempregadas (de 6,45 milhões para 7,4 milhões) e redução de 0,4% no total de pessoas ocupadas na comparação com o trimestre imediatamente anterior. A renda média real do trabalhador brasileiro seguiu em elevação, chegando a R$ 1.817, um crescimento de 1,3% em relação ao trimestre anterior e de 1,1% em comparação com o mesmo período de 2014. Ressalta-se que a PNAD utiliza o conceito de trimestre móvel, ou seja, o trimestre é representado pelos últimos três meses da pesquisa, portanto os dados do próximo mês apresentarão nova alteração nos dados trimestrais.


Comentário: O aumento na taxa de desemprego no Brasil é uma das consequências esperadas do período de ajuste pelo qual a economia passa atualmente. Uma das grandes apostas daqueles que acreditam no sucesso do processo de ajuste fiscal como alavanca da economia é o efeito deletério que ele causará no nível de emprego e no salário real, barateando assim a contratação e a produção, o que, na visão destes analistas, ajudaria a retomada do crescimento futuramente. Duas importantes ressalvas devem ser feitas a este raciocínio: diversas evidências apontam para que a redução no custo do trabalho não é uma fonte confiável de aumento de investimentos ou crescimento, vide a imensa desoneração recente na folha de pagamentos que resultou em pouco ou nenhum crescimento econômico; e a redução no ritmo de crescimento do salário e renda dos trabalhadores, para não falar do aspecto de crise social que esta opção representa, deprime o crescimento da demanda, o que funciona como um desincentivo poderoso ao investimento produtivo. Deve-se ressaltar, no entanto, que as taxas atuais de desemprego ainda são historicamente baixas e refletem apenas parcialmente os efeitos do ajuste, tendo maior relação com a queda continuada da produção industrial (apenas no setor automobilístico foram 15 mil demissões no último ano, segundo dados da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e as agruras no setor de construção civil em decorrência da operação Lava-Jato. Dificuldades maiores para o mercado de trabalho ainda estão por vir, quando os efeitos dos cortes de investimento público afetarem ainda mais as construtoras, empresas fornecedoras e os setores coligados. Somando-se a isso, ainda temos o esperado crescimento da População Economicamente Ativa (PEA) devido ao retorno ao mercado de trabalho dos jovens, impelidos a trabalhar para ajudar na sustentação da família devido a eventual perda de emprego de seus pais. Desta forma, é de se esperar que estas taxas historicamente baixas de desemprego não se mantenham assim ao longo do ano, caso o ajuste hoje em prática não tome o devido cuidado de preservar parcela significativa dos investimentos e do pagamento de fornecedores.

* As opiniões aqui expressas são de inteira responsabilidade do seu autor, não representando a visão da FPA ou de seus dirigentes.

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