Mercado de trabalho apresenta nova retração em fevereiro:
O mercado de trabalho no Brasil, após apresentar desaceleração na
criação de vagas ao longo de 2014, inicia o ano de 2015 no negativo, com
saldo de fechamento de postos de trabalho. De acordo com o Cadastro
Geral de Emprego e Desemprego (Caged), o Brasil apresentou um fechamento
liquido (o saldo entre novas vagas e vagas encerradas) de 2,4 mil
postos de trabalho em fevereiro, após já ter apresentado saldo negativo
de 78,3 mil vagas no mês de janeiro. Com este resultado, o volume de
vagas com carteira assinada foi de 41,125 milhões, menor do que o
registrado no ano passado. A composição dos cortes mostra que o setor
que mais demitiu foi o comércio (-30,4 mil postos), e a construção civil
(-25,8 mil), enquanto a indústria apresentou saldo positivo de 2 mil
vagas (27 mil no mês de janeiro) e o setor de serviços 52,3 mil postos
de trabalho, em igual intervalo de comparação. A criação de vagas no
setor industrial está mais concentrado no setor calçadista (5,4 mil),
mas o resultado mostra fechamento de vagas em setores de maior valor
agregado, como mecânica (-1,2 mil) e material de transportes (-4,6 mil),
decorrente da crise no setor automotivo. Fatores como o carnaval e a
baixa atividade econômica são apontados para explicar a queda na geração
de novas vagas nos serviços e indústria, assim como o início das aulas
ajuda a explicar o saldo positivo de vagas no setor de serviços, dada a
contratação de profissionais na área de educação.
Comentário: A
queda na geração de vagas formais é um resultado esperado da redução no
nível de atividade da econômica. Apesar do mercado de trabalho ter
apresentado resistência ao longo de 2014, já era visível a redução no
ritmo de criação de novas vagas, que agora em 2015 deve se traduzir em
uma elevação nas taxas de desemprego e no fechamento líquido de postos
de trabalho. A expectativa de retração econômica para o ano, conjugada
as recorrentes dificuldades no setor industrial (segundo a LCA
consultoria, a expectativa é que 2015 apresente queda de 160 mil vagas,
depois de perder 185 mil vagas em 2014 no cálculo com ajuste sazonal),
devem abalar o mercado de trabalho brasileiro nos próximos meses,
podendo afetar a renda e a confiança do consumidor. Mesmo o setor de
serviços, que apresentava grandes saldos de contratação e mantinha o
desemprego em queda, tem revelado forte desaceleração, com o acumulado
de doze meses de fevereiro de 2014 sendo de 592,3 mil vagas e, agora em
2015, apenas 324,5 mil. A maioria dos especialistas concorda que os
efeitos do ajuste fiscal ainda não se fizeram sentir no mercado de
trabalho, o que na realidade representa uma perspectiva pessimista para
os próximos meses do ano. A esperança reside no fato de que, com a
desvalorização cambial, o impacto da concorrência internacional no
mercado interno diminua, forçando os produtores nacionais a procurar
fornecedores locais e acelerando as contratações em setores ligados as
exportações no médio prazo.
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As opiniões aqui expressas são de inteira responsabilidade do seu
autor, não representando a visão da FPA ou de seus dirigentes. |
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