quinta-feira, 19 de março de 2015

Mercado de trabalho apresenta nova retração em fevereiro

Mercado de trabalho apresenta nova retração em fevereiro: O mercado de trabalho no Brasil, após apresentar desaceleração na criação de vagas ao longo de 2014, inicia o ano de 2015 no negativo, com saldo de fechamento de postos de trabalho. De acordo com o Cadastro Geral de Emprego e Desemprego (Caged), o Brasil apresentou um fechamento liquido (o saldo entre novas vagas e vagas encerradas) de 2,4 mil postos de trabalho em fevereiro, após já ter apresentado saldo negativo de 78,3 mil vagas no mês de janeiro. Com este resultado, o volume de vagas com carteira assinada foi de 41,125 milhões, menor do que o registrado no ano passado. A composição dos cortes mostra que o setor que mais demitiu foi o comércio (-30,4 mil postos), e a construção civil (-25,8 mil), enquanto a indústria apresentou saldo positivo de 2 mil vagas (27 mil no mês de janeiro) e o setor de serviços 52,3 mil postos de trabalho, em igual intervalo de comparação. A criação de vagas no setor industrial está mais concentrado no setor calçadista (5,4 mil), mas o resultado mostra fechamento de vagas em setores de maior valor agregado, como mecânica (-1,2 mil) e material de transportes (-4,6 mil), decorrente da crise no setor automotivo. Fatores como o carnaval e a baixa atividade econômica são apontados para explicar a queda na geração de novas vagas nos serviços e indústria, assim como o início das aulas ajuda a explicar o saldo positivo de vagas no setor de serviços, dada a contratação de profissionais na área de educação.


Comentário: A queda na geração de vagas formais é um resultado esperado da redução no nível de atividade da econômica. Apesar do mercado de trabalho ter apresentado resistência ao longo de 2014, já era visível a redução no ritmo de criação de novas vagas, que agora em 2015 deve se traduzir em uma elevação nas taxas de desemprego e no fechamento líquido de postos de trabalho. A expectativa de retração econômica para o ano, conjugada as recorrentes dificuldades no setor industrial (segundo a LCA consultoria, a expectativa é que 2015 apresente queda de 160 mil vagas, depois de perder 185 mil vagas em 2014 no cálculo com ajuste sazonal), devem abalar o mercado de trabalho brasileiro nos próximos meses, podendo afetar a renda e a confiança do consumidor. Mesmo o setor de serviços, que apresentava grandes saldos de contratação e mantinha o desemprego em queda, tem revelado forte desaceleração, com o acumulado de doze meses de fevereiro de 2014 sendo de 592,3 mil vagas e, agora em 2015, apenas 324,5 mil. A maioria dos especialistas concorda que os efeitos do ajuste fiscal ainda não se fizeram sentir no mercado de trabalho, o que na realidade representa uma perspectiva pessimista para os próximos meses do ano. A esperança reside no fato de que, com a desvalorização cambial, o impacto da concorrência internacional no mercado interno diminua, forçando os produtores nacionais a procurar fornecedores locais e acelerando as contratações em setores ligados as exportações no médio prazo. 

* As opiniões aqui expressas são de inteira responsabilidade do seu autor, não representando a visão da FPA ou de seus dirigentes.



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