Morrermorrer
Estamos corroídos, estamos encardidos
estamos empilhados e só há silêncio.
A culpa do que somos acomodou-se no passado
dos asilos desdentados.
O que querem de nós
Fizeram a bom, arrumaram exércitos
escreveram nos muros
ligaram a corrente elétrica
puseram arame farpados
procriaram bactérias, criaram germes
negaram o futuro.
Esta geração precisa ser muito forte
para guardar a bomba e não procriar bestas
Esta é a geração da certeza, a que não pode errar
A geração do silêncio porque falar é perigoso
demais perigoso.
Esta é a geração do muro
dos fios elétricos, do inevitável
precisando construir um mundo
Os ingênuos dirão
que há sempre uma esperança,
mas o que há é o cinismo da bomba
o que há é o furo do muro
o que há é a não herança
a bomba é a única verdade
que sai dos alto-falantes.
Nas galerias as bailarinas de Degas
quebraram as pernas finas.
O que há é a angústia de Van Gogh
e as mãos de Portinari
Nós
jograis sem alaúde
ficamos entre o riso rido
e o choro chorado
com cara de quem tirou zero
em humanidade
Myrtha em 1972
terça-feira, 24 de março de 2015
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