No último dia 17 de março, ocorreram eleições antecipadas em Israel, convocadas pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu após a decisão do governo israelense de mudar a constituição para fazer de Israel um “Estado judeu”, o que provocou a renúncia de dois ministros. Esta mudança significaria que Israel passaria a ser classificado como Estado-nação do povo judeu, a língua árabe perderia o status de língua oficial do país, poderiam ser construídos cidades e povoados exclusivos para judeus e a lei religiosa judaica serviria de inspiração para decisões judiciais.
No final da campanha, a coligação União Sionista, de centro-esquerda, aparecia com a maioria das intenções de voto, mas os resultados finais indicaram que os eleitores escolheram o Likud, que conseguiu 29 cadeiras no Knesset (parlamento israelense). Netanyahu vai, assim, para seu terceiro mandato consecutivo e o quarto em sua carreira política. Espera-se que o novo governo seja formado exclusivamente por uma coalizão de forças de direita, extrema-direita e ortodoxas.
A grande novidade desta eleição foi a Lista Conjunta, união entre o esquerdista Hadash e os três partidos árabes (Balad, Lista Unida, Movimento para a Renovação). Esta união foi uma resposta à mudança na legislação eleitoral que elevou a cláusula de barreira de 2% para 3,5% (este novo número significa obter quatro assentos no Knesset), que traria sérios riscos à representação árabe-israelense, cujos partidos teriam dificuldade para atingir esse número concorrendo individualmente. Como resultado, esta coligação será a terceira força parlamentar com 14 cadeiras, ante as 11 que os partidos individuais tinham anteriormente, quando concorriam separados. No entanto, se antes os prognósticos indicavam que eles poderiam ser uma força de apoio a um possível governo de centro-esquerda, mesmo tendo deixado claro que não fariam parte de uma coalizão, agora seu papel será limitado ao de uma “voz crítica” nesta nova legislatura.
Um fato de destaque nestas eleições foi o discurso de Netanyahu no Congresso estadunidense. Este episódio produziu ainda mais ruído entre o governo Obama e este novo governo israelense, pois foi feito a convite da bancada republicana no Congresso e sem o aval da presidência, que até mesmo fez um pedido direto para que o discurso não fosse realizado.
Um outro ponto de divergência entre a Casa Branca e Netanyahu foi a declaração deste, antes das eleições, de que caso vencesse não iria mais discutir a questão dos dois Estados. Porém, ante uma reação de Washington afirmando que poderia rever sua política em relação a Israel, voltou atrás e amenizou seu discurso.
Mesmo assim, as relações entre EUA e Israel são ainda muito próximas para que sofram qualquer mudança substancial.
Para ler mais:
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quinta-feira, 26 de março de 2015
Eleições israelenses
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