Juventude: aumenta acesso à educação na América Latina, mas desafios permanecem
O capítulo “Juventud: áreas críticas de la agenda para el desarrollo con igualdad”, do último relatório da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), chamado Panorama Social de América Latina,
mostra uma evolução considerável na região da porcentagem de jovens que
tem acesso à educação, conforme o gráfico abaixo: de 1990 a 2012
aumentou em 6.6 pontos percentuais (p.p.) a proporção de jovens de 25 a
29 anos que concluíram o ensino superior na região e no mesmo intervalo
de tempo subiu 33,5 p.p. a proporção de jovens de 15 a 19 anos que
concluíram a educação primária. Os avanços se aceleram, no entanto de
2002 a 2012, como mostra o gráfico.
América
Latina (18 países): evolução da proporção de jovens de 15 a 29 anos que
concluíram a educação primária, secundária e terciária, segundo grupo
etário, 1990, 2002 e 2012 (em %)
No entanto, o estudo mostra ainda três grandes desafios para a região quanto aos jovens:
-
os “nem nem”: aproximadamente 30 milhões de jovens entre 15 e 29 anos
de 18 países da América Latina (22% do total da população dessa faixa
etária) se encontravam fora do sistema educativo formal e não estavam
empregados, os chamados “nem nem”. No entanto, dos jovens “nem nem” de
15 a 29 anos na América Latina, 55% se dedicam a trabalhos domésticos e
cuidados não remunerados e 70% dos que se declaram nessa última
categoria são mulheres, o que mostra que parte importante das mulheres
jovens na América Latina está dedicada a cuidar de outros e realizar
trabalhos domésticos sem remuneração.
- a taxa de desemprego diferenciada: o estudo também mostra que a taxa
de desemprego da população de 15 a 24 anos na América Latina é muito
superior à da população em geral (com mais de 15 anos). Para dados de
2012, a taxa geral de desemprego no Brasil era de 6,7%, enquanto para os
jovens era de 15,9%.
-
a violência: sete dos 14 países mais violentos do mundo estão na
região: Belize, Colômbia, El Salvador, Guatemala, Honduras, Jamaica e
Venezuela; e enquanto os índices sociais melhoram, os índices de
violência têm aumentado na região, sobretudo a faceta da violência que
afeta a juventude. Nos últimos anos, enquanto tem caído a taxa de
mortalidade por violência interpessoal entre a população de 30 a 59 anos
de idade, ela tem aumentado entre a população de 15 a 29 anos, bem como
o patamar das taxas que atingem esse grupo mais jovem é bem mais alto
que as taxas dos grupos de mais idade.
O
Brasil tem bastante peso para influenciar os resultados gerais da
América Latina e o Caribe e os desafios apontados em nível regional
podem ser traduzidos em nível nacional. Também é um avanço brasileiro
significativo o acesso dos jovens à educação, como é um desafio
brasileiro responder à questão do desemprego e dos “nem nem” e da
violência que atinge especialmente jovens e, mais especificamente,
jovens negros no Brasil.
Análise: Ana Luíza Matos de Oliveira, economista
As opiniões aqui expressas são de inteira responsabilidade da sua autora,
não representando a visão da FPA ou de seus dirigentes.
FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO
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