Texto
 para discussão publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada 
(IPEA) explora a redução da desigualdade socioeconômica após 2004. 
Segundo o estudo, a partir de 2004, as famílias, em especial as de baixa
 renda, foram amplamente beneficiadas pelo aumento da renda total 
fomentado pela geração de empregos formais, pelo incremento dos níveis 
de renda individual induzido pelas políticas públicas de salário mínimo,
 de proteção social e de transferência de renda. Ainda, foram 
importantes para a ampliação do poder de compra das famílias: a dinâmica
 da inflação na década de 2000 (que tendeu a um patamar ao redor de 5% 
entre 2004 e 2011, permitindo a preservação do poder de compra dos 
rendimentos do trabalho e das políticas públicas), a valorização cambial
 e barateamento da importação de equipamentos domésticos e de vestuário,
 o comportamento razoavelmente favorável dos preços dos alimentos, e o 
aumento do acesso ao crédito no período. Assim, a queda da desigualdade 
econômica ocorreu em um ambiente macroeconômico mais consistente. 
               
              Segundo o estudo, os níveis de rendimentos dos 10% de 
famílias de maior renda evoluiu abaixo do crescimento do Produto Interno
 Bruto (PIB) durante o período 2001-2011 e o rendimento dos 50% de 
famílias de menor renda apresentou ganhos mais expressivos que os 
observados para o PIB, enquanto o nível de rendimento médio acompanhou o
 incremento do produto. O estudo mostra que a queda da desigualdade 
esteve associada à expansão do consumo das famílias, que, desde 2004, 
têm se mantido em um patamar ao redor de 60% do PIB. Acrescida a parcela
 do consumo público, o consumo tem garantido 80% do PIB, tendo o 
investimento uma trajetória instável e insuficiente em igual intervalo 
de comparação. Assim, se a desigualdade de rendimentos caiu, a redução 
do diferencial de acesso dos diversos estratos da população a bens 
públicos (que dependem de investimentos), como educação, saúde, água e 
saneamento, proteção trabalhista e social, habitação, mobilidade urbana,
 entre outros, foi lenta, exceto quanto ao ingresso na educação básica. 
O
 estudo mostra a importância do mercado de trabalho para a redução da 
desigualdade de renda corrente, e aponta que avanços mais expressivos na
 redução da desigualdade social dependerão da capacidade de o país 
estabelecer uma dinâmica sustentada e distributiva do investimento. É 
grande a expectativa quanto à continuidade da queda da desigualdade em 
todas as suas formas, em especial à desigualdade no acesso a renda e a 
direitos. 
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