quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

IPCA-15 acelera em fevereiro e registra alta de 1,33%

O IBGE divulgou nesta manhã o IPCA-15, índice de inflação que possuiu a mesma ponderação que o IPCA mas é colhido nos dias 15 de cada mês, servindo portanto como uma prévia do índice oficial. Na leitura de fevereiro, houve alta de 1,33%, contra elevação de 0,89% na tomada anterior, ficando em linha com as expectativas dos analistas de mercado. O resultado de fevereiro refletiu elevação de preço em vários grupos de produtos, com destaque para educação (de 0,30% para 5,98%), habitação (de 1,23% para 2,17%) e transportes (de 0,75% para 1,98%). Por outro lado, já há sinais de queda de preços em alimentação e bebidas (de 1,45% para 0,85%) e vestuário (0,51% para -0,89%). Com o resultado de fevereiro, o IPCA-15 já acumula alta de 2,23% no ano e 7,36% em 12 meses, maior taxa registrada desde junho de 2005.

 Comentário: O efeito do choque inflacionário promovido pelas autoridades econômicas aparece antes do efeito do choque recessivo, como é possível se verificar nos índices de inflação de janeiro e fevereiro. O aumento das tarifas de energia elétrica, tarifas de transporte público e gasolina, assim como a elevação de alguns impostos com o objetivo de recompor a arrecadação federal são os principais, mas não únicos, motivos por trás dos aumentos acentuados de preços neste início de ano. Fatores como a persistência do quadro de crise hídrica, a indexação de alguns preços (como os valores das mensalidades escolares e dos aluguéis), e a desvalorização cambial ajudam a explicar a manutenção dos preços em patamares elevados. A tendência para os próximos meses, no entanto, é que esses choques iniciais de preço se diluam e, com as medidas restritivas adotadas pelo governo na política monetária e fiscal, os impactos secundários desse choque (no conjunto de preços da economia) não sejam fortes e/ou prolongados. O ritmo em que os preços irão se reduzir, no entanto, depende tanto do impacto das medidas recessivas, quanto do grau de indexação assumido pela economia com taxas de inflação em alta. As previsões dos analistas de mercado são a de que encerraremos 2015 acima do limite máximo da meta de inflação, cenário este sempre sujeito a alterações a depender da reação da economia aos ajustes promovidos.
 

Análise: Guilherme Mello, economista

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