Aumento de impostos deve somar R$ 20 bilhões aos cofres públicos em 2015: As
quatro medidas de aumento de impostos anunciadas na desta
segunda-feira, 19, pelo ministro da fazenda Joaquim Levy, devem elevar
em aproximadamente R$20 bilhões as receitas públicas apenas no ano de
2015. As medidas anunciadas foram o aumento de 1,5% para 3% no IOF sobre
operações de crédito para pessoa física, a elevação da PIS/Cofins sobre
a gasolina, diesel e produtos importados, o retorno da CIDE (imposto
sobre os combustíveis) e a equalização do Imposto sobre Produto
Industrializado (IPI) sobre cosméticos vendidos no atacado em relação
aquele cobrado sobre produtores. Tais medidas, somadas aos R$ 18 bilhões
dos cortes de gastos com benefícios sociais que tiveram suas regras
ajustadas e aos R$ 5 bilhões de aumento de arrecadação com o retorno da
cobrança de IPI sobre automóveis deve garantir um aumento da ordem de
0,7% do PIB no superávit primário. Este resultado, uma vez somado aos
cortes de gastos correntes e investimentos já desenhados, deve ser
(segundo cálculos do governo) suficiente para alcançar a meta de
economia de 1,2% do PIB estabelecida pelo governo para o ano de 2015.
Comentário: O
conjunto de medidas adotadas pelo governo neste início do segundo
mandato da presidenta Dilma indicam uma clara inflexão na estratégia da
política econômica. Com um primeiro mandato marcado pela adoção de uma
agenda de incentivo à competitividade das empresas, com medidas como
desonerações tributárias (mesmo que em prejuízo do financiamento da
seguridade social), desvalorização cambial, redução dos juros e do custo
de energia elétrica, Dilma havia adotado parcialmente a estratégia
defendida por grandes empresários brasileiros, expressa em documentos da
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e da
Confederação Nacional da Indústria (CNI). A incapacidade desta
estratégia de gerar um ciclo sustentado de investimento no país, seja em
decorrência da crise internacional, seja por limitações estruturais da
economia brasileira (decorrentes de décadas de valorização cambial que
enfraqueceram nossas cadeias industriais), levou o governo a
abandoná-la, adotando agora uma estratégia bastante conservadora e
ortodoxa na política econômica. A promessa é de que uma vez que os
empresários acreditem na solidez desta nova estratégia adotada pelo
governo, sua confiança irá se elevar e os investimentos privados
voltarão a fluir, recompondo as perdas de curto prazo do ajuste
recessivo e aumentando o emprego e a renda no longo prazo. O problema é
que, diante da continuidade de um mundo em crise e da desaceleração
abrupta do mercado interno (último motor de crescimento da economia
nacional que ainda funcionava), a possibilidade destes ajustes
aprofundarem as tendências recessivas da economia nacional não é
desprezível. Caso este cenário pessimista se confirme, mesmo os aumentos
das alíquotas dos impostos serão insuficientes para ajustar as contas
públicas, tendo em vista que a arrecadação tributária será muito
inferior à esperada.
Análise: Guilherme Mello, Economista
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terça-feira, 20 de janeiro de 2015
Boletim Diário de Conjuntura - Aumento de impostos deve somar R$ 20 bilhões aos cofres públicos em 2015
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F Perseu Abramo
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