Como ultima postagem do ano, publicamos estes versos de Carlos André*
que chegou até nós pelos queridos amigos da Cotovia (Porto, Portugal)
Natal 2014
A noite na Nigéria é de Natal?
Na Síria? Na Ucrânia? No Iraque?
Natal, onde o presépio está a saque
e um clarão que brilha é fatal?
E na Guiné a música é qual?
E na Libéria qual o seu sotaque?
Por peste, por cilada, por ataque,
Dezembro pode ser o mês final.
Nascer, vai nascer, em qualquer canto,
na mansão, no palácio, no casebre,
no riso dos salões e até no pranto
do corpo na barraca a arder em febre.
Nascer, vai nascer, por seu quebranto,
em Belém, por que o fado não se quebre.
Carlos André*
*Carlos Ascenso André é professor de línguas e literaturas clássicas da Faculdade de Letras de Coimbra, onde se doutorou, em 1990, e da qual foi director. Tem-se dedicado, particularmente, ao estudo da Literatura Latina, tanto da época Clássica (Cícero, Virgílio, Ovídio, Séneca), como do Renascimento, e, ainda, aos estudos camonianos. Entre os temas que lhe têm merecido particular atenção, destacam-se a literatura e o exílio, por um lado (Mal de ausência: o sentimento do exílio na lírica do humanismo português é um dos seus títulos), e a poética do amor, por outro (que resultou na publicação do ensaio Caminhos do amor em Roma). A tradução dos Amores (Ovídio) continua o projecto de dar a conhecer, em português, a poesia ovidiana, iniciado com a Arte de amar.
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